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Como a nossa vida é linda


Sabe aquela leitura que a cada página virada seu coração se aquece mais e mais? Não é bom demais ler algo assim?

Como a nossa vida é linda” do vovô Chan e da Vovó Marina é uma livro que nos inebria com sua beleza e nos aquece com suas palavras e todo o amor contidos nos textos e nos desenhos.

Kyong Já An e Chan Jae Lee são um casal de coreanos que viveram 36 anos aqui no Brasil. Aqui criaram seus filhos e depois curtiram seus netos com tardes alegres, o ir e vir da escola e todas as atividades que a maior parte dos avós fazem com seus netos.

Acontece que a filha deles decidiu voltar para a Coreia e com ela levar os netos. O filho, foi para os Estados Unidos em busca de oportunidades levando Astro pequenininho e já morando lá, nasce Lua a neta mais nova.

E os avós como ficariam sem seus netos?

Vovô Chan durante um almoço com seu filho, refletiu sobre essa distância e sobre o que os netos levariam dele nesta vida, já que os avós não estariam mais no cotidiano deles e quando os netos fossem mais velhos , provavelmente ambos os avós não estariam mais neste Terra.

Foi ai que surgiu a ideia de criar uma espécie de Cápsula do Tempo no Instagram. Lá no Drawings for my grandchildren, Vovô Chan cria cenas do cotidiano, de sua história, de momentos que passaram com os netos aqui no Brasil e a vovó Kyong escreve os textos, que são apresentados em três línguas diferentes: português, inglês e coreano.

Pois é, o Instagram deles viralizou, conquistando mais de 411 mil seguidores. A repercussão foi tamanha que as postagem viraram este belíssimo livro, que além de uma obra de arte é uma declaração de amor a vida.

As observações dos avós Chan e Marina são delicadas e sensíveis,  como o homem dormindo no carrinho de pegar recicláveis, no vendedor de alho, no cego que visita a exposição de desenhos do vovô, nas observações sobre o comportamento generoso dos brasileiros e na pequena gralha que parece cantar diferente no retorno deles à Coreia.

Chan e Kyong são um casal de idosos, que aprenderam a duras penas lidar com a tecnologia para se manterem conectados com os netos, e com isso deram um salto em suas vidas que eles mesmos nunca imaginaram.

Idosos normalmente não estão ligados na tecnologia, existe uma dificuldade de compreendê-la e com isso acabam se isolando da sociedade, do mundo. Por outro lado, os mais jovens negligenciam os mais velhos, exatamente porque não se enquadram na tecnologia. No entanto, a idade é sinônimo de sabedoria, de experiências ricas, de paixões e sonhos que devem ser compartilhados com todos nós.

Quando um casal como Chan e Kyong se dispõe a quebrar a barreira tecnológica, sem preconceitos e sem medos (O casal tem uma conta no TikTok, na qual dançam sem nenhuma vergonha), eles conclamam a sociedade para prestar atenção aos idosos, amá-los e auxiliá-los neste mergulho do século XXI.

Hoje vovô e vovó vivem novamente na Coreia, mas continuam a se comunicar com os netos através de suas histórias e seus desenhos no Instagram. Eles criaram uma espécie de memorial que perdurará por gerações, mesmo que o aplicativo deixe de existir um dia. Há o livro, os desenhos, os textos e todo o carisma que esse casal apresenta.

Termino esta postagem com um trecho que está no livro:

“Ei, crianças, quanto mais eu penso, mais coisas estranhas percebo na vida.”

Espero que o casal olhe cada vez mais para as incríveis coisas estranhas e nos apresentem sempre a beleza infinita do momento.

Preciso dizer que recomendo a leitura?

 

Autor: Kyong Ja An e Chan Jae Lee

Tradutor: Ana Ban

Ano de lançamento: 2022

Editora: Sextante

Gênero: Literatura Coreana/Ficção Coreana

Páginas: 304

Avaliação Prosa Mágica: 10

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