Pular para o conteúdo principal

A triste notícia de Mestre e Doutores Garis

O Rio de Janeiro abriu concurso para garis. Mas o que seria uma ótima oportunidade para trabalhadores que não tem formação profissional, que estudaram só até a quarta-série, demonstrou ser o retrato de um país doente, cujo estudo e conhecimento é tratado como supermercado e dados estatísticos; um lugar onde mestres e doutores (no verdadeiro sentido da palavra (1) ) são apenas e exclusivamente títulos.
Quem se inscreveu em peso foram exatamente estas pessoas – mestres e doutores – que deveriam pertencer aos quadros universitários e tecnológicos do país, e eles estão lá, se candidatando a uma vaga de gari.
Todo trabalho é digno, toda profissão que é executada com honestidade e dedicação merece nossos aplausos. A profissão de Gari é absolutamente digna. Sem eles, estaríamos imerso em uma sujeira sem fim, e inumeráveis doenças. O caso é que, varrer ruas não é o lugar de mestres e doutores.
Em face do acontecido eu pergunto: se mestres e doutores estão se candidatando a varrer ruas, quem está nas universidades fazendo aulas, garis? A pergunta é válida na medida em que, no Brasil, diploma universitário é carteira de trabalho. É ridículo!
Será que não está na hora de fazer mudanças drásticas no sistema de ensino? Será que o presidente Lula não entende que, não basta criar as terríveis cotas de vagas, as bolsas etc., para as universidades? Quantidade de pessoas nas universidades não é sinônimo de melhoria de ensino, muito pelo contrário.
Dizer que aumentou em x% o número de alunos não significa melhoria na educação, significa complexo de grandeza.
O que aconteceu com os nossos cursos superiores em dois anos? Morreram. Quem matou? A ignorância do mercado de trabalho que não aceita este diploma como de curso superior, e que em pouco tempo pedirá pós-graduação e fluência em duas línguas para contratar faxineiras.
Eu trabalhei em um curso de dois anos para alunos de Criação e Produção Publicitária e pude comprovar a qualidade e a perfeição técnica que cada um deles atingia ao final do curso. Na prática, eles estavam mais aptos ao mercado de trabalho que alunos de cursos de quatro anos, por que a teoria era dada aliada a uma prática exaustiva da profissão.
Então eu pergunto. Se o Brasil é craque em seguir modelos internacionais em diversas áreas, por que é que continuamos a ser “tupiniquins” em educação? Por que não implantamos o sistema inglês de Educação?
A resposta é muito clara: irá dar trabalho, exigirá mais de todos, principalmente do governo, e irá mexer com muita gente como os Conglomerados de Universidades Supermercados, Cursinhos, Empresas que vivem de criar exames, Conselhos de Classes que não admitem nível técnico em suas áreas, etc, etc, etc. É a mesmice. Na verdade é melhor a ignorância. O futuro, pouco importa, afinal quando ele chegar boa parte dos que hoje comandam o país já terão partido desta para melhor, ou para pior, quem saberá?

(1) Doutor, no verdadeiro sentido da palavra é aquela pessoa que faz o doutorado, ou seja, realiza estudo, pesquisa para atingir a um grau de conhecimento superior. No Brasil há uma desvalorização, pois qualquer um é chamado de doutor. Advogado não é doutor, assim como professor não é tio.

Comentários

  1. Os desta geração não terão mais do que isso: Concursos de garis e coisa e tal, pois são já filhos da irresponsabilidade, do fôda-se, fica assim mesmo... São filhos também do analfabetismo crônico, pai da falta de perspectivas imposta por gente sem compromisso com a nação.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigada, seu comentário é muito importante.
Caso vá comentar no modo anonimo, por favor assine seu comentário.

Obrigada pela participação.

As mais vistas

A princesa dos olhos tristes

Se vocês me permitem um pequeno comentário intimo, há uma “mania” na família de minha mãe de colocar nome de princesas nas filhas. Naturalmente começou com a minha, que me batizou de Soraya (em homenagem a princesa da Pérsia, Soraya Esfandiary Bakhtiari), depois minha prima batizou sua filha de Caroline (Homenagem a filha da belíssima Grace Kelly, rainha de Mônaco) e alguns anos depois, meus tios colocaram o nome de Anne (princesa da Grã Bretanha), em minha prima. Então é fácil imaginar que vivemos em clima de “família real” boa parte de nossa infância e adolescência. Mas, de todas as histórias reais, a que mais me intriga e fascina é a da princesa da Pérsia, por ter sido uma história de amor com final infeliz, mas não trágico. Soraya foi a esposa e rainha consorte de Mohammad Reza Pahlavi, Xá da Pérsia. Conheceram-se na França, na época em que Soraya fazia um curso de boas maneiras em uma escola Suíça. Logo ela recebeu um anel de noivado com um diamante de 22,37 quilates. O casamento ...

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, as...

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza...

Seguidores