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Inferno

Autor: Dan Brown
Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu
Editora: Arqueiro
Número de páginas: 448
Ano de Lançamento: 2013 (EUA)
Avaliação do Prosa Mágica:  9
                             

Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta.
Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma.
O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince. 
Mapa do Inferno. Botticelli.
Então, quando você descobre que está sendo enganado, assim como o brilhante Robert Langdon, a sua opinião vai se transformando lentamente, e passa de pura revolta a admiração. É genial a manipulação que Dan Brown consegue fazer conosco. É incrível!
A temática é controversa, e isso deve justificar a quantidade de resenhas internacionais negativas sobre esta obra. O pano de fundo da obra nos leva a pensar quais são os limites éticos da ciência, e o quanto devemos manipular para que o bem coletivo se sobrepuje em relação ao bem individual? Pode o ser humano manipular seu DNA de forma a criar um super-humano? Pode um cientista fazer a vezes da natureza e exterminar um terço da população mundial? Quem são os transhumanistas e o que estão pregando? Até onde o livre-arbítrio vai quando é necessário salvaguardar a saúde mundial? Como seria se as pessoas recebessem vacinas e tivessem seu DNA modificado sem que elas mesmas soubessem? E por esse caminha vão muitas outras questões de importância bem mais que filosófica.
Vou contar um pouco de minha experiência com esta leitura, já que sou uma grande admiradora da obra de Dan Bown, mas vamos começar por uma sinopse de Inferno.
Tendo como estrutura a viagem de Dante e Virgilio na obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri, Dan Brown constrói um thriller. O famoso simbologista Robert Langdon acorda de repente em um hospital em Florença. Não se lembra de nada, nem mesmo de ter viajado para aquele país. De repente ele percebe que está sendo perseguido e pessoas tentam matá-lo. Ao lado da Dra. Sienna, ele começa uma busca para entender o estranho objeto encontrado em seu paletó. Robert se vê diante de uma intrincada sequência de códigos que foram criados por uma mente brilhante e estarrecedora.
Não tem sinopse que possa explicar exatamente do que se trata o livro. Eu comecei a ler e sentir o estranhamento antes de acabar a décima página. Dan Brown tem um ritmo e um estilo único, que não estava presente na obra. De repente havia apenas Robert, Sienna e um tal de Diretor. Era só isso, ao lado de  uma série de pesadelos que Robert tinha com o Inferno de Dante. A trama parecia não andar, era como se o autor nos tivesse colocado dentro de um labirinto e depois não encontrasse a saída.
Confesso que isso irritou, por que não era o esperado. Eu queria ler aquela trama que tira o fôlego, que você não tem vontade de largar, e não foi o que aconteceu.
Santa Sofia - Turquia.
Persistência é bom, e em Inferno isso foi mais que necessário. Então, você passa da página 200 e começa a perceber que foi enganado. Que Dan Brown nos ludibriou com sua trama. E é ai que mora a genialidade. Isso incomoda muito? Com certeza. No entanto, o autor nos faz sentir-se na pele de Robert. A estranheza, o medo, a desconfiança e é neste exato momento que você percebe que foi sugado para dentro da trama.
Então o autor surge em todo o seu esplendor. Mesmo assim você continua desconfiado, mas já está tomado pela trama, e o único jeito de parar é ir até o fim. E então, tudo o que você imaginava cai por terra novamente e você descobre que a grande discussão passa longe da catástrofe e envereda pela filosofia e a ética. É genial!!! É monstruoso!
Confesso que adorei o livro, que ele conseguiu me surpreender, que de certa forma Dan Brown nos mostrou que está pronto para escrever da forma que desejar, mas que a sua formula original é algo especial que todo o leitor cativo espera ver.
Cisterna Pública - Medusa virada.
Não sei se quero ver o filme sobre esta obra. Não acredito que tenha um diretor que possa ser capaz de transformar inferno em algo interessante de se ver na telona, sem cair ou no comercial ou no banal. Inferno é obra para se ler e imaginar, assim como a Divina Comédia. Não consigo imaginar alguém que tenha estomago para assistir duas horas ou mais de pessoas se acabando nas esferas do inferno, e depois tendo seus olhos furados para subir o monte purgatório. Dante, assim como Brown, são gênios para serem lidos.

Posso considerar, sem sombra de dúvidas, que Inferno foi uma experiência de leitura sobrenatural.

Comentários

  1. Oi, Soraya.
    Eu sou fã de Dan Brown e sempre me surpreendo com seus livros. Li Inferno no começo do ano, durante minhas férias. Não consegui largar!!
    E assim como você, não tenho vontade de ver essa história nas telas! Não gostei muito das outras adaptações dos livros dele.
    Beijos
    Camis - Leitora Compulsiva

    ResponderExcluir
  2. oi Camila, eu acho complicado a adaptação dos livros dele. São histórias tão intrincadas e dinâmicas que até agora não conseguiram fazer um trabalho decente.
    Bjs

    ResponderExcluir
  3. Soraya, adorei sua publicação. Fazia alguns dias que não lia seu blog mas ele esta otimo. Inferno é um livro que ainda não li e estou ensaindo faz algum tempo, mas depois da sua publicação, vou faze-lo,
    Um grande abraço.

    Luis

    ResponderExcluir

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