Dizem que a Índia tem encantos que não existem em nenhum outro país do mundo. Têm temperos infindáveis, tecidos belíssimos que compõe roupas tradicionais como os saris e lenços; tem uma cultura milenar com textos sagrados que nos assustam, como o Vedas, por sua atualidade em alguns aspectos da física quântica.
É claro que tem o caos também, tem as ruas
cujos carros compartilham espaço com pessoas e vacas. Tem os rios extremamente
poluídos, tem alguns conceitos bem ultrapassados como as castas, tem muita
pobreza também.
A Índia é uma mistura de tudo o que os
milênios trouxeram para o planeta Terra. Quem me conhece sabe do meu fascínio
por este país e a vontade de conhecê-lo um dia.
Pedro Álvares Cabral se perdeu no caminho
para as Índias e descobriu o Brasil, pelo menos foi esta lenda contada durante
muito tempo em nossos livros de história, mas o fato é que o Ocidente negocia com eles há muito mais de
500, anos comprando tecidos, especiarias e outros itens de muito valor.
Mas os indianos têm muito mais que isso
para nos oferecer, muito mais do que eu posso contar. Confesso que esta
postagem é fruto de algo que está intrínseco dentro de mim, meu olhar de
publicitária, por conta de minha formação em Propaganda e Marketing.
Mesmo sem querer, a primeira coisa que eu
observo quando vou comprar algo é a forma como sou abordada, e como a venda é
(ou não) realizada.
Sábado passado em um rápido passei matutino
a um shopping de São Paulo visitei uma feira com produtos de diversos países.
Estas feiras já foram bem maiores, mas hoje estão limitadas, talvez por conta
do valor da moeda que dispara no mundo todo, ou por conta de guerras que
impedem uma grande participação. Mas isso daria pano para outra postagem.
É claro que o primeiro estande visitado foi
o da Índia. Puro encantamento! Bolsas, tecidos bordados e outros adornos. O
vendedor percebeu nosso(eu estava com meu marido) interesse por um caminho de
mesa bordado e iniciou sua arte.
- Linda essa novidade. É a primeira vez que
trago este bordado. – Foi falando e abrindo, outro bem mais incrível, cujo
bordado mostrava dois elefantes e duas mandalas.
Nas explicações, ele nos contou dos
significados dos elefantes, da sorte que traz as mandalas e do tempo que cada
uma daquelas peças levava para ficar pronta. Exatos 15 dias de trabalho
manual. Tudo isso de uma maneira informal, como se conversasse com dois amigos
que não via há muito tempo.
Mostrou outro caminho de mesa, e depois de
nos envolver com sua simpatia e acolhimento, completou:
- Vocês são meus primeiros clientes, e na
minha cultura o primeiro cliente traz
sorte, por isso tem desconto especial, preço quase de custo. E explicou o “quase”
declarando que ele teria um pequeno lucro com a venda, porque culturalmente
isso era obrigatório.
Eu e meu marido nos sentimos especiais, não
a ponto de comprar o produto, mas pelo carinho e acolhimento do vendedor. O
homem não parou por ai. Explicou mais uma vez a dinâmica do primeiro cliente e
acrescentou que o último do dia também tinha este privilégio.
Percebe-se que ele tem uma habilidade rara
de negociar. Observador percebeu nosso interesse pleno pelo produto, depois
enquanto conversava avaliou nosso perfil de comprador e por fim fez uma oferta
interessante, que ele já sabia previamente que não seria aceita. Por fim, ele
nos oferece exatamente o objeto de nosso desejo, recheado realmente do desconto
de primeiro cliente, reduzindo o valor da peça em 30%.
Foi um encantamento participar de uma
negociação como essa, uma grande aula de como vender, bem mais eficaz que
qualquer livro de marketing e vendas.
Por fim, voltei para casa com minha
preciosidade e, mesmo que as mandalas e os elefantes não sejam realmente
símbolos de sorte, o carinho e carisma daquele vendedor colocou a sorte em
nossas vidas.
Tudo isso que contei serve para lembrar que a acolhida e a simpatia é fundamental em todos os momentos de nossa vida, e também que sempre poderemos aprender com outras culturas.
Bom final de semana!
Eu gostei muito desta publicação e ela me fez repensar num tema que vejo com muita carência em quase todo tipo de comércio: o atendimento. Via de regra, os vendedores procedem com estivessem fazendo um favor em atender um cliente, coisa que o indiano fez com tanto carinho e sem a preocupação de vender de imediato. Já pensei em montar um curso para ensinar vendedores a se comportarem como VENDEDORES. Abracos
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