Pular para o conteúdo principal

Monteiro Lobato e o debate sobre o racismo

De tempos em tempos surgem leis, decretos, pareceres que parecem ser fruto do excesso de tempo de seus propositores ou da falta de conhecimento de seus avaliadores. Não é o que aparente ser o caso do veto a história de Monteiro Lobato, “Caçadas de Pedrinho”.
Em primeiro lugar porque Lobato é unanimidade nacional, e cada um dos membros do Conselho Nacional de Educação fez uso de suas historias quando criança.
Em segundo lugar por que é um disparate considerar a obra de Monteiro Lobato racista.
Não tenho dúvidas de que a nova ordem lingüista em relação a termos antigamente usados, foram extremamente positivos para iniciar uma sociedade politicamente correta.
O CNE erro duas vezes. Na primeira acolheu um parecer preconceituoso, que demonstrou claramente a falta de conhecimento e compreensão da literatura nacional de seu propositor. Na segunda vez, quando falou que a obra só poderia ser usada com profissionais competentes que soubessem fazer a contextualização dos termos.
Em que mundo vivemos? Podemos chamar de professor um profissional que não sabe fazer contextualização? Há professores no Brasil que não possuem esta capacidade? Se existem professores que não contextualizam por que estão dando aulas? Quem os contratou?
Caçadas de Pedrinho está longe de ser racista. Tia Nastácia é um símbolo nacional, implantado inclusive pelas séries que já passaram pela TV. Os personagens de Pedrinho, Narizinho, Emília são adoradores da Tia, que faz quitutes gostosos, e como toda criança fazem suas “malcriações” e suas artes. Agora associar isso a racismo é uma distância muito grande, quase abissal.
O CNE deveria se preocupar muito mais com o nível da Educação no país, a vergonha que tem sido as duas últimas edições do ENEM. Deixe a literatura para os escritores, para a Academia Brasileira de Letras e para professores realmente habilitados em fazer isso.
Monteiro Lobato deve ser lido por toda a criança, não como obra didática e obrigatória, mas como patrimônio artístico e cultural do Brasil.

Comentários

As mais vistas

A princesa dos olhos tristes

Se vocês me permitem um pequeno comentário intimo, há uma “mania” na família de minha mãe de colocar nome de princesas nas filhas. Naturalmente começou com a minha, que me batizou de Soraya (em homenagem a princesa da Pérsia, Soraya Esfandiary Bakhtiari), depois minha prima batizou sua filha de Caroline (Homenagem a filha da belíssima Grace Kelly, rainha de Mônaco) e alguns anos depois, meus tios colocaram o nome de Anne (princesa da Grã Bretanha), em minha prima. Então é fácil imaginar que vivemos em clima de “família real” boa parte de nossa infância e adolescência. Mas, de todas as histórias reais, a que mais me intriga e fascina é a da princesa da Pérsia, por ter sido uma história de amor com final infeliz, mas não trágico. Soraya foi a esposa e rainha consorte de Mohammad Reza Pahlavi, Xá da Pérsia. Conheceram-se na França, na época em que Soraya fazia um curso de boas maneiras em uma escola Suíça. Logo ela recebeu um anel de noivado com um diamante de 22,37 quilates. O casamento ...

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, as...

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza...

Seguidores