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A Morte é um dia que vale a pena viver

Ouvi falar deste livro, pela primeira vez, em uma cena da novela “Vai na Fé”. Na história a personagem Dora estava doente, com um câncer terminal, e tinha este livro como leitura de cabeceira.

Primeiramente o nome me chamou atenção. Como assim? A morte vale a pena viver? Não por preconceito com a morte, afinal de contas todos nós morreremos um dia, é a única certeza que temos nesta vida. A surpresa foi me deparar com um nome assim, diante da visão cultural que os latino-americanos têm deste ato natural: a morte.

O título entrou para a fila infindável de livros que quero ler, mas acabou passando na frente dos outros porque meu Clube de Leitura pediu para ler algo diferente. Foi então que surgiu a ideia de falar sobre este tema e todos aderiram.

Nem preciso dizer que A Morte é um dia que vale a pena viver, da médica de cuidados paliativos Ana Claudia Quintana Arantes, é literatura para ler e reler. Li muito rápido.

O livro aborda temas relacionados à morte e ao processo de morrer, oferecendo uma perspectiva sensível e reflexiva sobre esses assuntos. Mas não é só isso, o livro explora muito mais as questões como o significado da vida, da finitude humana e a complexidade do viver, da alegria, da culpa, da infelicidade e de muitos outros aspectos que envolvem nosso viver e podem de certa forma, influenciar neste momento único de nossa existência.

A ideia da autora é que devemos viver plenamente até o último momento de nossas vidas, e é este exato ponto que nos fará ter uma boa morte ou um tormento. Ela fala sobre o ato de ser “bom” de viver a vida dentro da plenitude do bem, do amor, da alegria, do ser pleno de si mesmo e de seu papel dentro da humanidade.

Dentro deste contexto destaco, entre os múltiplos exemplos que a autora nos dá, um diálogo no qual a médica Ana, na página 105, conversa com um paciente:

 

“- O senhor tem medo?

- Sim! Tenho muito medo da morte!

- Mas de que parte da morte o senhor tem medo: o antes, o durante ou o depois?

- Tenho medo do antes!!

- Sr.R,. antes da morte o senhor está vivo. E tem tanta gente que está aqui cuidando do senhor...

- Nossa... Verdade, doutora!

E ele desassombrou o olhar.”

 

Quem pensou em perguntar ou refletir sobre algo parecido durante sua existência? Confesso que nunca pensei nisso, e percebo que no geral, as pessoas têm medo do viver e não do morrer. Falo isso porque a pessoa diante da doença acaba pensando só na morte, e esquece que está viva e precisa seguir vivendo. Na verdade o medo da morte parece estar mais conectado com o processo de caminhar nesta direção.

Leitores queridos, falo aqui como leiga no assunto, como leitora e observadora da vida, como uma leitora comum da obra. Um psicólogo abordaria estes comentários de forma mais profunda.

A autora compartilha suas experiências e observações sensíveis dentro do contexto da medicina paliativa, na qual ela lida com pacientes em estado terminal. A todo instante a autora nos convida a refletir sobre a forma como pacientes que estão para morrer são tratados em hospitais ou por seus familiares e o quanto a medicina no Brasil está “atrasada” neste sentido.

É um livro que vale a pena ler, que vale a pena viver cada segundo dele de forma a fazer mudanças de vida, de tirar da frente tudo o que é toxico para nossa saúde física e mental, e principalmente, substituir pela felicidade, que poderá se um estado permanente se você compreender que felicidade é diferente de alegria, e que mesmo vivendo a plenitude da felicidade podemos ter dias e períodos tristes.

Na capa do livro tem uma frase que diz:

“(...) e um excelente motivo para se buscar um novo olhar para a vida.”

Você já renovou seu olhar hoje? Tentou ver algo de um ângulo diferente? Se a resposta é não, talvez este livro te ajude a fazer isso.

Recomendo a leitura.

 

Autor: Ana Claudia Quintana Arantes

Ano de lançamento: 2016 (Esta edição 2022)

Editora: Sextante

Gênero: Psicologia/Autoajuda

Páginas: 224

Avaliação Prosa Mágica: 10

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