Pular para o conteúdo principal

Ler ou não ler? Eis a questão!


        Um Brasil que lê menos é um país que tem futuro?

Uma pessoa que não lê tem as mesmas oportunidades daquelas que não leem?

Crianças de famílias que não leem podem ser tornar leitoras?

O preço do livro impede as pessoas de lerem?

E as bibliotecas? Porque não frequentam as bibliotecas?

A internet é realmente a grande vilã da leitura?

O Brasil não incentiva a leitura?

Quantas perguntas podem ser inseridas aqui, e ainda assim haveria muitas a serem feitas quando a questão é a leitura.

Fato é que a pesquisa recente “Retratos da Leitura”, pela primeira vez, o número de não leitores superou o de leitores.

“Há algo de podre no reino da Dinamarca brasileira!”

Por que a leitura é tão preterida quando se fala de livros? Porque as pessoas ainda atribuem o ato de ler a quem “tem tempo”, como se você precisasse ser folgado para empreender uma jornada de leitura.

Digo isso porque escuto constantemente pessoas dizerem que não têm tempo para ler, mas continuam suas atividades nas redes sociais sem nenhuma vergonha de se expor.

Quando falo em Clube de Leitura parece que estou apresentando um ser sobrenatural, mesmo com a cidade de São Paulo repleta deles, e cada um deles melhor que os outros.

O que acontece com essas pessoas que não leem?

Tem um cartoon que rola nas redes que mostra um personagem dizendo que “Quem não lê vive apenas uma vida. Quem lê vive milhões de existências durante sua vida.” Isso não poderia ser mais verdadeiro.

Volto novamente à questão das pessoas que não leem, e hoje elas são mais de 50% da população. Não é uma questão de preço, não é uma questão de tempo, é uma questão de falta de compreensão da importância do hábito da leitura. Do crescimento pessoal individual a cada novo livro, seja ele de qual gênero for.

Ler aumenta o vocabulário, forma novas redes neurais, faz a pessoa viver vidas e situações que nunca viveria em seu cotidiano, e isso as torna mais empáticas.

Está faltando empatia nos brasileiros? A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil nos apresenta um dos fatores primordiais.

Tem o fator dinheiro. Livro está caro, e está mesmo. Só Deus sabe o malabarismo que as editoras estão fazendo para não subir mais esse preço. Tem o imposto (a cadeia da produção de um livro no Brasil tem impostos altíssimos que se acumulam até chegar ao consumidor).

No entanto, os grandes centros urbanos têm bibliotecas, São Paulo tem muitas, que qualquer um pode ir, pegar um livro e ler sem pagar nada. Têm bons sebos, com livros a baixo custo, muitos deles ligados a obras de caridade. Além de aumentar a cultura, a pessoa ajuda em obras sociais. Olha só que legal!

Há uma justificativa para a não leitura?

Na pesquisa, o livro ocupa a 12º posição em atividades realizadas pelas pessoas, sendo que o WhatsApp e as redes sociais ganham de disparada.

Não é uma questão do que ler, porque nunca se teve tantas opções de leitura disponível, inclusive pelos meios eletrônicos. Os celulares, por exemplo, têm a Skeelo, que uma parte das operadoras de telefonia oferece como bônus. Ops! Se você lê as redes sociais, pode muito bem ler um livro no celular.

Só sei que neste quesito, nada sei. Há um grande ponto de interrogação.

Talvez a falta de incentivo na educação formal, que hoje prioriza a tecnologia em detrimento a leitura! Talvez se as provas de admissão fossem mais rígidas para a entrada em universidades, com questões que priorizassem quem realmente leu a obra e não quem apenas passou os olhos em um resumo.

Isso iria demandar que governo fornecesse livros para todas as escolas, em quantidade suficiente para que os alunos não precisassem comprar. Também demandaria um acordo entre as Universidades Públicas e Privadas, na escolha justa do que realmente poderia formar um leitor. Não dá para exigir do adolescente a leitura de um Machado de Assis, de um Graciliano Ramos e outros grandes ícones de nossa literatura. Têm obras que precisam de bagagem cultural para compreender e para gostar de ler.

Por fim, fica aqui o meu espanto. Não sou ninguém sem a minha leitura, mesmo que seja uma única página antes de dormir.

E você leitor? O que pensa sobre o assunto? Porque as ideias levantadas aqui são apenas um começo para reflexão.

Um lindo final de semana repleto de boas leituras.

 

 

Imagem: Esta imagem foi gerada por Inteligência Artificial, através do comando para que produzisse uma imagem de pessoa segurando livro, como o trecho da peça de Shakespeare que diz “ser ou não ser, eis a questão.”

 

Comentários

  1. Que texto bonito! Concordo plenamente com tudo que você expõe no artigo. Eu,que também sou um produtor de livros, me decepciono com os resultados que obtive no meu ciclo familiar. 16 pessoas ligadas diretamente a mim e somente duas leram meu último livro. As desculpas são as mesmas que você mostra no artigo, mas quando se reúnem ,todos, sem exceção,estão conectados a alguma rede social. Tem um ditado que diz que o futuro a Deus pertence, mas vejo com muito pessimismo oo futuro das futuras gerações,se nada for feito. Abraços Luis Antônio

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada pelo comentário Luis. É desolador a situação da leitura do nosso país. Não quis dar uma caráter de pessimismo a publicação, mas não dá para deixar de comentar esses pontos negativos. O nível de massa crítica do brasileiro no geral está baixo, mas isso passa por uma longa história de descaso com a educação e cultura. Enfim, façamos nossa parte escrevendo e divulgando a leitura. Abraços!

      Excluir

Postar um comentário

Obrigada, seu comentário é muito importante.
Caso vá comentar no modo anonimo, por favor assine seu comentário.

Obrigada pela participação.

As mais vistas

A princesa dos olhos tristes

Se vocês me permitem um pequeno comentário intimo, há uma “mania” na família de minha mãe de colocar nome de princesas nas filhas. Naturalmente começou com a minha, que me batizou de Soraya (em homenagem a princesa da Pérsia, Soraya Esfandiary Bakhtiari), depois minha prima batizou sua filha de Caroline (Homenagem a filha da belíssima Grace Kelly, rainha de Mônaco) e alguns anos depois, meus tios colocaram o nome de Anne (princesa da Grã Bretanha), em minha prima. Então é fácil imaginar que vivemos em clima de “família real” boa parte de nossa infância e adolescência. Mas, de todas as histórias reais, a que mais me intriga e fascina é a da princesa da Pérsia, por ter sido uma história de amor com final infeliz, mas não trágico. Soraya foi a esposa e rainha consorte de Mohammad Reza Pahlavi, Xá da Pérsia. Conheceram-se na França, na época em que Soraya fazia um curso de boas maneiras em uma escola Suíça. Logo ela recebeu um anel de noivado com um diamante de 22,37 quilates. O casamento ...

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, as...

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza...

Seguidores