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Mostrando postagens de agosto, 2023

Amor Maior

Este é um livro diferente, não só porque foi escrito a duas mãos, mas por que a história surgiu na cabeça do produtor musical Daniel Figueiredo que já possui uma carreira sólida com mais de 30 anos compondo trilhas sonoras. Na trama de Amor Maior, os irmãos Alma e Almir, vitimas de abandono e de preconceito social são deixados por sua mãe em um orfanato. É claro que, assim como nas histórias de Dickens, os irmãos vão sofrer horrores no orfanato e acabam fugindo e vivendo nas ruas do Rio de Janeiro. Na tentativa de sobrevivência eles encontram boas almas como a de Dona Gegê, mas também encontram muita violência Um engano leva Almir para a prisão e Alma a tomar uma decisão que a prende em uma relação abusiva. É uma trama social, que relata a problemática em que vive parte da população que mora em grandes cidades na qual a violência aumenta o preconceito e faz sofrer vitimas inocentes. Mesmo tratando de um assunto denso, o livro é gostoso de ler, porque você tem a sensação de esta

Como a literatura transforma a simples existência em algo significativo

          Gosto de pensar na frase do grande romancista africano Chinua Achebe que afirma “Ver o mundo a partir da posição da pessoa fraca é uma grande educação.” (1) Concordo com ele. As histórias nos ajudam a sobreviver a momentos ruins. Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de Despejo, não escreveu um livro para ser publicado, escreveu um diário no qual compartilhava com o universo suas impressões, suas dificuldades e seus pensamentos. O livro veio depois, não era o objetivo. As palavras, quando organizadas para contar uma história nos ajudam a compreender o mundo, nos indicam caminhos, porque um contador de histórias precisa necessariamente se colocar na pele do outro para transmitir verdade no que diz. A literatura então, vista dos dois pontos de vista, o olhar do escritor e o do leitor, é indispensável para formar o caráter, para desenvolver empatia e principalmente para que ambos vivenciem vidas que nunca seriam possíveis dentro de suas realidades. Quando escrevo fa

10 livros para ler antes do vestibular

Confesso!!! Nem preciso de incentivo para isso. Fiz este post pensando no meu sobrinho que vai para o 3º ano do Ensino Médio, aquele ano que eu chamo de “o inferno dos infernos”. E quem já passou por isso não me deixa mentir. Só de pensar já dá frio na barriga e pesadelos a noite. Vestibular é um período que assombra a vida de adolescentes há décadas aqui no Brasil. Digo isso porque sempre tive a sensação que esta prova ignora toda a trajetória escolar do aluno para focar apenas em um momento, que pode ter êxito ou ser um desastre, mesmo que o aluno tenha sido exemplar ao longo dos anos escolares. Neste quesito confesso que prefiro o modelo americano de admissão nas universidades. Passei por isso e sei o quanto é traumatizante.    O grande problema é que, de certa forma, como tudo no Brasil acaba ficando para última hora. Revisão de matéria, leitura de livros obrigatórios, etc. Quando na verdade o aluno deveria se preparar desde o segundo ano do Ensino Médio para esta época. Di

Mulher com Brinco de Pérolas

Com sua faixa azul no cabelo e a pérola que ganhou recentemente de seu pai a mulher tinha um ar encantador e ao mesmo tempo misterioso. Quando o pintor pediu que ela se posicionasse em frente à janela, agradeceu a Deus pelo dia estar nublado. O sol poderia ser cruel àquela hora do dia, principalmente para uma pessoa que tinha a pele de marfim. Era incomodo ficar assim por horas, mas seu pai havia obrigado a isso. Queria um quadro dela enfeitando a lareira. A mulher lançava um olhar inquisitivo para o pintor. Ele era bonito, mas não tinha esplendor ou brilho. Era como uma tinta vivaz que havia sido guardada tempo demais dentro do pote de vidro e agora estava sem brilho e desbotada. Ela olhava para os dedos dele, bem formados e sujos. As unhas apresentavam uma coloração negra, que se azulava em alguns pontos. Agora, com o pincel nas mãos, respingos amarelos escorriam lentamente pelos dedos e caiam no chão formando pequenos sóis no piso. Não era nada demais, poderia até ser comum,

