Pular para o conteúdo principal

A tradição do Gingerbread

- Você sabia que em um passado longínquo oferecer Gingerbread era sinônimo de riqueza?

Pode parecer estranho para nós, seres humanos do século XXI que vamos ao supermercado, as feiras e compramos as especiarias por um preço módico. No entanto, no passado, usar especiarias era sinônimo de abundância.

Você se lembra das aulas de história? Recorda-se dos navegantes que precisaram abrir novas rotas de navegação para conseguir as especiarias no Oriente? Pois bem, ao chegar na Europa elas eram equiparadas ao ouro, pois seu valor era altíssimo. Então, apenas a nobreza tinha acesso a elas.

Falando em história, de acordo com Rhonda Massingham Hart's Making Gingerbread Houses, a primeira receita de pão de gengibre conhecida veio da Grécia em 2400 AC. As receitas chinesas foram desenvolvidas durante o século 10 e, no final da Idade Média, os europeus tinham sua própria versão de pão de gengibre, ou como conhecemos Gingerbreads.

No medievo, o Gingerbread tinha lugar nas feiras, mudando de formato de acordo com a época do ano. Conta-se que foi Elizabeth I quem primeiro teve a ideia de decorar os pãezinhos para torná-los “digno de sua corte”.

Ele era servido entre os pratos de um banquete para que não houvesse um vazio durante a refeição, ou então na forma doce, no final. Na era Elizabetana o lado medicinal destes pãezinhos era uma dos fatores que levavam a servi-lo nos banquetes, pois esta especiaria ajuda na digestão.

Já as casas de gengibre (Populares na Europa e nos Estados Unidos) se originaram na Alemanha durante o século XVI. As casas bem elaboradas com paredes de biscoito, decoradas com papel alumínio e folha de ouro, são associadas à tradição natalina. Dizem que as Casas de gengibre se popularizaram por conta do conto João e Maria, mas é só uma suposição.

O fato é que o pão de gengibre é muito popular e nem sempre foi feito com os ingredientes que conhecemos hoje. No inicio era feito com mel e farinha de rosca, o que tornava a iguaria mais dura. A medida que as colônias começam a fornecer o açúcar e o melaço mais barato, o mel foi substituído assim como a farinha de rosca foi trocada pela farinha comum, chegando-se mais perto do que temos hoje.

Na internet e nos livros de culinária em inglês você pode encontrar receitas variadas de Gingerbread mas quase todas chegam ao mesmo sabor. O que não pode faltar neste pão? – gengibre e melaço, pois o sabor se altera muito sem estes ingredientes.

Também é preciso lembrar que comer pão de gengibre era considerado um ato que trazia boa sorte, por isso ele era oferecido apenas em ocasiões especiais.

Nas feiras do medievo, o pão de gengibre era apresentado em diversos formatos. Felizmente até os dias de hoje conservaram-se alguns moldes daquela época. O Horsham Museum tem um molde de gengibre do século XIX em exibição com uma galinha vestindo calças!

Por conta da associação do Gingerbread com ocasiões especiais não fica muito difícil imaginar o porquê de este biscoito estar conectado com o Natal.

Você já comeu esta iguaria? Vou compartilhar aqui uma receita atribuída à família de Charles Dickens, escritor de grandes clássicos como David Copperfield, Um conto de Natal dentre outros. A receita foi compilada pelo bisneto dele para um livro em 1984. Ainda não testei a receita, mas pretendo fazer isso em breve.

E você, tem uma receita especial de gingerbread?

  

Gingerbread – Família Charles Dickens

Ingredientes:

110g de manteiga sem sal

225g de melaço

225g de farinha com fermento

3 colheres de chá ligeiramente arredondadas de gengibre moído

175g de açúcar mascavado escuro

2 ovos grandes

75ml rum escuro

75ml de leite

 

Modo de Fazer:

1. Pré-aqueça o forno a 180 . Unte e enfarinhe uma forma de pão de 900g/2lb. (Coloque papel manteiga)

2. Aqueça delicadamente a manteiga e o melaço em uma panela pequena até que a manteiga derreta.

3. Peneire a farinha e o gengibre moído em uma tigela grande. Junte o açúcar mascavo seguido da manteiga e do melaço.

4. Bata os ovos com o rum e o leite em uma jarra e misture bem na massa do bolo.

5. Despeje a massa na forma preparada e asse por cerca de 40-50 minutos (um palito sairá limpo quando inserido).

6. Deixe o bolo esfriar na forma antes de desenformar e retirar o papel manteiga.

 

Fontes da pesquisa:

English Heritage

The HistoryKitchen

HorshamMuseum 1

HorshamMuseum 2

 

Foto: Site MommyEvolution



Comentários

  1. Todo ano eu e a Soraya fazemos esses biscoitos de Natal. É muito rápido de fazer... Mas ainda não conseguimos acertar o glacê para decoração dos biscoitos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigada, seu comentário é muito importante.
Caso vá comentar no modo anonimo, por favor assine seu comentário.

Obrigada pela participação.

As mais vistas

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, assim como o brilhante Robert Langdon, a sua opinião vai se transformando lentamente, e passa de pura revolta a admiração. É genial a manipulação que Dan Brown consegue fazer c

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza que são apresentadas. É um livro em camadas, que pode ser avaliado sobre vários aspectos que se complementam. Pandora, por exemplo, é o

O Símbolo Perdido

Autor: Dan Brown Tradutor:   Fernanda Abreu Editora: Sextante Ano de Lançamento:  2009 Número de páginas:  490 Avaliação do Prosa Mágica: 10 Uau!! Cheguei ao fim com a impressão de ter ficado sem respirar por todas as páginas. O ano mal começou e já tenho um livro para a lista dos mais queridos de 2014. Não é possível que ele seja superado por outro. Você não precisa ser exatamente um amante de simbologia antiga, ou maçom para gostar da história, mas se for com certeza a trama terá mais sabor. Dan Brown desfila através das palavras todo seu talento em “fazer textos” que envolvem, prendem  e deixam marcas. Alias, a palavra é a tônica da trama. Mais uma vez Robert Langdom se mete em uma enrascada. Quando é supostamente chamado por um amigo para dar uma palestra em Washington, acaba descobrindo que foi usado para decodificar um antigo segredo ligado a maçonaria. A Pirâmide Maçônica, material de incontáveis sites e blogs na internet toma vida e as peças que pare

Seguidores