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A saga dos títulos esdrúxulos


    Quantos anos você tinha quando descobriu que...? - Confesso, sem nenhuma vergonha de dizer: Esta frase me irrita profundamente.

Tenho visto indiscriminadamente o uso desta frase como título de anúncios, matérias na internet, quase sempre ligado a fatos bobos e sem sentido como:

- Quantos anos você tinha quando descobriu que a pazinha se encaixa na vassoura?

- Quantos anos você tinha quando descobriu que o buraco no cabo da panela era para colocar colheres?

- Quantos anos você tinha quando descobriu que o grampeador tinha um compartimento secreto?

- Quantos anos você tinha quando descobriu que não existia a rebimboca da parafuseta?

E, eu pergunto: - Quantos anos você tinha quando descobriu que tudo isso é uma grande bobagem para chamar sua atenção e fazer leitura de um texto que não vai te acrescentar nada, mas vai gerar tráfego e alguma forma de retorno para quem publicou?

Ainda não descobriu? Então vamos lá.

Qual é a relevância de uma pá de lixo se encaixar no cabo da vassoura? Em que isso vai melhorar sua vida? No entanto, fisgada pela curiosidade você irá clicar no link e depois perderá alguns minutos lendo o texto. Ao final dirá: - Ah!- e sairá de lá como entrou. Só que para quem publicou irá gerar tráfego e remuneração, e para você, por conta dos algoritmos iniciará um processo contínuo de ver estes títulos, a todo momento, na internet.

Um título e um texto precisa trazer algo que preencha um vazio, uma dor, uma necessidade que pode ser a de conhecimento, de alento ou de uma “conversa amiga”.

Sua navegação pode ser treinada para apresentar o que você gosta e quer ver. Tenho algumas dicas para isso:

1 – Resista em clicar em títulos como “quantos anos você tinha...”. Se você fizer uma única vez ele irá atolar sua internet com a mesma temática. Caso tenha feito isso uma vez, não faça novamente. Em algumas semanas ele irá parar de aparecer.

2 – Procure por assuntos que te interessam de verdade, e foque na leitura deles. Quanto mais você abrir um link ligado aos seus interesses, mas a internet te oferecerá de volta sobre o mesmo tema.

3 – Evite assistir a chuva de vídeos que as redes sociais te mostram. Quanto mais você resistir, mais engajada será sua internet.

4 – Seus likes mostram o que você quer ver, então cuidado com suas curtidas.

5 – Assuntos polêmicos geralmente necessitam de pesquisa prévia antes de compartilhar. Tenha a certeza que aquilo é verdade, senão você estará ajudando no tráfego de notícias inverídicas.


6 – Finalmente, reduza seu tempo na internet. Leia um livro, tome um café com amigos, leia jornal. A tecnologia é incrível e facilita a nossa vida, mas não podemos nos deixar transformar nos personagens do filme Wall-e, da Disney. Você deve se lembrar que as pessoas nem conseguiam mais andar porque ficavam conectadas o tempo todo?

Que seu final de semana seja repleto de aventuras... presenciais.

Imagem:  Cena filme Wall-e


Comentários

  1. Luis Antonio18/10/24 8:42 AM

    Soraya, você está se superando a cada semana. Seus textos estão mais instigantes e refletivos. Isso que você expôs no artigo acima vem acontecendo a todo instante. Gosto do YouTube, mas quando para para ver algum vídeo que me chamou atenção, por exemplo, como ligar uma web cam, aí aguenta, e um vídeo atrás do outro sobre o assunto. Nesse aspecto a TV respeita mais. Abraços. Gostei do tema de hoje.

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  2. Bom Dia...
    Quero elogiar seu texto. Penso que é bem por aí. Escrever bobagens só para ter seguidores é algo indígno. Tenho perdido vários , porque não concordo em colocaralgo sem o menor cabimento. Somos responsáveis pelo que colocamos e, precisamos respeitar nossos valores e nossos leitores. parabéns!
    Cly.



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