O Hobbit

“Bilbo Bolseiro era um hobbit que vivia em sua toca de hobbit e nunca saía para aventuras. Finalmente Gandalf, o mago, e seus anões o persuadiram a ir, Foi muito emocionante combater contra gobelins e wargs. Finalmente chegaram à montanha solitária; Smaug, o dragão que a guarda, é morto e após uma espetacular batalha contra os gobelins ele voltou para casa – rico! Esse livro, com a ajuda de mapas, não precisa de nenhuma ilustração é bom e deve agradar a todas as crianças entre 5 e 9 anos.” ( 1) Quem diria que este relatório, produzido por uma criança de 10 anos, decidiu a sorte do manuscrito de Tolkien, e nos presenteou com uma história incrível que povoa nosso imaginário até os dias de hoje.   Bem vindo às resenhas de releitura. Li O Hobbit já tem alguns anos e confesso que a leitura se perdeu no tempo devido ao fato de ver e rever os três filmes produzidos e dirigidos por Peter Jackson. De certa forma a imagem havia me seduzido em detrimento das palavras. No entanto, este a

Rouxinóis e propósito de vida

Tem um conto de fadas dinamarquês muito bonito que se chama O Rouxinol e o Imperador da China que eu vou tentar resumir aqui. Nele havia um Imperador que morava em um suntuoso palácio cercado por um belo jardim. Suas terras eram tão imensas que ele não conhecia o limite delas. Em suas terras, próximo a um lago profundo vivia um rouxinol, cujo canto era tão belo que todos se encantavam, e os visitantes estrangeiros ficavam tão impressionados que falavam do rouxinol quando chegavam em suas casas. Um dia o Imperador leu em um livro sobre o rouxinol e ficou espantado: - Como assim? Eu não sei nada sobre um rouxinol. - E chamou seu marechal e ele também não sabia. Assim, houve uma verdadeira busca, mas ninguém dentro do palácio sabia nada sobre o tal rouxinol. Foi uma garotinha simples, que trabalhava na cozinha que levou a corte até o pequeno rouxinol. Lá, com toda a sua simplicidade ela disse ao pássaro que o imperador desejava ouvi-lo. Já no palácio, em meio a uma suntuosa festa, o

Lições de Magia

Em meio a um planeta sombrio, repleto de indícios de uma guerra iminente, cercada pela violência, pelo medo e pela incerteza de um futuro promissor na Terra, ler um livro como Lições de Magia é um bálsamo (Não uma fuga), mas uma lição de que gentileza gera gentileza, o que você faz aos outros volta em dobro para você, e que a verdadeira magia que existe no mundo é o amor. Depois de uma introdução assim, que não pretendia ser sombria, mas realista, resta dizer que Lições de Magia é um bom livro, que vai te absorver e te colocar diante dele até que a última página seja lida e finalmente você possa respirar em paz. Bons livros são assim, e olha que ele não é perfeito.  Alice Hoffman poderia ter nos poupado de umas cem páginas que contêm algumas cenas que eu, como escritora, dispensaria do livro. Lições de Magia é o quarto livro de uma saga, mas que na verdade deveria ser o primeiro, pois é com ele que tudo se inicia. Maldição, amores, desencontros. O livro conta a história de Mari

Tempo, vai na fé!

          “Não me iludo Tudo permanecerá do jeito que tem sido Transcorrendo, transformando Tempo e espaço navegando todos os sentidos.”   Gilberto Gil é um gênio. Bem, isso todo mundo sabe. Tempo Rei é não só poeticamente linda, mas também um retrato perfeito da vida, da passagem do tempo em nossas vidas. Começo o primeiro post do Sexta de Prosa de agosto com Gil, porque não há melhor forma de começar. Digo isso porque o segundo semestre do ano, geralmente, é tempo das pessoas começaram a correr atrás de tudo o que não fizeram no primeiro. Do regime, do exercício físico, das pendências que foram se arrastando ao longo dos seis primeiros meses e se acumularam. Na verdade, é uma generosidade pensar que tudo se inicia agora, para alguns seres humanos a conta de 2023 somente cairá lá por outubro. Primeira lição que se tem, agosto é igual a julho que é igual a junho, maio, abril, ou seja, são apenas nomes que dividem nosso ano em doze períodos. Poderia ser dois, ou se lá nos

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