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Mostrando postagens de fevereiro, 2023

Pedro Páramo

Este post precisa começar com uma história que remonta a leitura deste livro. Quando eu era aluna da ESPM, um professor muito querido e competente, de uma “disciplina chamada Arte e Estética”, nos falou em uma aula sobre a “estética” latino-americana. Lembro-me que com seu projetor de slides nos mostrou fotos de fotógrafos famosos, em que apareciam túmulos, pessoas fazendo piquenique neles, consumindo docinhos em forma de caveira. Também tinha fotos de outra comemoração na qual as pessoas se autoflagelavam como se fossem Jesus Cristo. Não preciso nem dizer que estas fotos eram do México, e o professor nos falava que a estética latino-americana estava muito focada no “culto” a morte e a pobreza. É claro que aquelas fotos nos causaram estranheza, porque o Brasil, único pais de língua portuguesa a fazer parte da América latina, tinha e tem um foco muito diferente. Graciliano Ramos, por exemplo, retrata a extrema pobreza, mas não a cultua em seu texto. Na época meu contato com escrit

Purple não é dark blue

Não há uma maneira de descrever uma cor. Josef Albers uma vez proclamou que se você dissesse 'vermelho' para 50 pessoas diferentes, haveria 50 versões diferentes da cor na mente de cada pessoa. Os nomes das cores evoluíram para fazer distinções específicas entre elas, mas mesmo assim pode acontecer muita confusão. Muitas vezes o que é  roxo pode ser chamado de azul por alguém. Eu me lembro que estava dando uma aula de inglês para uma turma de segundo ano, e eles estavam em uma atividade particularmente divertida na qual eu dizia a cor e eles mostravam o lápis de cor correspondente. Em um determinado momento pedi aos alunos que mostrassem o “ dark blue ” e um dos alunos levantou um lápis roxo. Como professora, paciente questionei e pedi que ele traduzisse a palavra, na qual prontamente me falou “azul escuro”. - Mas este lápis é purple ! - Não teacher , está escrito aqui dark blue . E sim, era verdade. Feliz por ele conseguir ler e absolutamente perplexa diante do dil

A literatura existe porque uma única vida não basta

          Finalizei minha trilogia Literatura & Champanhe com a publicação do livro O Diário do Dragão em 2014. Foi uma longa jornada que se iniciou em 2011, em uma longínqua segunda feira de fevereiro (dia 14) dentro da livraria Cultura que existia no Shopping Bourbon de São Paulo. Eu encontrava meus amigos Fábio e Alberto todas as segundas para treinarmos o nosso inglês falando de livros, notícias da semana e os assuntos mais variados. Bons tempos que deixaram saudades. Naquele dia eu tinha chegado muito cedo, e meio sem saber o que fazer  comprei um caderninho e sentei-me no café que tinha lá dentro. Em poucos segundos a história veio, como se estivesse me esperando por muito tempo, e preenchi páginas e páginas do que seria o inicio de uma trilogia que levaria três anos para ficar pronta. Escrever é um ato de amor. É um compartilhar íntimo, porque de certa forma os personagens fazem parte do escritor, ou pelo menos gostam o suficiente dele (do escritor) para se comunicar.

10 livros para presentear no Valentine’s Day

Hoje é o Valentine’s Day na maior parte dos países do mundo. Ao contrário do que muita gente pensa a data não representa somente o amor romântico, mas é também o amor de amigos e da família. Nestes países é muito comum que as pessoas se presenteiem nesta data. Nas escolas, os alunos trocam cartões e bombons. Nas famílias, filhos presenteiam seus pais. E, é claro, a data é perfeita para os namorados. Eventos como jantares, bailes etc. pipocam por todos os lugares, fazendo não só a alegria dos comerciantes, mas também transformando as cidades no paraíso dos corações. Aqui no Brasil não temos uma data parecida. Nosso dia dos namorados é focado apenas no amor romântico, na necessidade de arranjar marido ou esposa para ter uma vida “normal”. O que é uma pena. Como professora de inglês durante quase 10 anos, fui aprendendo muito sobre a cultura e também sobre a forma como esses povos, especialmente os americanos e os ingleses se relacionam com a vida. Compartilhar com o próximo, demo

O Poder da Gentileza

          Querido Leitor, Tenho pensado muito na gentileza ultimamente, no poder que ela tem em ajudar as pessoas a terem um dia mais feliz e fortalecer suas vidas. Não sei ao certo se o pensamento surgiu porque tenho visto tão pouca generosidade, tão pouca tolerância que me espanto quando observo uma ação gentil. O conceito de gentileza também é muito simples. Pergunte para qualquer pessoa e a resposta quase sempre será: - É ser gentil! E, o que é ser gentil? Para Freud, o conceito de gentileza está ligado a dimensão do prazer social, ou seja, o convívio com outras pessoas pode gerar prazer e satisfação. Segundo ele, a gentileza pode ser compreendida como uma forma deste convívio. No século XX, por uma questão de educação formal, dada dentro das casas, escolas e templos, as pessoas agiam de forma gentil com as outras. Não era algo espontâneo, mas uma ação treinada desde a mais tenra infância. A partir dos anos 60, com as profundas mudanças sociais e de valores (boa parte

O Segredo da Livraria de Paris

       Estou lendo uma sequência de livros sobre bibliotecas e livrarias, interrompida apenas pela leitura do livro do Juan Rulfo que comentarei na semana que vem. E neste quesito livrarias, O Segredo da Livraria de Paris foi uma boa surpresa. As guerras, especialmente a 2º Guerra Mundial deixou como lembrança, além da quantidade de mortos e a barbárie, segredos de famílias carregados como fardos durante uma existência. Lily Graham aproveita esta temática em seu livro O Segredo da Livraria de Paris . Na trama, muito bem construída, Valerie é francesa, mas viveu sua vida em Londres, pois foi levada para lá quando criança por uma tia. A história se inicia com Valerie retornando para a França para trabalhar na livraria do avô Vincent Dupont, um velho rabugento e cheio de manias. Ela está disfarçada, porque quer descobrir seu passado, o porque de ter sido separada de sua família. Aos poucos você percebe que a relação entre ela e Vincent vai melhorando, e na mesma medida, Valerie vai

Saia da Zona de Conforto

        Caro leitor e leitora ,   Um amigo me disse que eu tenho apresentado desafios nas minhas postagens do Sexta de Prosa. Refleti sobre isso e a reflexão gerou esta nova postagem. A vida de quem escreve é recheada de desafios. A página em branco que amedronta; o compartilhar e com isso as críticas que fatalmente vem quando um texto é socializado; o trabalho incessante sem que isso signifique reconhecimento financeiro, e a lista segue em uma nota crescente. No entanto, como seres humanos, a vida nos traz desafios no cotidiano, nos traz diversidade e com ela vem, dentre outras coisas, a inspiração. Sabe aquela história de “sai para tomar um café e voltei com uma inspiração?” Pois é, vida de escritor é assim, e por conta disso não podemos nos trancar a sete chaves achando que escreveremos algo como Guerra e Paz sem contato com o mundo, sem a abertura para o novo e a diversidade, e principalmente, sem preconceitos. Já tem algum tempo que eu acompanho nas redes sociais o Leo

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