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A Soma e o Resto

No final do ano passado, pouco antes do Natal, eu vi uma senhora na fila para embalar presentes em uma livraria, levando uns dez exemplares do livro A Soma e o Resto, de Fernando Henrique Cardoso e fiquei curiosa: - Por que alguém daria tantos presentes iguais? Quantas pessoas se interessariam em um único circulo de amizades ou parentesco por um mesmo tema?
- A curiosidade ficou já que obviamente não questionei a compradora.
Aquela cena me instigou a adquirir o livro e apreciá-lo, como o primeiro a ser lido do começo ao fim em 2012. Uma preciosidade.
O livro é uma reflexão sobre os principais acontecimentos históricos das últimas décadas, o olhar de um homem com 80 anos, ex-presidente da República, Sociólogo, professor Catedrático e, sobretudo, um brasileiro apaixonado pelo Brasil.
Logo no início, o organizador do volume, Miguel Darcy, nos remete a um pensamento de FHC:
“Numa das últimas gravações, indagado sobre o que teria a dizer aos jovens, Fernando Henrique surpreende. Os jovens informados e conectados de hoje, diz ele, sabem tantas coisas novas que mais importa ouvi-los, ‘não dizer a eles, mas com eles.’ ”
Digno de Sócrates, que do alto de sua sabedoria sempre acreditava que não sabia nada e poderia aprender muito mais. Quantas pessoas hoje diriam que têm mais a aprender com os jovens que ensiná-los? Tenho certeza que dá para contar nos dedos de uma única mão.
A Soma e o Resto está dividido em três partes. Na primeira, FHC lembra-se de sua família, da influência formadora que ela exerceu em sua vida política e intelectual.
Na segunda parte ele discorre sobre o Brasil, o mundo e as mudanças aceleradas que eles sofreram nestes últimos tempos. Uma aula de história interessante abordada por uma visão aguçada de quem é sociólogo, mas já se viu na responsabilidade de comandar um país do tamanho do nosso.
Na terceira parte, mais intima, mais reflexiva, Fernando Henrique divide com os leitores, suas tristezas, alegrias, arrependimentos, orgulhos, afetos, tudo que nos inquieta e nos fascina como seres humanos.
Agora, após uma prazerosa leitura, não mais me surpreende que aquela senhora tivesse levado tantos exemplares para presentear. O livro é pluralista, apartidário e lúcido em relação à história, ao Brasil e ao papel que cada um de nós devemos exercer na sociedade. Uma ótima leitura para 2012.

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