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Mostrando postagens de julho, 2022

As Musas vão te dar “bolo”

Quem ama cinema já viu dois filmes icônicos falando sobre as musas, deusas gregas que inspiram a arte, Xanadú(1980) e Quando os Deuses Amam (1947). Em ambos os filmes uma das musas desce a terra para ajudar um artista sem inspiração. Em Xanadú , ela inspira um pintor a abrir uma boate-disco e em Quando os Deuses Amam , com a diva Rita Hayworth, ela impede um musical do fracasso. É claro que rola uma paixão. É obvio que Zeus fica irado. E, sem dúvida, no final a separação é inevitável. Em criação de texto é assim também.   Você não pode e não deve depender de “musas” para fazer seu trabalho. Porque elas não virão se você não trabalhar duro. E, caso ela venha, você vai se apaixonar por ela e perderá totalmente a noção do distanciamento necessário após criar um texto, seja ele um livro, uma resenha, uma publicação para o blog ou para o seu trabalho. Escrever é prática, que deve ser diária e incansável. 99% do que você escrever não verá a luz do dia, irá direto para a lixeira. Bem,

Luzes da Itália

Autor: Paula Brandão Tradução: Regyna Lyra Ano: 2019 Editora: Chiado Books Gênero: Literatura Brasileira Páginas: 222 Avaliação Prosa Mágica: 3 estrelas   Começo a falar deste livro com um desabafo: Onde está a ficha catalográfica? Fichas catalográficas são preciosidades, da qual podemos tirar informações importantes quando elas não estão claras no próprio livro ou no site do livro. E aqui estou eu, tentando descobrir se “Luzes da Itália” é uma história real, ou seja, um diário de viagem ou uma ficção. O livro de Paulo Brandão faz parte de uma coleção chamada “viagens na ficção”, da qual deduzo, sem nenhuma imaginação que se trata de uma obra de ficção, no entanto este nome sugere outras coisas. Descobri o livro ao acaso em uma livraria. Fiquei curiosa não só pelo título, mas porque nunca tinha lido nada desta editora, então, ele acabou passando na frente de diversas outras leituras. O personagem, que eu chamei de Paula durante a leitura, pois seu nome nu

Relatos Pessoais, Diários e Vacas.

Domingo passado fui ao bairro da Liberdade. Não ia lá desde janeiro de 2020. O céu azul e limpo e o ar aquecido sem estar tórrido, contribuía para uma aventura. Como sempre, o bairro estava lotado de pessoas ávidas por uma boa comida ou por perambular pelas lojinhas com tudo quanto é tipo de produtos. O carro foi para o estacionamento e assim que coloquei os meus pés na praça senti-me – literalmente – como aqueles animais fofos que ficam confinados por longo tempo, por conta do inverno, e quando as porteiras são abertas eles saem “dançando” de tanta alegria (Li sobre este fato no livro O Segredo da Dinamarca e a imagem nunca me saiu da cabeça). Difícil descrever a sensação. Coração batendo forte, a adrenalina crescendo exponencialmente no corpo e uma vontade enorme de correr para todos os lugares ao mesmo tempo, tentando apagar todo o período que fiquei distante. Como se isso fosse possível.   Começo a Sexta de Prosa hoje com um relato pessoal, no qual descrevo um momento ver

Um hotel na esquina do tempo

Autor: Jamie Ford Tradução: Regyna Lyra Ano: 2012 Editora: Agir Gênero: Romance americano Páginas: 368 Avaliação Prosa Mágica: 5 estrelas   Um dos melhores livros que li em toda a minha vida de leitora. Sensível, humano, avassalador. Henry e Keyko me acompanharão pelo resto de minha existência. O livro fala sobre o amor, sobre a amizade e acima de tudo sobre a lealdade. Durante a 2º Guerra, os cidadãos de origem japonesa eram tidos como inimigos e tratados com desdém. Nos Estados Unidos não foi diferente. O livro conta a vida do descendente de chinês – Harry, que após ser enviado para uma escola de brancos encontra Keyko, uma doce descendente de japoneses. Entre eles surge uma amizade inusitada, que o tempo transformará em amor. Mas eram tempos de guerra, Keyko e sua família são obrigados a largar a casa deles e se mudar para “campos prisões” de japoneses. Henry se desespera, e faz de tudo para visitá-la. Eles se correspondem por muito tempo, apesar do ó

Atitudes Libertadoras

Na semana passada almocei com um grande amigo. Uma pessoa incrível com a qual compartilho minha vida desde 1983. Entre uma conversa e outra, cujos assuntos variavam do dia a dia a questionamentos psicológicos, o amigo me pergunta algo inusitado: - Você já mandou alguém para aquele lugar? - Em público? – questiono. - Sim, em público. Respondo com um misto de vergonha e de triunfo, afinal o amigo me conhece muito bem. - Sim, uma única vez. E ele questiona sem piscar: - Foi libertador? Fico pensando em quanto é libertador você cortar amarras, fugir do comum, das regras que embotam nossa criatividade. Lembrei-me de um professor genial, que nos orientou em caso de bloqueio da criatividade, pegue uma folha de papel e escreva os dez palavrões mais cabeludos que conhece. Ao final você estará renovado e pronto para criar. A folha de papel comprometedora pode ir ao lixo diretamente ou se você for mais precavido, uma picotadeira ou fogo pode ser a solução. Sabe que funciona!

