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Encontros e Conexões

No inicio de agosto de 2023 sai para a minha caminhada diária. É um momento gostoso em que alio o bem estar físico com um relaxamento mental. Na maioria das vezes faço 2,5 quilômetros em aproximadamente 30 minutos. Não é uma marca olímpica, sem dúvida, mas a subida puxada da avenida perto de casa compensa o pouco tempo.

Não é um lugar arborizado, lindo e reconfortante, mas no meio do caminho tem um espaço que vende plantas. Está sempre florido e passar por lá é muito agradável. Agora será para sempre especial e conto o motivo.

Naquele dia, retornava da minha caminhada e ao passar em frente a este espaço uma senhorinha me questiona, assim do nada.

- Aqui vende flores?

Interrompo a caminhada e respondo que sim. Completo com informações adicionais, toda entusiasmada já que hoje em dia é raro alguém conversar com você na rua.

- Aqui tem adubo, terra, vasos, um verdadeiro achado neste pedaço do bairro.

 

O nome da senhorinha é Massako, como a princesa do Japão. Não sei ao certo sua idade, mas por todas as histórias que me contou imagino que já esteja na casa dos 80. Pequena e delicada como uma flor de Sakura. Olhos atentos que mesclavam o brilho e a opacidade, que apenas quem já caminhou 80 anos nesta vida pode apresentar.

Massako começou então a falar sobre Ikebana, a contar-me sobre o significado das diversas alturas dos elementos nesta arte japonesa tão especial. Não preciso nem dizer que ouvia tudo fascinada.

- De onde veio esta mulher tão iluminada, a falar coisas que amo tanto?

Ela me contou que antigamente comprava flores no Ceasa para fazer os arranjos, naquela época não havia muitos lugares para fazer isso. Hoje ela não faz mais Ikebana, mas o brilho nos olhos dela quando fala das flores constroem um jardim a nossa volta, como se fosse magia.

E o papo prosseguiu, com Massako me contando sobre a cultura que aprendeu e passou para os filhos. Sobre os sapatos que não devem entrar dentro da casa, mas devem estar com as pontas viradas para fora para que a pessoa não fique em um posição desrespeitosa para o anfitrião (de bumbum para o alto). Elementos tão sutis da cultura japonesa que denotam o cuidado e o respeito ao próximo.

O português de Massako é perfeito, mas ela conta que ensinou os filhos a falarem o japonês. Enfatizou a importância deles conhecerem suas raízes.

Massako gosta de conversar, é devoradora de livros e ama as caminhadas - e como gosta de caminhar! Ela me contou que estava no Shopping e decidiu enfrentar o “subidão” da avenida para ir até a casa do filho. Pelos meus cálculos ela iria andar uns cinco quilômetros para chegar à casa dele. Mas a expressão de alegria nos olhos e a frase sincera sossegou meu coração.

- Eu vou andando e apreciando o caminho.

O que me encantou foi o acaso do encontro, a conexão que nos envolveu e toda a alegria de poder conversar coma dona Massako que trouxe uma luz especial para o meu dia.

Sei que dificilmente a encontrarei novamente. A magia não acontece tantas vezes quanto gostaríamos, mas confesso que aprendi tanto com aquela senhora naquele momento que o encontro ficará marcado para o resto dos meus dias.

Fico refletindo o quanto é importante os encontros e as conexões. O quanto aprendemos com eles,  a quantidade de modificações que sofremos nestes encontros “casuais”.

Olho em torno e vejo as pessoas fugindo de se relacionarem com as outras. Neste planetinha chamado Terra os “bons dias” trocados entre nós estão escassos. As pessoas passam e não se olham. É uma perda gigante que só traz tristeza.

Nesta nossa Sexta de Prosa gostaria que você, meu leitor, se deixasse fazer mais conexões. Olhasse no rosto das pessoas e ouvisse o que elas têm a dizer. Muitas vezes, você poderá estar tão triste ou com um problema insolúvel, e ao se deparar com o outro uma luz virá a sua mente.

Pense nisso, e aproveite o final de semana para promover muitos encontros e conexões positivas.

Abraços a todos.


Crédito de Imagem: Gerd Altman – Pixabay


Comentários

  1. Leio pouco.
    Mas você me encantou com a simplicidade e conexão desse encontro

    ResponderExcluir
  2. Leio pouco.
    Mas você me encantou com a simplicidade e conexão desse encontro

    ResponderExcluir

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