Pular para o conteúdo principal

Miss USA e a preconceito contra a mulher

Jane Austen, Simone de Beauvoir, Marie Curie, J.K.Rowling....uma lista infindável de mulheres sofreram preconceitos de diversas formas, cada uma em sua época. Agora surge na imprensa um caso gritante de desrespeito ao ser humano.

A libanesa naturalizada americana Rima Fakih venceu o concurso de miss Estados Unidos, mas não venceu o preconceito que impera em território teoricamente liberal. No dia seguinte a sua vitória, a imprensa a descrevia como terrorista e prostituta.
As descrições se devem ao fato de sua família, lá no Libano, ter membros do Hezbollah e, que teoricamente, o comportamento dela não corresponde a imagem da mulher Libanesa.
Em primeiro lugar ter em sua família um bandido, não significa que toda os membros sejam bandidos. Falta também conhecimento da cultura do país aos que escreveram pilhas e pilhas de matérias contra a miss.
O Libano não é o Afeganistão, nem outros países cuja lei proibe as mulheres de terem os direitos mais naturais de ser humano que é existir e ter liberdade. Lá, pelo menos, as mulheres não são obrigadas pelo governo a andar de burca. É obvio que elas sofrem as pressões de suas famílias, mas pelo menos se quiserem ser algo diferente, serão.
Também não cabe uma campanha anti-americana, como alguns países tupiniquins e pessoas sem conhecimento cultural ou com interesses políticos costumam fazer. O problema aqui, em primeiro lugar não é político, mas sim humano.
A mulher sempre foi massacrada durante toda a história da humanidade. Na idade média eram queimadas em fogueiras por serem consideradas bruxas; anos depois eram confinadas em seus lares, como donas de casa e mães obrigatórias, sem direito a opinião, liberdade...apenas com obrigações a serem cumpridas sob pena de serem chamadas de libertinas e perigosas para a sociedade. Veio o desquite e mulher nestas condições não eram chamadas para festas, reuniões, pois teoricamente poderiam “roubar” o marido das outras.
Hoje, milênios depois, a mulher ainda sofre preconceito. Em países radicais é obrigada a se cobrir com burcas e véus pois não pode mostrar o rosto (talvez seja considerado indecente demais ser mulher, sei lá!!!); em outros elas têm que optar entre a carreira e a maternidade, pois não é dado condições para que ela mantenha os dois; em outros, apesar das leis (muito bonitas no papel), como é o caso do Brasil, elas ganham menos que seus equivalentes do sexo masculino; são preteridas na hora da vaga de emprego porque podem engravidar e, se têm filhos pequenos, também são deixadas de lado por que têm o direito de socorrer os filhos em caso de doença sem que seu dia seja descontado.
As famílias ainda insistem em educar diferentemente meninos e meninas. O garoto pode sair de casa e voltar tarde, mas se a menina fizer o mesmo será considerada candidata a devassidão. Enquanto não houver mudanças na educação familiar as mulheres continuarão a ser tratadas como seres inferiores, mesmo que disfaçadamente.
Então, o que poderíamos esperar de sociedades como essas? De pessoas que ainda usam o jargão de “loira burra”, “coisa de mulher”, “mulher é barbeira”, “...só serve para o tanque”, etc, etc, etc.
O preconceito contra a miss USA não é um caso diplomático, como estarão querendo tranformar a questão, mas um problema sociológico e cultural que subverte valores para manter a mulher no lugar que eles desejam – dominada, burra e refem da religião, da patrulha política e do sexo controlado.
Não é uma questão de feminismo, mas de justiça, respeito. Ainda teremos que evoluir muito para a mulher tratada com a devida consideração e casos como o de Rima Fakih não ocorra mais. E por que não lembrar, no Brasil a coisa anda tão absurda que até uma cerveja foi batizada de Devassa com a imagem de uma mulher.
Aonde vamos parar?

Comentários

As mais vistas

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, assim como o brilhante Robert Langdon, a sua opinião vai se transformando lentamente, e passa de pura revolta a admiração. É genial a manipulação que Dan Brown consegue fazer c

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza que são apresentadas. É um livro em camadas, que pode ser avaliado sobre vários aspectos que se complementam. Pandora, por exemplo, é o

O Símbolo Perdido

Autor: Dan Brown Tradutor:   Fernanda Abreu Editora: Sextante Ano de Lançamento:  2009 Número de páginas:  490 Avaliação do Prosa Mágica: 10 Uau!! Cheguei ao fim com a impressão de ter ficado sem respirar por todas as páginas. O ano mal começou e já tenho um livro para a lista dos mais queridos de 2014. Não é possível que ele seja superado por outro. Você não precisa ser exatamente um amante de simbologia antiga, ou maçom para gostar da história, mas se for com certeza a trama terá mais sabor. Dan Brown desfila através das palavras todo seu talento em “fazer textos” que envolvem, prendem  e deixam marcas. Alias, a palavra é a tônica da trama. Mais uma vez Robert Langdom se mete em uma enrascada. Quando é supostamente chamado por um amigo para dar uma palestra em Washington, acaba descobrindo que foi usado para decodificar um antigo segredo ligado a maçonaria. A Pirâmide Maçônica, material de incontáveis sites e blogs na internet toma vida e as peças que pare

Seguidores