O Gato que amava livros

Para você compreender realmente “O Gato que amava livros” , você precisa gostar e conhecer um pouco da cultura japonesa. Não estou falando que é impossível gostar do livro de outra forma, mas com um mergulho na cultura do país, o livro de Sosuke Natsukawa fica mais saboroso. Li muitas bobagens em resenhas internacionais, opiniões que demonstram o total desconhecimento de uma cultura milenar, talvez por isso tomei a decisão de começar a falar sobre cultura antes de tudo. Se você é leitor de Murakami, Ishiguro e outros grandes autores japoneses, não é isso que você vai encontrar em “O Gato que amava livros” , ao mesmo tempo é o que você verá. Calma que explico. A cultura japonesa é muito rica em metáforas, profunda em filosofia e grandiosa em resiliência. Os jovens respeitam os mais velhos, independentemente da idade que tenham. Tem uma cena muito forte na série da Netflix “Samurai Gourmet” (Falarei sobre ela em outro momento) em que um Chef em seus 40 ou 50 anos maltrata um casal jovem

“O Brasil tem mais escritores que leitores”

Com esta frase bombástica, dita meio que ao acaso no meio a outro assunto, Liliam Cardoso , especialista em marketing literário, professora de cursos para escritores e diretora da LC (Agência de divulgação de escritores) nos leva a um questionamento necessário:  - Escrevo porque realmente amo escrever ou porque estou indo na modinha? Digo isso porque depois da publicação de Crepúsculo parece que começou a chover pessoas querendo escrever livros. Eram vampiros de tudo quanto é gênero e tipo. O assunto se esgotou, mas a quantidade de escritores continuou a crescer. Se isso é bom ou ruim, não saberia responder. Repito o questionamento, porque já fiz este tipo de pergunta muitas vezes a mim mesma. Quem já me conhece sabe que escrevo ficção, tenho quatro livros publicados pelo Clube de Autores, três deles são uma trilogia que ousei colocar no mercado como escritora iniciante. No meu caso a resposta é SIM, escrevo porque amo fazer isso. Foi uma escolha profissional, pois antes do prim

Morte no Internato

  Autor: Lucinda Riley Tradução: Simone Reisner Ano: 2022 Editora: Arqueiro Gênero: Ficção Irlandesa Páginas: 384 Avaliação Prosa Mágica: 5 estrelas Começo este texto com muita tristeza por não ter mais entre nós esta autora tão incrível, que nos presenteou ao longo de sua vida com histórias cativantes que nos envolviam até o último fio de cabelo, muitas vezes nos levando a uma ressaca de livros que durava tempos. Durante este período nada parecia bom, era como ser tivéssemos perdido pessoas reais e, no entanto, eram personagens que saíram da cabeça genial da autora. Lucinda Riley também era uma pessoa incrível. Nas poucas vezes que ela esteve no Brasil se mostrava gentil e super atenciosa com o público. Eu me lembro que no lançamento do livro As Sete Irmãs, aqui em São Paulo, ela promoveu um bate papo muito gostoso com o público e quando chegou a minha vez de pegar os autógrafos, ela se lembrou espontaneamente dos contatos que tínhamos através das redes sociais

Porque parei de escrever aqui e outras histórias.

Tenho arrastado Prosa Mágica nos últimos anos, não porque tenha deixado de gostar de escrever e ler, mas porque não conseguia mais escrever, estava sofrendo de um branco total criativo. Li muito neste período, de todos os gêneros e autores. Boa parte deles ficou registrada em um caderno de leitura, às vezes com uma inspiração gigante, outras apenas como se tivesse riscando tarefas de uma lista (To do list). Não foi só isso. Durante a pandemia, em 2020, quando muita gente começou a escrever na internet, a ter mais tempo para tudo. Eu precisei mergulhar em uma quantidade insana de trabalho. Na época trabalhava como professora de inglês, e precisei de uma hora para a outra virar show-woman, especialista em internet, roteirista e ainda substituir uma professora que tinha acabado de entrar em licença. Dar aulas de casa não é algo fácil, precisa de muito trabalho de suporte, de planejamento, no mínimo o dobro da sala de aula presencial. Fora isso, durante a aula, você competia com a tele

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