Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2023

A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen

Li este livro em 1987. Estudava teatro na Escola Macunaíma e o livro foi indicado como leitura para um debate que se sucedeu a uma palestra. Lembro-me que a leitura me impressionou e os conceitos passados eram muito maiores que a quantidade pequena de páginas que ele apresentava. Passaram-se os anos, o livro de capa preta acabou indo para doação e caiu no esquecimento consciente. É provável que um pouco do conhecimento transmitido por ele tenha ficado de forma subconsciente no meu ser. No mês passado, durante um colóquio de um curso incrível que estou fazendo, foi me recomendado que lesse este livro. Uma grande surpresa dentro das indicações literárias recebidas. Comprei uma edição nova, desta vez prefaciada pela Monja Coen e me dediquei à leitura. É como um chamado, uma conexão que ligou o que estava no subconsciente com a leitura atual, não só pela nova edição, mas porque eu também sou uma nova edição de mim mesma, após tantos da primeira leitura. Eugen Herrigel, autor de A A

O Ser Criador

Querido leitor e leitora,   Tenho pensado bastante sobre a criação, não no sentido religioso, mas filosófico. Percebo que as culturas através dos tempos também pararam para refletir sobre o assunto. Quando nos posicionamos para criar um livro, um quadro, uma música, um mural e qualquer outra forma artística possível a um ser humano, nos deparamos diante do dilema da criação. Qual seria este dilema? - Tirar de um caos interior algo que tenha um significado, um sentido uma informação. Tudo ao mesmo tempo. Criar é enfrentar o caos, é organizá-lo, é conseguir encontrar o tudo que se encontra dentro do aparentemente nada. Os antigos sempre foram muito bons em retratar isso. Ovídio em seu poema As Metamorfoses diz o seguinte:   “Antes que a terra, o mar e o céu tomassem forma, a natureza tinha apenas uma única face, chamada Caos: uma massa crua e desestruturada, um conglomerado de matéria composta por elementos incompatíveis. Nenhum elemento estava em sua forma c

O Clube de Leitura de Jane Austen

          Fazia tempo que eu queria ler este livro. Incentivada pelo delicioso filme, a história me chamou atenção logo de cara, mas confesso que fiquei com medo de me decepcionar. Finalmente encarei a leitura e foi uma agradável surpresa, porque o livro não foge a regra, é muito melhor que sua versão audiovisual. Na trama você tem seis personagens Jocelyn, Bernadette, Sylvia, Allegra, Prudie e Grigg que se reúnem para falar sobre os livros da Jane Austen: Emma, Razão e Sensibilidade, Mansfield Park, A Abadia de Northanger, Orgulho e Preconceito e Persuasão. A trama mistura a vida dos personagens do clube de leitura com os personagens de Jane Austen. De certa forma a autora os identifica. É um livro de cenas, que se inicia com Jocelyn e suas relações amorosas não duradouras, fato que parece ter relação com algo que aconteceu em seu passado, no dia da formatura. Ao mesmo tempo, desenrola se a conversa sobre Emma, uma personagem forte de Jane Austen, mas que me parece deveras mim

Prosa Mágica a Origem

          Queridos leitores e leitoras,   Este mês o Prosa Mágica está em festa. Completamos por aqui 13 anos de existência (15 anos com o nome antigo – Legi Signo). Ao longo dos anos ele foi mudando o design, se especializando cada vez mais em literatura e agora iniciando o desbravamento para falar um pouco do processo da escrita. Neste meio tempo lancei 4 livros, fiquei longos períodos sem atualizar o blog, retornei e assumi as garras e o leme deste espaço que me é muito caro. A ideia de trabalhar um blog começou em 2006. Naquela época o blog seria uma ferramenta de aprendizagem para meus alunos dos cursos de Redação Publicitária e Teoria da Comunicação. Naqueles tempos os blogs disponíveis eram horrorosos e cumpriam uma função de diário, mesmo assim levei adiante o projeto e quando tudo estava pronto... a faculdade fechou. Restou-me naquele instante um sentimento enorme de perda e um blog órfão. E agora? Eu estava diante de uma decisão simples: ou fechava o blog ou ali

A Queda de Númenor

Imagino que uma parte do público conheça Númenor pela série Os Anéis do Poder, da Prime Vídeo, um lugar que esbanja beleza e suntuosidade. A Terra de Miriel, Pharazôn, Elendil, Isildur, personagens que hoje fazem parte do imaginário de quem não é leitor da obra de Tolkien. No entanto, o que este público não sabe é que a obra de Tolkien é muito mais suntuosa que a série, algo tão gigantesco que fica difícil resenhar sem usar muitos adjetivos. Em 2022, talvez inspirado pela série, a Harper Collins fez um lançamento mundial do livro A Queda de Númenor, um apanhado de textos que conta cronologicamente a história da segunda Era. Brian Sibley, que editou brilhantemente o livro, reuniu informações de 10 ou 11 livros para contar de forma fiel o começo, meio e fim da segunda era, tendo como foco Númenor. Para quem não leu os três livros básicos da série (O Hobbit, O Senhor dos Anéis e o Silmarillion) talvez não conheça a história de Númenor. A ilha foi um presente para os Edains (Raça dos

