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E o vento levou

Não tenho escrito muito por aqui. Não é por falta de assunto, por que ideias são como “pragas do bem” que se multiplicam ao infinito. O difícil sempre é escolher em uma delas para se focar. O fato é que chega dezembro e sempre queremos fazer algo especial. Uma série Natalina de livros, ou filmes. Alguns contos de Natal escritos do próprio punho (ainda escrevo à mão). Mas o mês continua com seus 31 dias. Não se abre nenhum portal que amplia as horas, pelo contrário. Quando você vê já são 22 horas, quando se dá conta a semana passou, e num décimo de segundo chegou o Natal. Dormimos e vamos acordar em 2026. Não escrevo isso porque acho ruim este mês, muito pelo contrário. Dezembro é meu mês favorito. Todos esses enfeite e luzes que povoam a cidade. A casa fica mais bonita, a árvore toda enfeitada nos lembra sempre que por mais que a vida seja dura, há sempre algo para admirarmos, para nos fazer felizes nem que for por alguns instantes. Este ano em particular São Paulo está linda no ...
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Universo de Portinari ganha programação para crianças no MIS

Autora de "As Pipas de Portinari", Fernanda Emediato realiza contação de histórias e exposição de poemas no dia 14 de dezembro, às 12 horas A escritora, publicitária e editora  Fernanda Emediato  leva a poesia e a arte de  As Pipas de Portinari  ao Museu da Imagem e do Som – MIS no dia 14 de dezembro (domingo), a partir das 12 horas. A programação especial de Natal terá contação de histórias, distribuição gratuita de exemplares, exposição dos poemas e atividades com crianças. O livro apresenta um verdadeiro voo poético: dez autores de diferentes regiões do Brasil criam textos inspirados nas obras de Candido Portinari, mestre das cores e das infâncias brasileiras. Com uma linguagem afetiva, a publicação convida as pessoas de todas as idades a experimentarem a poesia como forma de brincar, imaginar e lembrar. O projeto conta com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do Programa de Ação Cultur...

Mulher, um Universo que Respira

Imagem:  Freepik Ser mulher é caminhar com a alma exposta. É sentir o mundo com uma sensibilidade que toca e corta. É carregar delicadezas que muitos confundem com fraqueza e cicatrizes que poucos conseguem enxergar.   Ser mulher é existir — e resistir. É erguer-se todos os dias mesmo quando o chão treme, mesmo quando o medo lateja, mesmo quando o mundo insiste em apertar a nossa voz.   Carregamos dentro do peito uma força antiga, com a coragem que não grita, mas sustenta. Uma coragem feita de madrugadas, histórias silenciosas, e tudo aquilo que nunca coube nos livros de história.   E, ainda assim, seguimos.   Seguimos mesmo quando a segurança é luxo, quando a igualdade é promessa, quando o respeito é negociado em olhares que nos medem como se fôssemos menos, ou como se fôssemos demais.   Ser mulher é ser tantas. É ser oceano que abraça e tempestade que desperta. É ser casa, mas também vento. É ser raiz, mas também voo.   Mulher é um Universo...

O verde não conseguiu pular o muro

Quando estava na faculdade de Propaganda saía pelas ruas de São Paulo com minha Nikon FM para retratar curiosidades, uma sombra inusitada, um rabisco no muro, um prédio meio torto (Existiam muitos), tudo era motivo para transformar em arte. Eu fazia o que mais gostava como exercício do olhar, como uma forma de encontrar novas linguagens, novas formas de expressão. Naquele tempo, usava um bom filme em película, sempre preto e branco, e me encantava quando entrava no laboratório e via a imagem aparecer no papel. Era pura magia. Dentre pessoas, prédios, árvores, ruas vazias que fotografei, tem uma foto que marcou, que até agora povoa minha cabeça. Foi na simplicidade que encontrei a maior simbologia do que hoje, faz parte das grandes discussões mundiais. Era um domingo, a Avenida Paulista repleta de pessoas passeando (Ainda não tinham fechado a rua) e lá no alto, presa no concreto duro e robusto do prédio da FIESP pendia uma planta, solitária e resistente. No meio do concreto, q...

Uma nova “arquitetura” universal

Engana-se quem pensa que o universo é feito de tijolos. Somos feitos de energia, e através dela vivemos, vemos, construímos e pertencemos ao Cosmos. Nada se perde nessa energia, nada se ganha, mas há a transformação. Ela se apresenta a nós por via das estações do ano, da borboleta que sai do casulo, da morte, da reciclagem de objetos, da estrela que vira pó, e espalha sua poeira no Universo; do pó das estrelas que compõe cada uma de nossas células. Você percebe que tudo e todos estão interligados? Que o ato de um pode atingir a totalidade? Quanta responsabilidade! Que força! Quanto poder de transformação! Os físicos sabem que tudo o que olhamos é um pedaço de realidade, que nada é sólido. Aquela poltrona linda e confortável, na qual nos sentamos e sentimos segurança, em um mundo subatômico está em movimento. Que a parede de nossa casa está dançando, e só a enxergamos sólida por um mecanismo de nosso cérebro. Que as cores das flores, dos objetos, das roupas, do cabelo não existem,...

A Biblioteca Humana: onde os livros respiram

Em Copenhague, existe uma biblioteca em que as estantes não guardam páginas, mas pessoas. Criada em 2000 por Ronni Abergel e outros colaboradores, a Biblioteca Humana (Human Library) nasceu com um objetivo ousado e simples ao mesmo tempo: transformar o ato de “ler” em um encontro vivo, onde a curiosidade encontra a empatia. Ali, o leitor não pega emprestado um romance ou um ensaio: pega emprestado uma pessoa. Cada livro humano é alguém disposto a contar sua história, partilhar sua experiência de vida, abrir-se como um capítulo vivo diante do ouvinte. Entre esses títulos encontram-se pessoas que já enfrentaram preconceito, exclusão ou julgamentos apressados: um refugiado, uma pessoa em recuperação do vício, um policial, alguém que vive com HIV, uma pessoa trans, um imigrante, alguém em luto. Cada encontro é uma oportunidade de derrubar estereótipos e ampliar horizontes. A metáfora é poderosa: ao abrir um livro humano, não há páginas para virar, mas sim pausas, olhares e palavras que...

O Mito de Sísifo

Empurrar uma pedra morro acima e vê-la despencar morro abaixo, tendo que reiniciar o trabalho sempre. Que atire a primeira pedra quem já não carregou a sua. Há livros que não apenas se lêem, mas se vivem. O Mito de Sísifo, de Albert Camus, é um desses encontros raros. Publicado em 1942, em plena Segunda Guerra, o ensaio parece dialogar diretamente com o nosso tempo, em que tantas certezas se esfarelam. Camus parte de uma pergunta simples e devastadora: vale a pena viver? Quando o mundo parece indiferente, quando nenhuma explicação última nos consola, o que resta? Camus chama de absurdo o choque entre o desejo humano por sentido e o silêncio do universo. Não se trata de provar que a vida é sem propósito, mas de reconhecer que o mundo não responde às nossas exigências de ordem. A tentação é buscar uma saída — um Deus que garante sentido, uma ideologia que promete redenção, um “amanhã” que justifique o hoje. Camus recusa essas promessas. Para ele, “não há amanhã”. E é exatamente aí qu...

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