Qual é o livro que você gostaria de ter lido aos 12 anos e não leu, ou por que não teve oportunidade ou porque sequer ele existia?
Eu li muito, desde criança. Entre os 11 e os 14 anos, li na sequência David Copperfield (Charles Dickens), Jane Eyre (Charlotte Brontë) e Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë) sem contar as adaptações como a Ilíada (Homero), e poucos autores brasileiros especializados em adolescentes como Menino de Asas (Homero Homem), as séries “Para gostar de ler” (Diversos autores), e os clássicos Os Meninos da Rua Paulo (Ferenc Molnár) e O menino do dedo verde ( Maurice Druon), dentre outros.
Depois disso, acabamos sendo obrigados a ler literatura brasileira voltada para o vestibular, e como tudo o que é obrigação acaba virando “coisa chata”. Só me lembro de um único livro que consegui ler duas vezes por ter gostado muito: Um Certo Capitão Rodrigo, o terceiro episódio do primeiro volume de O continente, parte da trilogia O tempo e o vento. Mas esse nem conta, é impossível não gostar da prosa de Érico Veríssimo, mesmo com a obrigação de ler para responder perguntas de uma prova.
Então, outro dia questionei-me, qual é o livro que gostaria de ter lido naquela época? É obvio que o filtro “idade” foi colocado, senão respostas como A Metamorfose, Pergunte ao Pó, Irmãos Karamazov, etc apareceriam na lista.
Assim, aos doze anos, gostaria de ter lido O Diário da Princesa, de Meg Cabot. Por motivos óbvios não foi possível já que a autora, assim como eu, era também uma adolescente que devorava livros e talvez nem sonhasse em ser uma escritora.
Entre tantos, por que esta escolha?
Meg Cabot tem a incrível capacidade de captar a alma da adolescente, seus sonhos, seus desejos, medos e principalmente suas fantasias.
Mia, a protagonista da história, é uma adolescente comum, que se sente feia, que não desperta interesse nos garotos, desastrada, que escreve um diário e que está em crise. Tudo na vida dela é normal e monótono.
Então um dia, chega a avó é diz que ela é a sucessora do trono e precisa treinar para ser a futura rainha. Nossa!!! Quanta responsabilidade!! Um conto de fadas.
Então a Mia feia, desastrada, invisível passa a ser bonita e desejável. Tudo o que uma garota nesta idade quer. Mas é claro que queremos as glórias e nunca as obrigações. Daí surge a crise.
Meg Cabot conseguiu colocar neste livro os anseios de uma geração de adolescentes que não tiveram a oportunidade de ler este tipo de literatura, da qual ela mesma faz parte e mantém hoje, através do seu blog, de seus livros muito viva.
Mia Thermopolis, a meu ver, é uma referência da futura princesa da Inglaterra Kate. É claro que ela não é mais uma adolescente, é óbvio que ela não precisa mais ter um pôster do príncipe Willians em seu quarto, mas Kate e Mia tiveram que optar entre o que eram e o que deverão ser ao aceitar as obrigações de uma família real, com seus dogmas, defeitos e charme.
Ambas parecem talhadas ao cargo e determinadas a fazer mudanças. Particularmente não consigo enxergar a futura esposa do príncipe William andando um passo atrás dele, como manda o protocolo; também não dá para imaginar alguém determinando o que ela irá vestir. É claro que quem vive no mundo civilizado sabe que não se deve ir a uma festa de casamento de bermuda, assim como não se vai a praia com um vestido de festa; mas estilo e estilo e cada um deve assumir o seu.
Então, Mia, Kate e nós mulheres temos muito mais em comum do que sonha qualquer protocolo. Todas, indiscutivelmente terão que lutar para se fazer reconhecidas, chorar no banheiro escondidas, assumir nossa personalidade, nosso estilo, independentemente do que digam. Todas, temos uma responsabilidade perante o mundo.
A princesa Mia irá governar um país.
A princesa Kate terá que cumprir uma lista infindável de eventos públicos.
Nós, mulheres comuns, teremos a obrigação de dar exemplos e construir um mundo melhor.
Então, o que é que um livro lido aos doze anos tem a ver com essas responsabilidades?
A literatura, mesmo que fantástica, prepara o cidadão para a sociedade por que ajuda a construir sua forma de pensar e amplia suas ferramentas para julgar o mundo.
Fotos:
1. Filme Diario da Princesa.
2. Capa do primeiro livro.
3. Meg Cabot
5. Kate Middleton
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