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Mostrando postagens de abril, 2023

A felicidade mora ao lado?

Começo esta postagem me lembrando de um filme icônico, no qual um ex-presidiário, em liberdade condicional, volta a sua cidade natal e lá acaba encontrando a felicidade em uma relação de amizade com uma mãe solteira que, fora das expectativas dele, o trata com bondade e amor. - Será mesmo que a felicidade mora ao lado? – Confesso não acreditar muito nisso. A diversidade de literatura de ficção que tenho lido ultimamente tem me feito pensar muito no conceito de felicidade e seus significados. Na Grécia antiga, por exemplo,  Sócrates, Platão e Aristóteles tinham suas opiniões sobre o tema. O “Conhece a ti mesmo” de Sócrates, por exemplo, nos leva a uma multiplicidade de análises, mas que acabam se resumindo em uma única palavra: autoconhecimento. O ação de nos conhecermos, nos leva a ter atos e atitudes coerentes com nosso ser, e é obvio que isso nos leva a felicidade. A compreensão sobre nós mesmos é a melhor alavanca para nos tornamos felizes. No texto “Apologia de Sócrates”

O Paletó do Pequeno Miguel

     O que desperta a sua curiosidade? O que despertava a curiosidade quando você era criança? O Paletó do Pequeno Miguel é uma história que fala da curiosidade, que fala do encantamento, daquilo que temos quando pequenos e perdemos depois de adultos. Será que perdemos mesmo? O livro me encantou porque me remeteu a minha própria infância, as curiosidades e dúvidas que povoavam o meu imaginário. Quem eram os personagens do cotidiano que me instigavam: o morador de rua com seu cachorro? A visinha que tinha uma casa com uma fonte no meio do jardim que parecia um palácio? O vendedor de bijou que ao longe sacolejava uma matraca barulhenta? A chuva que caia de repente, e dava uma vontade de sair e se molhar? Criança é assim mesmo. Elas olham e imaginam e questionam - e como questionam - mesmo que a pergunta nunca seja dita em voz alta. O Paletó do Pequeno Miguel se passa no Bom Retiro, um bairro que eu amo desde criança. Meus pais me levavam lá. Tinha as casas antigas, as ruas arbor

Dia Mundial do Livro e dos Direitos do Autor

            Existe neste mundo algo melhor que um bom livro? Se existir eu não conheço. Já falei aqui exaustivamente sobre os “poderes mágicos” de um bom romance. E, é claro que um objeto tão valioso como ele teria um dia especial. Em 23 de abril, ontem,  comemorou-se o Dia Mundial do Livro e também dos direitos do autor. Não esqueci da data, pode ter certeza, mas dediquei meu domingo ao “aniversariante”, curtindo uma boa leitura, vivendo outras vidas, fazendo um diálogo com um autor que não conheço pessoalmente (mas é como se conhecesse), com personagens que – no caso deste livro – eu nunca me relacionaria. O livro é vivo quando está aberto e diante de um leitor. Claro que eu não deixaria de falar sobre a data, mas como poderia ter dito nossa querida e criativa cantora Rita Lee em uma de suas músicas: - “Todo dia, é dia de livro”.   Para situar historicamente, a data foi escolhida na XXVIII Conferência Geral da UNESCO , em 1995. Este dia marca o nascimento de grande escritores c

Otelo

          Estou diante de uma tarefa difícil, talvez impossível, de escrever algo digno de um texto com a grandiosidade de Otelo, de William Shakespeare. O que dizer sobre ele? Existe uma forma de uma leitora comum abordar Shakespeare sem ser superficial e repetitiva? Falarei com o coração, com a emoção do leitor que conversa com o outro, compartilhando um pouco da experiência da leitura que ocorreu solitária, ao longo de dias, no sofá, na cama, na praça ou em qualquer outro espaço que permita a intimidade do livro com o leitor. Desnecessário dizer que Shakespeare é um gênio, que seus textos são universais e atuais até os dias de hoje, se me permitem a redundância. Otelo foi uma leitura nova para mim. Por alguma razão, já tinha lido “Sonhos de uma noite de verão”, “A Tempestade”, “Muito Barulho por Nada”, “Romeu e Julieta”, “Contos de Inverno”, mas nunca tinha me atrevido a leitura de Otelo. Motivos? Talvez esta peça precise de um amadurecimento que surge apenas com a idade,

Literatura para quê?

