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Os três músculos

Todos nós que temos como o ofício da escrita, sabemos o quão difícil é fazer o trabalho. Em primeiro lugar por que existem os “papalpiteiros”, traduzindo, todo mundo que aprendeu português acredita que escreve bem, e você, mal.
Quem já trabalhou em uma assessoria de imprensa, em uma agência de publicidade ou departamentos de comunicação sabe muito bem disso: - você terá que fazer uma dissertação oral para defender e provar que o ponto final fica no final e não no meio.
Se você faz parte das pessoas que já passaram por uma prova oral como estas, não se desanime. Lembre-se que um escritor é sempre um atleta das palavras.
Todos os dias, nós enfrentamos uma maratona que tanto pode ser medida em horas, como em páginas produzidas.
Todos os dias, temos que exercitar nossos músculos, não os que encontramos no corpo, mas os que habitam em uma profundeza dentro de nós que não pode ser explicada pelas leis da física atual. São eles:
- Músculo da curiosidade: É aquele que nos leva a se surpreender com tudo, com o mundo. A questionar o porquê de tudo, e melhor ainda, o “por que não?”.
- Músculo da apreciação: Você tem que encontrar um tempo para olhar o mundo e enxergar à beleza, o colorido, a inspiração dentro de toda a diversidade existente.
- Músculo da imaginação: Depois de bem exercitados os músculos anteriores, este é, sem dúvida, o mais intrigante e fascinante de todos.
Para exercitar a imaginação, você terá que fazer ao contrário de tudo o que te pediram a vida toda. Para que este músculo se desenvolva saudável, você terá que acreditar que tudo é impossível:
- Duendes escondidos em árvores.
- Um saco de dinheiro no final do arco-íris (ótima ideia nestes dias de orçamento apertado).
- Uma cidade no fundo da terra.
- Bruxas, vampiros, anjos, demônios...
- A lista é imensa.
O músculo da imaginação parece o mais fácil de exercitar, mas não é. A escola em particular coloca freio na sua imaginação com medo que haja um desvio para a irrealidade. Assim, você será repreendido se pintar arvore de lilás, o céu de verde, ou como contou meu pai que o professor da escola onde ele estudava bateu na cabeça dele com um sino por que ele pintou o mapa do Brasil de roxo.
Por que escrevi sobre isto?
- Para lembrar você que a maratona é estafante, mas o caminho é repleto de tantos horizontes belíssimos que muitas vezes ficamos perdidos sem saber para onde olhar primeiro. Lembrar sempre que uma chegada sempre representará um novo ponto de partida e que, nossos personagens realmente existem, dentro de um universo paralelo que, apenas você se deu ao trabalho de observar.
Se alguém ainda dúvida disso, a física quântica explica: - algo só passa a existir a partir do olhar do observador.
A função do escritor é única e exclusivamente ser um observador mais atento.

* A imagem acima foi tirada da internet e trata-se de neurônios.
Olhe bem para ela e imagine um mundo novo. Como seriam os seres que viveriam neste lugar?
Você consegue imaginar um planeta com essas formas? Escreva suas impressões abaixo.

 

Comentários

  1. Que delícia de texto!! essa é , com certeza, uma musculação ao qual pretendo me dedicar diariamente! Amei o exercício de imaginação :) Parabéns

    ResponderExcluir
  2. Rinaldo Kassuga12/9/11 3:29 PM

    É sem dúvida os músculos que devemos exercitar sempre, mesmos quem não trabalha com a escrita, mas que precisa se utilizar da imaginação para solucionar problemas, que na primeira vista parecem insolúveis...

    ResponderExcluir
  3. Não vou elogiar seu talento, pois ele existe, mas sim sua visão de uma situação que todos vivemos e nem sempre percebemos. Colocar um ponto final é realmente dificil. Sempre, em qualquer área vai ter alguém que vai considerar o seu ponto melhor que o seu.

    Parabéns e estou feliz por voltar a ler seu blog.

    Luis Antonio

    ResponderExcluir

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