É cor de Rosa Choque

               Querido leitor e leitora, Escrevo este texto em uma terça feira, em um triste dia em que recebemos a notícia da morte de Rita Lee. Fico me perguntando se ela morreu mesmo? Uma artista realmente morre, ou sua essência fica entranhada em nós, que ouvimos, curtimos e aprendemos juntos ao longo da carreira dela? Não há morte na arte, há ausência. Quando um artista se vai, como Rita Lee, sentimos falta do que ainda não aconteceu, das músicas que não ouviremos porque não serão criadas e cantadas, dos versos profundos que não tocarão nossos corações, da irreverência que não será demonstrada, da imagem que se esvanece. É isso, a morte na arte é daquilo que ainda não existiu, porque o legado permanece vivo, a essencialidade do ser permanece em cada palavra, em cada tom, em cada cara e careta ao longo de um show. Rita não queimou sutiã, não gritou contra princesas, não aboliu o rosa da sua vida, enfim, não precisou de panfletos para abrir caminho para outras mulheres. Rita Lee foi

Tributo à Lucinda Riley

          Conheci Lucinda Riley em uma tarde de maio, na livraria Cultura do Shopping Vila Lobos. Meu pai havia morrido há pouco e ele era um ávido colecionador de orquídeas. Quando vi o título do livro A Casa das Orquídeas, não tive dúvidas, levei para a casa e foi ai que começou minha paixão pela escrita da autora. Naquela época, os livros da Lucinda Riley eram da Editora Novo Conceito, que lançou grande parte da obra dela e iniciou a série As Sete Irmãs. Depois disso, a Editora Arqueiro comprou os direitos e está relançando alguns dos livros e trazendo novidades. A autora , uma aquariana irlandesa, é um fenômeno de criatividade. Suas obras nos fazem penetrar em um mundo que não queremos sair. Você mergulha no texto e não consegue parar enquanto a história não termina. E daí vem a ressaca, a tristeza de não ter mais a história e também a impossibilidade de ler algo diferente por semanas. Gosto muito de comentar que Lucinda Riley não era uma estrela, não no sentido ruim da palav

Ser feliz é a melhor vingança

          Fui desafiada por um amigo a escrever mais um texto sobre a felicidade, algo mais profundo, algo que toque na alma de quem lê. Pois bem, apresento humildemente meu texto. Não sei se atingi o objetivo proposto, mas confesso que me sinto alegre ao terminá-lo. - Você já pensou para que serve a felicidade? Será que a felicidade teria um caráter utilitário? Fico refletindo sobre o caráter utilitário, e confesso que não consigo afastar a imagem do livro A Metamorfose, de Franz Kafka , quando o personagem acorda pela manhã transformado em uma barata. É claro que se trata de uma metáfora incrível da forma como as pessoas são “coisificadas” pela sociedade, pela linha de produção e nos dias de hoje, pelas redes sociais. Será que a felicidade serve como um antídoto contra a coisificação do ser humano? Sabe aquele momento em que respiramos profundamente e sorrimos diante de tanta pressão que sofremos e a felicidade viria como uma espécie de remédio para que não nos transformemos em b

O Homem da Patagônia

Alerta! O romance de Paulo Stucchi é perturbador,  causa inquietação e é absolutamente viciante. Mais uma vez fiquei encantada com a escrita deste autor tão talentoso que transformou um tema árduo como o nazismo em um thriller  psicológico de arrepiar. Paulo nos leva a uma viagem até a Buenos Aires de 1958, em um período após a renúncia de Perón, que era um simpatizante dos nazistas e que deu refugio para muitos deles em seu país. O que gerou muitas histórias e teorias da conspiração que vivem até hoje no imaginário popular. Na trama ele nos apresenta o psicólogo renomado Sebastián Lindner, um profissional que já cometeu alguns abusos da ética profissional, mas ao mesmo  tempo é brilhante. Uma paciente apresenta Sebástian a uma jovem alemã, que busca tratamento para o pai, um refugiado nazista acometido por catatonia. Sebastián aceita o trabalho e passa a clinicar Albert Leipzik e conforme as sessões acontecem o psicólogo passa a querer saber cada vez mais sobre a vida deste hom

Seguidores