Quando os coveiros de Antares entram em
greve, os mortos, sem lugar para descansar, resolvem dar um passeio pela
cidade. E que passeio! Eles aproveitam a oportunidade para revelar segredos,
ajustar contas e causar um verdadeiro caos. É uma espécie de "dança
macabra" particular, onde os vivos e os mortos se misturam em uma comédia que
nos faz rir e refletir ao mesmo tempo.
Veríssimo usa a morte como
um espelho, refletindo a hipocrisia, a corrupção e a desigualdade social
presentes na pequena comunidade. A obra é uma crítica social afiada, mas
apresentada de forma leve e envolvente, graças ao humor ácido e à ironia do
autor.
A narrativa é rica em detalhes e
personagens inesquecíveis. A disputa entre as famílias Vacariano e Campolargo,
a ambição de alguns e a covardia de outros, tudo isso contribui para criar um
quadro vivo e pulsante da sociedade brasileira.
Incidente em
Antares
é mais do que um simples romance de suspense. É uma obra que nos convida a
pensar sobre a vida, a morte e a natureza humana. É uma leitura obrigatória
para quem busca uma narrativa inteligente, divertida e provocativa.
Mas não pense que
é uma leitura fácil. É necessário coragem para enfrentar o primeiro volume da narrativa,
que nos apresenta uma história do Brasil contada através da fictícia Antares.
Na trama há um desnudamento da política brasileira que não mudou através dos
anos, apenas se sofisticou com o uso das redes sociais e das fake news.
É um livro que nos faz pensar e refletir
sobre a situação atual do povo e também nos faz rir com os mortos que caminham
pela cidade.
Você já leu Incidente em Antares? O que
pensa sobre a trama da estória?
Li por conta de uma pesquisa entre 2020 e 2021, e isso cristalizou em mim o gosto pelo estilo do Érico Veríssimo (que é muito melhor escritor do que o filho!!!). É isso mesmo que você disse: duas partes, a primeira apresentando Antares para o leitor e a segunda narrando o incidente em si. Quase não dá pra separar as duas partes da trama.
ResponderExcluirSó tenho coisas boas a dizer sobre esse livro: apesar de algumas cenas pesadas (a curra do jagunço), o livro não apresenta um único instante de encheção de linguiça: mesmo as descrições têm dinamismo (como na história do pianista tímido). Eu apelidei a obra de "O Walking Dead Guasco". Nenhuma linha é desperdiçada, nenhum personagem aparece como enfeite, os zumbis são mais realistas - nunca, em nenhum filme do gênero, aparecem moscas ao redor dos cadáveres animados, sequer se menciona o fedor de podridão.
Houve uma versão feita pela Globo, mas tenho medo de assistir, de tanto que gostei do livro. Um dia arriscarei uma releitura. Parabéns pela recomendação!
Como disse no Wstts, li o livro há muito tempo, mas , gostei da forma como Veríssimo aborda temas sérios da sociedade brasileira de forma até humorística, mas com conteúdo.gosto de sua escrita e pretendo reler. Relembrei alguns momentos interessantes, lendo o comentário acima de Giorgio.obrigada por seu POST.
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