Em tempos de polarização de opiniões e de intolerância é importante dizer que este livro é extremamente tendencioso em sua condução da história que se passa em meio ao conflito no Oriente Médio. Nem por isso, deixa de ser uma literatura interessante de ser lida e analisada. A autora Randa Ghazy, filha de egípcios e cidadã italiana, tinha apenas 15 anos quando escreveu esta história, e é espantoso o nível emocional e a profundidade que ela colocou em sua trama. Há uma mescla interessante entre prosa e a poesia empregada pela Randa, que nos momentos de contar a trama usa de uma prosa enxuta, que você percebe nitidamente influenciada pelas notícias na mídia. É uma visão de quem olha de fora, de um pais distante e não vive o conflito. Já nos momentos em que ela precisa passar emoções e sentimentos internos, usa da poesia como recurso. O texto, neste sentido, não está lá para que você compreenda, mas para que você sinta. A trama de Sonhando a Palestina tem como pano de fundo a Inti
Todos nós nascemos com propósitos em nossas vidas, mas é na família que estas ideias se aprofundam e nos influenciam. No meu caso, meu pai foi o grande influenciador da escrita e a mamãe ensinou a arte das relações humanas e da diplomacia. Meu pai era um vendedor de autopeças, dos bons, daqueles que tinham uma boa conversa, que entendia do que estava falando e também tinha muitos assuntos para “jogar fora” com seus clientes. Era uma pessoa com pouco estudo. Lembro-me dele contando da rigidez dos padres do Colégio Coração de Jesus e a forma como os padres tratavam os alunos naquela época. Meu pai chegou a ser agredido na cabeça com um sino apenas porque tinha pintado o mapa do Brasil de roxo. Outros tempos. Mesmo com pouco estudo ele era uma sumidade. Sabia muito sobre muitas coisas. Dos continentes e países, do céu, dos planetas, dos jogadores de futebol. Tinha uma paixão pelo povo judeu – que o levava a buscar muitas informações sobre o assunto, ou garimpar livrarias sobre o tem