Ânimo, animus, ani

        Queridos leitores e leitoras do blog,

Fiquei afastada todo esse tempo do blog por motivos de saúde, o que me tirou o ânimo e as condições ideais de escrever. A propósito, ânimo é uma palavra que se origina no latim (Animus) que significa alma, coragem, mente. E tem mais, este termo do latim “Ani” vem do indo-europeu e significa “respirar”.

Então, bem de acordo com o significado, a escrita precisa desta alma, desta coragem que vem da mente. Quando não estamos bem, a alma não está bem e consequentemente a escrita não acontece.

Foi bom para refletir o quanto a escrita é importante em minha vida, o quando escrever é essencial, como o ar que precisamos respirar para que a vida se espalhe sobre nós. (Olha aí a origem da palavra: Respirar)

De onde vem esta necessidade?

A resposta para esta pergunta é difícil de responder, porque normalmente não sabemos o motivo de amarmos tanto uma coisa e a outra não.

O fato de ser um “ser humano”, e o humano que existe em mim é um contador de histórias que traz esta característica no DNA acena como uma boa resposta. Sabe, contamos histórias mesmo quando o ser humano ainda se comunicava com urros, isso se dava através da dança e dos desenhos nas cavernas.

Ouvi dizer outro dia que o Universo existe apenas porque nós existimos e observamos e contamos história. Talvez se o ser humano fosse cego, não teríamos a dimensão do universo, ele não existiria para nós. Já pensou nisso?

Isso nos dá uma perspectiva nova para tudo, porque percebemos que só existe aquilo que enxergamos. Nossa! Como a compreensão dos fatos do mundo se amplia apenas com este olhar! As intolerâncias, as guerras, os preconceitos tudo começa a nos mostrar sua origem: - a cegueira do olhar, não a física, mas é que se refere a extensão deste observar.

Se não ampliarmos a forma como olhamos para as pessoas, as coisas e o universo, tudo ficará tão limitado como uma pequena ilha cujas muralhas não deixam transparecer o infinito oceano que existe além daquele misero pedacinho de terra.

E tudo isso me leva de volta à escrita, ao ato de contar estórias e histórias; ao exercício de sentar-se diante de um teclado de computador, uma folha de papel e exercer a sua humanidade através das palavras.

Novamente retorno ao animus do latim, a alma que precisa estar em equilíbrio para que a conexão se faça entre mente e papel, entre coragem e enredo, entre o amor e a dedicação.

Quando falamos de alma precisamos pensar sempre que ela precisa de um corpo, um veículo que possa praticar as ações, exercitar o cotidiano. Pois bem, a alma pode existir, mas cada um de nós necessita exercitar os dons e as virtudes que possui.

Escrever é fácil, dizia o poeta, pois eu digo que não. A escrita desnuda o nosso interior, nos mostra por inteiro, nos estraçalha durante o processo para que ao final os pedaços formem um novo ser.

Quem tem o habito da escrita sabe que ao final, seja de um simples texto, um poema ou um romance, não será a mesma pessoa. As mudanças são completamente perceptíveis.

É por isso, talvez, que a escrita não está presente quando estamos doentes, quando nosso corpo debilitado não suportaria esta avalanche de sentimentos.

Escrevo agora, queridos leitores, com o mesmo ímpeto que faço sempre, com o mesmo questionamento, com o mesmo amor.

- Isso vai interessar para os meus leitores?

- O que eu escrevo irá auxilia-los a pensar e repensar seu cotidiano?

Sigo sem a resposta, mas confesso que muito feliz por estar aqui novamente, e conseguindo retornar paulatinamente a minha amada escrita.

Bom final de semana, e espero que meu texto possa ter auxiliado em algum ponto de sua vida.

 

Imagem: Soraya Felix