“Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos, foi a idade da razão, a idade da insensatez, a época da crença, a época da incredulidade, a estação da Luz, a estação das trevas...”
Um
Conto de duas cidades, Charles Dickens
Impossível não se deliciar com este inicio
de parágrafo do livro de Charles Dickens. Curioso, ambíguo, no qual logo de
cara você percebe que o autor inicia sua história falando das contradições do
tempo que vai contar. Isso literalmente prende o leitor, mas não garante a
leitura do restante do livro.
Então, o que prende o leitor? O que faz
alguém continuar a leitura?
Existem varias teses sobre isso, algumas
beiram até a adivinhação, mas nenhuma delas tem tanto consenso quando a ideia
do primeiro parágrafo.
Ok querido leitor, concordo que o primeiro
parágrafo é essencial, concordo que aquela primeira frase pode conter um texto
tão brilhando que você irá ficar com vontade de ler o livro, mas assim como a
primeira impressão de uma pessoa, esta metodologia pode ser falsa.
Pergunto então, novamente, o que prende o
leitor?
Talvez a resposta more no campo dos motivos que nos faz apaixonar pela pessoa “x” e não pela “y”. Talvez a mesma coisa que
nos faça gostar de sorvete de pistache e não de coco, ou então nos apaixonar
pelos tons de azul e detestar os marrons.
Sim, se houvesse uma fórmula para prender
qualquer leitor com certeza a indústria dos best-sellers já teria se
apropriado. E aqui fala uma leitora que também ama os best-sellers.
Penso, como escritora, que o que prende o
leitor é a verdade empregada no texto, é o quanto o próprio autor acreditou no
mundo que estava criando. Tem que ter personagens verdadeiros, isso é, com
alma, mesmo que este personagem seja uma gosma roxa que fala.
Como escritora amo os primeiros
parágrafos, não pelo fato de eles estarem lá, mas porque alguns são verdadeiras
aulas de como escrever. Coleciono esses parágrafos em um caderninho especial.
Talvez a grande questão dos primeiros parágrafos
seja a da primeira impressão. Será que ela é verdadeira mesmo? Será que não nos
damos o prazer de nos aventurar em algo, que a princípio, não nos chamou
atenção, mas que ao final poderá ser um grande presente?
Bem, eu tento vencer a tentação de parar
quando não gosto de um livro, ou de uma pessoa, ou de qualquer outra coisa.
Vencer a primeira impressão é sempre uma aventura e exige bravura. Já tive boas
surpresas com isso.
Um lindo e delicioso final de semana.
Foto: Parte da capa do
meu livro Tempo, publicado pelo Clube de Autores.
Amiga. Não sou tão adepta dos primeiros parágrafos. Eles podem chamar a atenção, mas, o que me faz ler um livro, é a sua consistência, o seu chamado ao meu interno. O livro me conquista pela consonância de conceitos mesmo que fictícios que me levem a pensar a vida.Gosto de refletir
ResponderExcluirA primeira impressão é a que fica, nem sempre corresponde a realidade. Hoje e fácil encontrar chamadas para filmes e quando resolve assistir, viu que não valeu apena. Já me encantei com livros de capas maravilhosas que estão guardados na minha estante com um marcador de onde parei e talvez nunca vou terminar. A primeira impressão é como um doce na vitrine de uma padaria, e belo de ver, mas não garante que o doce e bom.
ResponderExcluirAcho que a paixão por um livro se assemelha a uma obra de arte...uma faísca, muita paciência e o tempo cuida do resto...
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