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Mostrando postagens de janeiro, 2024

Desejo e Magia

Começei a ano de leituras com duas autoras de peso. Falei sobre Conceição Evaristo na semana passada, que dispensa qualquer comentário de tão conhecido são seus dotes como escritora. Hoje, eu falo da obra de Clície Maria Covizzi Alvarez, uma autora ainda não tão conhecida, mas com talentos que ultrapassam o comum. O Brasil é um celeiro de bons escritores, que infelizmente precisam lutar para colocar sua obra no mercado, bancando a impressão, a divulgação em um mercado editorial de uma complexidade muito grande. São autores extremamente talentosos que lutam contra um mar bravio. Percebo que Clície Maria é uma delas, que em breve estará entre os nomes de sucesso editorial no país. Recordando um pouco. Ano passado vocês viram minha resenha do livro Sonho e Realidade ( veja resenha aqui ), primeiro livro da trilogia A Vida Continua, de Clície Maria. Quem leu a minha resenha sabe do prazer enorme que tive com a leitura e também o talento desta escritora brasileira. No segundo livro d

Como você está colorindo sua vida?

        Queridos leitores e leitoras, convido você a fazer uma viagem comigo, uma viagem pelo mundo incrível das cores. Apertem o cinto e vamos lá: Na vastidão branca e inexorável de uma folha de papel, o lápis de cor se torna um pincel mágico, pronto para dar vida aos sentimentos que habitam nosso coração e nos levar aos lugares mais incríveis e inusitados que podemos imaginar. Cada cor, como uma poesia silenciosa, nos contará uma história única. A caixa se abre e de dentro um vermelho nos chama a atenção. É a cor da paixão que incendeia nossas emoções. Um traço intenso, como um batimento cardíaco acelerado, que nos leva a amar com fervor. É o calor que se espalha quando nos perdemos nos olhos de alguém especial. Você risca no papel e a cor pulsa “Tum-tum, Tum-tum” como um coração ritmado e feliz. Outra cor nos acena, nos convidando a uma viagem mais serena, é o azul do céu no dia mais claro e intenso, que acalma nossos pensamentos, que tranquiliza nosso olhar. E de um risco no

Olhos d’água

Ah! Como é incrível dizer: - Nossa! Eu estava errada, que bom que a vida me abriu os olhos para isso. Pois é, a primeira impressão não é a que fica. O livro “Olhos d’água”, a primeira vista, me parecia muito modismo. Muita gente falando, muitos grupos de leitura debatendo e ninguém dando uma reposta convincente sobre o porquê de tudo isso. No entanto, os acasos e a curiosidade me levaram a leitura. Uma amiga comprou, leu e detestou, mas eu estava sem nenhuma leitura no momento e decidi desvendar o mistério. Posso dizer que Conceição Evaristo está no hall das grandes escritoras, do texto sensível, profundo, tocante. A autora não é descarada, daquelas pessoas que escrevem sobre a desgraça com mãos pesadas pelo ódio, mas Conceição relata as mais tristes e pesarosas histórias com mãos poéticas, com uma beleza que nos abala no mais profundo do seu ser. A menina morta por uma bala perdida na favela não é apenas mais um nome, é uma criança com medos, sonhos desejos que transparecem na

Morte no Internato

Começo este texto com muita tristeza por não ter mais entre nós esta autora tão incrível, que nos presenteou ao longo de sua vida com histórias cativantes que nos envolviam até o último fio de cabelo, muitas vezes nos levando a uma ressaca de livros que durava tempos.   Durante este período nada parecia bom, era como ser tivéssemos perdido pessoas reais e, no entanto, eram personagens que saíram da cabeça genial da autora. Lucinda Riley também era uma pessoa incrível. Nas poucas vezes que ela esteve no Brasil se mostrava gentil e super atenciosa com o público. Eu me lembro que no lançamento do livro As Sete Irmãs, aqui em São Paulo, ela promoveu um bate papo muito gostoso com o público e quando chegou a minha vez de pegar os autógrafos, ela se lembrou espontaneamente dos contatos que tínhamos através das redes sociais. Que memória excepcional. Morte no Internato, lançado este ano pela Editora Arqueiro, atende a todas as expectativas dos leitores-fãs de Lucinda Riley. Estou impressi

O Ser Criador

          Querido leitor e leitora,   Tenho pensado bastante sobre a criação, não no sentido religioso, mas filosófico. Percebo que as culturas através dos tempos também pararam para refletir sobre o assunto. Quando nos posicionamos para criar um livro, um quadro, uma música, um mural e qualquer outra forma artística possível a um ser humano, nos deparamos diante do dilema da criação. Qual seria este dilema? - Tirar de um caos interior algo que tenha um significado, um sentido uma informação. Tudo ao mesmo tempo. Criar é enfrentar o caos, é organizá-lo, é conseguir encontrar o tudo que se encontra dentro do aparentemente nada. Os antigos sempre foram muito bons em retratar isso. Ovídio em seu poema  As Metamorfoses  diz o seguinte:   “Antes que a terra, o mar e o céu tomassem forma, a natureza tinha apenas uma única face, chamada Caos: uma massa crua e desestruturada, um conglomerado de matéria composta por elementos incompatíveis. Nenhum elemento estava em

O Gato que amava livros

Para você compreender realmente  “O Gato que amava livros” , você precisa gostar e conhecer um pouco da cultura japonesa. Não estou falando que é impossível gostar do livro de outra forma, mas com um mergulho na cultura do país, o livro de Sosuke Natsukawa fica mais saboroso. Li muitas bobagens em resenhas internacionais, opiniões que demonstram o total desconhecimento de uma cultura milenar, talvez por isso tomei a decisão de começar a falar sobre cultura antes de tudo. Se você é leitor de Murakami, Ishiguro e outros grandes autores japoneses, não é isso que você vai encontrar em  “O Gato que amava livros” , ao mesmo tempo é o que você verá. Calma que explico. A cultura japonesa é muito rica em metáforas, profunda em filosofia e grandiosa em resiliência. Os jovens respeitam os mais velhos, independentemente da idade que tenham. Tem uma cena muito forte na série da Netflix “Samurai Gourmet” (Falarei sobre ela em outro momento) em que um Chef em seus 40 ou 50 anos maltrata um casa

Encontros e Conexões

No inicio de agosto de 2023 sai para a minha caminhada diária. É um momento gostoso em que alio o bem estar físico com um relaxamento mental. Na maioria das vezes faço 2,5 quilômetros em aproximadamente 30 minutos. Não é uma marca olímpica, sem dúvida, mas a subida puxada da avenida perto de casa compensa o pouco tempo. Não é um lugar arborizado, lindo e reconfortante, mas no meio do caminho tem um espaço que vende plantas. Está sempre florido e passar por lá é muito agradável. Agora será para sempre especial e conto o motivo. Naquele dia, retornava da minha caminhada e ao passar em frente a este espaço uma senhorinha me questiona, assim do nada. - Aqui vende flores? Interrompo a caminhada e respondo que sim. Completo com informações adicionais, toda entusiasmada já que hoje em dia é raro alguém conversar com você na rua. - Aqui tem adubo, terra, vasos, um verdadeiro achado neste pedaço do bairro.   O nome da senhorinha é Massako, como a princesa do Japão. Não sei ao cert
 

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