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Mostrando postagens de março, 2024
 

Sonhando a Palestina

Em tempos de polarização de opiniões e de intolerância é importante dizer que este livro é extremamente tendencioso em sua condução da história que se passa em meio ao conflito no Oriente Médio. Nem por isso, deixa de ser uma literatura interessante de ser lida e analisada. A autora Randa Ghazy, filha de egípcios e cidadã italiana, tinha apenas 15 anos quando escreveu esta história, e é espantoso o nível emocional e a profundidade que ela colocou em sua trama. Há uma mescla interessante entre prosa e a poesia empregada pela Randa, que nos momentos de contar a trama usa de uma prosa enxuta, que você percebe nitidamente influenciada pelas notícias na mídia. É uma visão de quem olha de fora, de um pais distante e não vive o conflito. Já nos momentos em que ela precisa passar emoções e sentimentos internos, usa da poesia como recurso. O texto, neste sentido, não está lá para que você compreenda, mas para que você sinta. A trama de Sonhando a Palestina tem como pano de fundo a Inti

O DNA na Escrita

Todos nós nascemos com propósitos em nossas vidas, mas é na família que estas ideias se aprofundam e nos influenciam. No meu caso, meu pai foi o grande influenciador da escrita e a mamãe ensinou a arte das relações humanas e da diplomacia. Meu pai era um vendedor de autopeças, dos bons, daqueles que tinham uma boa conversa, que entendia do que estava falando e também tinha muitos assuntos para “jogar fora” com seus clientes. Era uma pessoa com pouco estudo. Lembro-me dele contando da rigidez dos padres do Colégio Coração de Jesus e a forma como os padres tratavam os alunos naquela época. Meu pai chegou a ser agredido na cabeça com um sino apenas porque tinha pintado o mapa do Brasil de roxo. Outros tempos. Mesmo com pouco estudo ele era uma sumidade. Sabia   muito sobre muitas coisas. Dos continentes e países, do céu, dos planetas, dos jogadores de futebol. Tinha uma paixão pelo povo judeu – que o levava a buscar muitas informações sobre o assunto, ou garimpar livrarias sobre o tem

A Fábula do Cuidador

Se eu pudesse resumir o livro da escritora gaúcha Marilice Costi eu diria que ele é “o cuidado em palavras”, uma terapia delicada que nos leva a um “tratamento” interno movido pela extrema inventividade da autora. No livro, Marilice nos conta a história de Edelvais, uma flor muito sensível, insegura e dependente que andava pálida e cansada de cuidar das estrelinhas. Em dado momento, sente-se atraída por um Cavaleiro que vive preso a contratos e à própria armadura, um homem desgastado e envelhecido pelas escolhas que fez em sua vida. Edelvais, como uma boa flor que era, queria aquele amor, queria juntar mais aquele ser para seus cuidados. Ele, como era de se esperar, queria a liberdade, queria o viver sem compromissos. Ela queria cuidar, ele só se preocupava com ele mesmo. Através desta fábula, Marilice nos apresenta a busca do sentido pela existência, a incompreensão, os desencontros e o processo de autoconhecimento. Valendo-se de recursos da literatura infantil, e também inspi

Ânimo, animus, ani

          Queridos leitores e leitoras do blog, Fiquei afastada todo esse tempo do blog por motivos de saúde, o que me tirou o ânimo e as condições ideais de escrever. A propósito, ânimo é uma palavra que se origina no latim ( Animus ) que significa alma, coragem, mente. E tem mais, este termo do latim “ Ani ” vem do indo-europeu e significa “respirar”. Então, bem de acordo com o significado, a escrita precisa desta alma, desta coragem que vem da mente. Quando não estamos bem, a alma não está bem e consequentemente a escrita não acontece. Foi bom para refletir o quanto a escrita é importante em minha vida, o quando escrever é essencial, como o ar que precisamos respirar para que a vida se espalhe sobre nós. (Olha aí a origem da palavra: Respirar) De onde vem esta necessidade? A resposta para esta pergunta é difícil de responder, porque normalmente não sabemos o motivo de amarmos tanto uma coisa e a outra não. O fato de ser um “ser humano”, e o humano que existe em mim é um

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