Querido leitor e leitora,
Escrevo este texto em uma terça feira, em
um triste dia em que recebemos a notícia da morte de Rita Lee.
Fico me perguntando se ela morreu mesmo?
Uma artista realmente morre, ou sua essência fica entranhada em nós, que
ouvimos, curtimos e aprendemos juntos ao longo da carreira dela?
Não há morte na arte, há ausência. Quando
um artista se vai, como Rita Lee, sentimos falta do que ainda não aconteceu,
das músicas que não ouviremos porque não serão criadas e cantadas, dos versos
profundos que não tocarão nossos corações, da irreverência que não será
demonstrada, da imagem que se esvanece.
É isso, a morte na arte é daquilo que ainda
não existiu, porque o legado permanece vivo, a essencialidade do ser permanece
em cada palavra, em cada tom, em cada cara e careta ao longo de um show.
Rita não queimou sutiã, não gritou contra
princesas, não aboliu o rosa da sua vida, enfim, não precisou de panfletos para
abrir caminho para outras mulheres. Rita Lee foi lá e fez sozinha, cheia de
graça e de talento.
Viveu o envelhecer de forma plena. Parecia
ser dona de um autoconhecimento sem limites e sem filtros. Os anos se
apresentavam em seu rosto como dádivas que ela não escondia atrás de
tratamentos de beleza. Sua fala foi mudando, sua irreverência, essência de Rita
permaneceu.
Parece até que estou ouvindo Rita Lee cantando,
neste instante: “E de repente resolvi mudar. E fazer tudo o que eu queria fazer...” Bailando no mundo dos espíritos, porque não se
pode fazer muita coisa quando se vive o processo da doença, quando se é pego
por um câncer malvado fica-se a mercê dele. Então, hoje, sei que finalmente ela
está podendo fazer o que sempre quis nestes últimos anos: ser livre, sem químios,
sem camas, sem hospitais, sem o medo e sem a dor.
Tudo foi falado sobre ela ao longo desta
semana. De seu talento, de suas músicas, de sua veia de escritora.
O que ficará em cada um de nós, realmente,
são todos os momentos no qual as músicas dela fizeram trilha sonora, das vezes
em que rimos, dançamos, choramos e namoramos ao som de Rita Lee.
É isso! Não há homenagem maior do que
passar o dia ouvindo suas músicas.
E, se quiser usar rosa, pintar o cabelo de roxo, vestir uma roupa muito louca, faça isso. Esta vida, na pessoa em que estamos, é uma só.
Bom final de semana!
Confesso que pretendia escrever uma pequena crônica sobre a Rita Lee, mas não creio que faria nada melhor que você fez. Parabéns, Soraya. Com certeza a Rita, em algum lugar, vai ler o seu texto.
ResponderExcluirLuis Antonio
Saudades do novo que não será criado pela pessoa de Rita Lee que se foi! O que já foi criado está aí para continuarmos a apreciar e viver das lembranças.
ResponderExcluirRinaldo