Pular para o conteúdo principal

Pausa


Vez ou outra a pausa se faz. Seja por um momento, por algumas horas. Vem por um suspiro, uma coxinha, uma maritaca latindo no galho de Santa Barbara.

A vida pede a pausa, o sossego, o momento a sós em um ato de intimidade, a sós consigo mesma, mesmo que cercada de uma multidão.

A pausa existe na música, representada quase sempre por um suspiro, um suprimir de ar, às vezes longo, às vezes breve.

A pausa da dança que salta com o instante que precede o respiro. É breve o momento que, após o port de bras belo e suave, as mãos relaxam para na sequência enfeitarem um giro.

Pausa que soa como vírgulas. Ah! Quem dera o texto-vida repleto de vírgulas, de momentos de respiro, de alívio: E ela sentou (vírgula) pegou a xícara e sorveu o café (vírgula), olhou o papel amassado ao lado do pires (vírgula) e num respiro sorriu para os problemas.

Xícara, papel, envelope de açúcar pela metade, índices de um momento que se foi, uma transgressão.

Vida-texto que pede, clama pelos pontos, dois pontos, exclamações, mas se afasta quando ouve a palavra “ponto final”.

Pausa para que o ritmo prossiga, sem erros no andamento.

Respira em quatro tempos, inspira em oito. Pausa. Segue. Lindo final de semana!

 

Foto: Site Westwing, sem referência de autor.

Comentários

  1. Tirei uma pausa para ler seu texto. Tem tudo a ver com o que estamos vivendo. Parece que nunca nos permitimos ter uma pausa. Acreditamos que estar sempre ocupados estamos contribuindo para alguma coisa. Ledo engano. Na verdade, se não nos permitimos pausar de quando em quando., iremos sucumbir às exigências da vida moderna. Luis

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigada, seu comentário é muito importante.
Caso vá comentar no modo anonimo, por favor assine seu comentário.

Obrigada pela participação.

As mais vistas

A princesa dos olhos tristes

Se vocês me permitem um pequeno comentário intimo, há uma “mania” na família de minha mãe de colocar nome de princesas nas filhas. Naturalmente começou com a minha, que me batizou de Soraya (em homenagem a princesa da Pérsia, Soraya Esfandiary Bakhtiari), depois minha prima batizou sua filha de Caroline (Homenagem a filha da belíssima Grace Kelly, rainha de Mônaco) e alguns anos depois, meus tios colocaram o nome de Anne (princesa da Grã Bretanha), em minha prima. Então é fácil imaginar que vivemos em clima de “família real” boa parte de nossa infância e adolescência. Mas, de todas as histórias reais, a que mais me intriga e fascina é a da princesa da Pérsia, por ter sido uma história de amor com final infeliz, mas não trágico. Soraya foi a esposa e rainha consorte de Mohammad Reza Pahlavi, Xá da Pérsia. Conheceram-se na França, na época em que Soraya fazia um curso de boas maneiras em uma escola Suíça. Logo ela recebeu um anel de noivado com um diamante de 22,37 quilates. O casamento ...

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, as...

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza...

Seguidores