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O Hobbit

Autor:  J.R.R. Tolkien
Tradutor: Lenita Maria Rimoli Esteves
Editora: Martins Fontes
Número de páginas: 304
Avaliação do Prosa Mágica:  10


“O mundo está dividido entre aqueles que já leram “O Hobbit” e O Senhor dos Anéis e aqueles que ainda não leram.” Disse o The Sunday Times. Impossível não concordar com ele.

Na prática quem me apresentou a obra de Tolkien foi o cinema, em uma experiência não muito agradável. A primeira vez que ouvi falar de O Senhor dos Anéis foi no lançamento do filme aqui no Brasil. A história me pareceu interessante e fui assistir logo que saiu. No entanto, confesso que não hora não gostei. O excesso de Orcs e outros bichos brigando, gritando foi uma experiência mais incomoda que agradável. No entanto, tempos depois, recebo de presente de minha tia o exemplar com a obra completa, e depois de um longo período olhando para aquelas mil e poucas páginas, começo a ler. Foi ai que a magia do autor explodiu em mil facetas. Um encantamento que me fez completar a leitura em 10 dias. Foi outra experiência, e confesso que fiquei ansiosamente esperando para assistir os três filmes. Quando acabou me senti órfã.
Passou-se um tempo, exemplares de O Hobbit brotavam nas livrarias. Um mais bonito que o outro. O filme estava chegando, e a editora aproveitou para relançar o livro. Sorte nossa como leitor. Como leitora compulsiva, comprei O Hobbit e ele habitou minha estante, por algum tempo, sem que eu lesse uma única página.
Recentemente, impulsionada pela leitura de Bewoulf (na tradução de Tolkien) finalmente O Hobbit saiu da estante para que me apaixonasse mais ainda pela obra do autor.
O Hobbit, para quem não conhece, é a história de Bilbo Bolseiro quando jovem. Até então, ele era alguém calmo cuja única aventura era fumar seu cachimbo e fazer bolinhas de fumaça. É quando entra em sua vida o mago Gandalf e os anões da companhia de Thorin que irão levar Bilbo a uma expedição repleta de aventuras e perigos, para um encontro com o dragão Smaug que roubou o tesouro dos anões e o guarda com avidez na Montanha Solitária.
Um enredo simples, mas que nas mãos de Tolkien se transformaram em uma obra prima.
Se me permitem, vou comparar o livro com o filme, consciente de que se tratam de duas matrizes de linguagem diferentes, e portanto são duas obras distintas que se complementam em alguns pontos.
Vou colocar meu foco principal em Bilbo, que no livro é bem mais discreto e profundo. Um herói que não se enxerga como um deles. Alguém que está mais focado no interior de cada um, na simplicidade do cotidiano como estar em casa, usufruir de um jantar saboroso, fumar seu cachimbo e olhar para seu lar limpo e organizado. Bilbo demonstra muitas vezes que conhece os sentimentos humanos muito mais que os Elfos, seres longevos; o mago, integrado com a natureza; e os anões, preocupados apenas com o material.
Nesta parte Tolkien é certeiro quando os divide em três classes distintas: - Elfos, que se consideram os melhores. Podem não ser os mais ricos, mas possuem “títulos” e são corajosos e sábios. – Anões, trabalhadores ávidos e grosseiros cuja única preocupação é os bens materiais; - Mago, cuja conexão com o mundo se dá apenas pela espiritualidade.
Bilbo se destaca destas três classificações, por que é um pouco de cada uma delas. É materialista, por que gosta de suas refeições, seu lenço limpo e sua cama aconchegante; É mago, por que possui em seu intimo uma conexão quase perfeita com o que realmente interessa na vida – o espiritual se refletindo na natureza e a compaixão pelo próximo; e é Elfo por que possui a coragem e a sabedoria de seres que já viveram por eras.
O Bilbo do livro não é exatamente o mesmo Bilbo do filme. No livro ele é bem mais real, plausível, próximo de cada um de nós. O filme destacou mais a aventura e deixou suas reflexões de lado. No entanto, esta visão complementa a leitura, mas não se basta sozinha.
O Hobbit nos prepara para O Senhor dos Anéis e, portanto, se você nunca teve a coragem de ler as mais de mil páginas, comece pelo Hobbit. Com certeza, o desafio de leitura será bem mais leve.
Em resumo, há muito que falar sobre O Hobbit, mas isto ficará para uma segunda resenha que virá mais tarde.

Aconselho a leitura e depois o filme. Com certeza uma experiência inesquecível.

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