          Você já pensou na função da literatura na vida do ser humano? Já imaginou o que seria do mundo sem a palavra escrita? Eu não consigo imaginar, pelo menos não consigo pensar em nada de bom. Desde os tempos anteriores ao desenvolvimento da escrita, o ser humano já tinha a necessidade de deixar registros, e os primeiros que encontramos são os desenhos nas cavernas. Com o tempo, a propriedade, os animais e as colheitas o ser humano foi desenvolvendo uma forma para deixar registrado o que lhe pertencia, desta forma os primeiros traços da escrita como conhecemos apareceram. Então, a palavra em um suporte seja ele o papel, madeira, gesso, pedra surgiu de uma necessidade, de algo que era intrínseco ao ser humano, e não por superficialidade. Pensando desta forma, chegamos à conclusão de que a Literatura é um direito humano fundamental, assim como o alimento, a segurança, a saúde e a educação. Não se espante com isso. É hábito se pensar nos livros (Vou falar apenas deste tipo d

A Biblioteca de Paris

     Alguns livros nos causam uma impressão tão profunda que fica quase impossível expressar qualquer sentimento ou análise sobre o tema. A Biblioteca de Paris, de Janet Skeslien Charles foi uma destas leituras. Somente hoje consigo compartilhar com vocês. É impactante, é profundo porque é real, porque apesar de ter sido mesclada com ficção, a história dos bibliotecários da BAP (Biblioteca Americana de Paris) é real. Verdadeiros heróis na Segunda Guerra Mundial, os bibliotecários salvaram livros, e dizem que judeus também. Quando Hitler na sua insana sede de poder, tentou destruir a cultura, os livros,   porque sabia que eles fazem pensar, e que uma população que pensa nunca teria deixado uma pessoa como ele tomar o poder, esses bibliotecários escondiam livros, levavam exemplares escondidos para os judeus que eram proibidos de frequentar lugares públicos, arriscavam suas vidas em prol de um ideal. Na narrativa ficcional encontramos duas vozes: Odiles e Lily. Odile é uma jovem b

Chegou a Páscoa!

O Sexta de Prosa de hoje é muito rápido e efusivo. Que você, meu querido leitor e leitora, possa ter um feriado maravilhoso, repleto de todo o  amor que a data evoca. Lembre-se de sorrir, abraçar e compartilhar bons momentos. E, que a simbologia dos ovos remonta a um passado muito antigo, e que eles significam o renascimento. Feliz Páscoa!

O Passeador de Livros

     Vou contar uma pequena história: Estava passeando por uma livraria e, em meio a tantos livros, um deles me chamou a atenção. O nome e a singeleza da capa me atraíram, como um imã, e de repente lá estava eu, com O Passeador de Livros nas mãos. Sabe aqueles livros que são como abraço de mãe, comida da avó, chá com bolinho em uma tarde de chuva? Pois é, Carsten Henn consegue nos trazer todas essas sensações com sua trama inusitada sobre a improvável história da amizade entre um velho livreiro e uma menina de nove anos. Toda a trama se passa em uma pequena cidade na Alemanha. Carl Kollhoff, um velho livreiro, entrega encomendas porta a porta para seus clientes mais que especiais. Na verdade, Carl entrega muito mais que livros, e isso nós vamos descobrindo ao longo da história. Carl caminha pelas pitorescas ruas da cidade, sempre pelo mesmo trajeto, sempre os mesmos clientes, pessoas que individualmente representam uma conexão diferenciada com o mundo. No entanto, tudo muda qua

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