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A Ilha Perdida

Vamos começar do principio: - Isso não é uma resenha e nem teria como ser. A Ilha Perdida é um livro que faz parte do meu histórico como formação de leitora, e é claro que uma miríade de sentimentos está envolvida no que vou falar aqui.

Em primeiro lugar é importante dizer que nunca li um livro da Coleção Vaga Lume obrigada, porque nenhum professor me solicitou. Eu lia os livros que pediam para meu irmão, dois anos mais novo e que pegou a onda das escolas publicas trabalharem a coleção.

Meus professores me apresentaram os clássicos ingleses. Li Jane Eyre (Charlotte Brontë), David Copperfild(Charles Dickens), Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë), todos eles das Edições de Ouro. Eu já era uma apaixonada por leitura e acabei me encantando cada vez mais.

Lembro-me da primeira leitura de A Ilha Perdida, a aventura de dois meninos que resolvem desobedecer ao tio e atravessar o rio de barco para explorar uma ilha misteriosa, no meio do rio. Era emocionante e ao mesmo tempo transgressor.

Eduardo e Henrique, dois meninos da cidade, se embrenham mata adentro buscando o desconhecido, tentando explorar a ilha, como se tivessem em um filme de aventura. Talvez um Robinson Cruzoé da modernidade.

A história encanta por sua pegada ecológica, pelo respeito que Simão, o eremita da ilha, apresenta com suas falas e lições para o pequeno.

Tudo isso sem ter a aparência de lição de moral, sabe, como as fábulas que no final sempre tem a frase: ”moral da história”.

Sempre gostei da história, e a segunda leitura me provou que A Ilha Perdida é atemporal. Sim, para as coisas boas e para as cenas dispensáveis, como a do julgamento dos macaquinhos. Nunca gostei daquela parte do livro e a segunda leitura me fez gostar menos ainda.

Alguns dos temas da obra estão focados na forte relação entre o ser humano e a natureza, além de uma intensa e extensa exposição do território selvagem sendo domesticado. A obra conecta-se com o pensamento da época.

Maria José Dupré foi hábil em sua escrita, que mesmo conectada com a época em que viveu, ou seja, uma obra com meninos aventureiros, natureza como algo a ser contido também traz elementos de uma contemporaneidade contundentes.

Não tem como não gostar da obra, mesmo depois de tantos anos, ela é tão atual que você se esquece de que está lendo um livro infanto-juvenil e se conecta, como fazemos dentro da sala de cinema ao apagar das luzes.

Maria José Dupré era uma mulher visionária e ousada para seu tempo. Foi uma das fundadoras da Brasiliense, editora que publicou pela primeira vez A Ilha Perdida, antes do livro passar a ser publicado pela Ática, com a deliciosa Coleção Vaga-lume.

Recomendo a leitura e se você leu e releu, me conta nos comentários.

Capas antigas de A Ilha Perdida.

Autor: Maria José Dupré

Série:  Vaga-lume

Ano de lançamento: 1944

Ano desta edição: 2015

Editora: Ática

Gênero: Novela Infanto/juvenil

Páginas: 152

Comentários

  1. Engraçado, que pouco tempo atrás, eu li este livro e recomendei para meus netos. Creio que ainda o tenho na minha biblioteca. O que acho maravilhoso neste livro, que me remete à infância, quando eu e amigos , saíamos cedo de casa para "explorar" os riachos e matas da região e muitas vezes só voltávamos a tarde. Algumas vezes éramos recepcionados por uma surra de chinelo, mas éramos felizes. Sinto pena dos jovens de hoje! O lugar mais distante que vão sozinhos é talvez num shopping, num clube ou no seu quarto e muitas vezes levados e buscados pelos pais. Acabou a aventura. Vai chegar um dia que a juventude não vai saber distinguir uma vaca de uma cavalo, pois nunca viram estes animais ao vivo. Uma pena!

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