Esta semana estive na rua José Paulino. Para quem não conhece, esta rua fica em um bairro antigo e charmoso de São Paulo chamado Bom Retiro. Lar de imigrantes, de pessoas que vieram para o Brasil com esperanças e força de vontade, pessoas que construíram esta cidade que tanto amo. Em minha memória afetiva, o Bom Retiro ocupa um lugar de amor, aconchego e saídas com minha mãe e com meu pai. Não éramos uma família abastada e a José Paulino era um bom lugar para adquirir roupas por um bom preço. O passeio sempre começava na estação de trem Pirituba, era a parte que eu não gostava muito. Partíamos de lá em direção a Estação da Luz, aquele esplendor de lugar. Eu ficava sempre de queixo caído olhando para aquela arquitetura monumental. De lá seguíamos a pé margeando o Parque da Luz, sempre evitando passar embaixo das jaqueiras, com seus enormes frutos que caiam na calçada sem aviso. Era uma aventura. Rapidamente estávamos na José Paulino. E lá entravamos e saíamos de lojas em um vai e
Quando penso em poesia, sempre me vem à mente uma profusão de imagens que se sobrepõe em camadas, como uma boa pintura, que aos poucos vai formando um sentimento que se fixa, mas não se explica. Complexo e ao mesmo tempo simples. É como olhar um bosque cujos planos se completam com árvores, flores, pássaros, riachos, céu, o ar que dança por entre as folhas, os pequeninos insetos que volteiam nos espaços livres. O olhar não se detém nos detalhes, não de inicio, mas o todo nos provoca emoções, muitas vezes inexplicáveis em palavras. Poesia é isso. É emoção, é frequência e conexão. Quando penso na expressão poesia sempre me vem à mente o famoso haikai de Bashô ( Furu-ike/ ya / kawazu/ tobi-komu / mizu-no-o-to ) Velho lago, Uma rã que mergulha, ruído d’água. Na simplicidade de um cenário que nos apresenta um tanque, em algumas traduções “pequeno lago”, Bashô nos leva ao momento que olhamos para o tanque e vemos rapidamente o rã pular. Qual é a forma e a cor daquela rã? Nã