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Série Outlander

Peço licença aos meus leitores para abordar um tópico que, apesar de se conectar diretamente a literatura, pertence mais ao campo fílmico que ao papel.
Ontem terminei de assistir a primeira temporada da série televisiva Outlander, originado no livro de mesmo nome da autora Diana Gabaldon, e que confesso ter adorado.
Contrariando ao que eu esperava, contrariando a primeira impressão sobre a série, terminei de assistir com um grau altíssimo de decepção.
Não se trata de comparar a obra escrita com a fílmica, longe disso, mas decepcionar pelo roteiro mal construído e personagens capengas.
Em minha opinião, “Outlander série” enveredou por caminhos que deturparam o verdadeiro sentido da história.
Só para exemplificar, a personagem Claire, que no início da série parecia até mais interessante que a sua versão literária, acaba se degradando ao longo dos capítulos de tal forma que ao final da primeira temporada, salvo em alguns momentos, está completamente idiotizada.
O excesso de violência incomoda e não é por puritanismo ou coisa parecida, mas pelo fato do diretor e roteirista terem enfatizado algo que não era tão importante no livro, cenas que foram tratadas com “delicadeza” e habilidade por Diana, e que no filme acabaram se transformando como principal da trama.
Jamie, cujo ator pareceu escolha adequada para o papel, vai se desviando tanto do personagem original, que ao final parece outra pessoa, isso se você não levar em consideração as cenas em que ele parece um animal.
Faltou o charme e a dureza de uma Escócia primitiva. Faltou dosar as cenas, faltou o toque da Diana Gabaldon em cada episódio. Até o terrível Randal descambou para uma versão antiga e mal acabada de Grey (50 tons de cinza). Um sadomasoquista sem sentido.
Sim, se você questionar que na época retratada a dureza talvez fosse até maior que a da série, eu diria que tenho consciência disso. Mas aqui não se trata de ser ou não real, trata-se de ser ou não fiel a obra original.
E, a questão não é a comparação pura e simples. São duas matrizes de linguagem diferentes, dois suportes distintos para se contar uma história, no entanto a trama é a mesma e não dá para mudar a personalidade de um personagem só para que ele fique bem – ou mal – na telinha.
A direção é boa? -  Sim e não. - O Roteiro é bom? – Não. E, tem cenas demais soltas, pontas que não se encaixam para quem não leu o livro.
Enfim, Outlander é uma série limitada, quase um enlatado. Diretor e roteirista não souberam aproveitar o arsenal gigantesco oferecido pela autora em sua obra.

E, se você estiver na dúvida entre ver e ler, eu digo sem hesitar: - Leia.

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