Começo esta postagem me lembrando de um filme icônico, no qual um ex-presidiário, em liberdade condicional, volta a sua cidade natal e lá acaba encontrando a felicidade em uma relação de amizade com uma mãe solteira que, fora das expectativas dele, o trata com bondade e amor.
- Será mesmo que a felicidade mora ao lado?
– Confesso não acreditar muito nisso.
A diversidade de literatura de ficção que
tenho lido ultimamente tem me feito pensar muito no conceito de felicidade e
seus significados. Na Grécia antiga, por exemplo, Sócrates, Platão e Aristóteles tinham suas
opiniões sobre o tema.
O “Conhece
a ti mesmo” de Sócrates, por exemplo, nos leva a uma multiplicidade de análises,
mas que acabam se resumindo em uma única palavra: autoconhecimento.
O ação de nos conhecermos, nos leva a ter atos
e atitudes coerentes com nosso ser, e é obvio que isso nos leva a felicidade. A
compreensão sobre nós mesmos é a melhor alavanca para nos tornamos felizes.
No texto “Apologia de Sócrates”, escrito pelo seu discípulo Platão, ele
descreve o seguinte diálogo:
“Sócrates: [Eu os exorto] a não se importar
por suas pessoas ou suas propriedades mais que pela perfeição de suas almas [...]
pois a virtude não vem da riqueza, mas da virtude vem a riqueza e todas as
outras coisas boas para o homem, tanto para o indivíduo quanto para o Estado”
A incumbência aqui é a de se preocupar
apenas com a sua alma, cultivar as virtudes (Areté em Grego), que a cada época
muda. O que era uma virtude entre os Gregos na época de Péricles não é a mesma
de hoje. Exemplificando, ser guerreiro ou trancafiar uma mulher dentro de aposentos
próprios para elas não é o nosso conceito de felicidade atual (Ainda bem).
Percebemos então que, levando em consideração esta ideia, a felicidade é
mutável e depende única e exclusivamente da época em que vivemos.
Já o discípulo dele, Platão, dizia que a felicidade
era a pratica do bem ético e trazia o conceito de recompensa. Você pratica o bem
e se torna feliz, porque este sentimento é uma recompensa para o que você faz.
Falando um pouco mais sobre os Gregos,
Aristóteles nos trouxe o conceito de ação para a felicidade. Para o filosofo, a
felicidade é conseguir agir da melhor forma entre duas escolhas. Neste caso, a
pessoa toma a melhor atitude entre dois extremos, e nunca cede aos vícios.
Já na concepção Contemporânea de felicidade as ideias são muito diferentes. Felicidade está conectada com a palavra “Ter”. É feliz quem pode ter o smartphone último tipo, o cartão de crédito com um limite alto, uma casa suntuosa, viagens, jantares e tudo o que o dinheiro pode comprar. Coloca a felicidade ao lado. Tinha uma trovinha que vinha dentro daquelas balinhas ardidas verdes que dizia:
“Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos,
Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim; mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde estamos."
Só por curiosidade, este trecho pertence a um belíssimo poema do Vicente de Carvalho.
Então, ser feliz hoje é um contraste tão
grande com os Gregos que nos faz pensar. -
Felicidade é Ser ou é Ter?
Sou muito mais a concepção grega de que a
felicidade está conectada por coisas que não podem ser compradas: ética, a
generosidade, a virtude, o agir. Atitudes que cultivamos independentemente de
onde moramos, da classe social a que pertencemos, do montante que temos no
banco ou de qualquer sinal que indique posição social.
Gosto de pensar que felicidade sempre virá
de dentro para fora, nunca ao contrário e que de certa forma, ser feliz é uma
obrigação de todo ser humano.
Felicidade não é um luxo, não é um
privilégio, ser feliz é uma condição humana, um direito de cada um, garantido,
mas que necessita de uma boa vontade individual para termos.
Como você está cultivando sua felicidade?
O que no cotidiano faz bem para você a
ponto de aumentar seu nível de felicidade?
Você se autoconhece?
E, voltando ao filme A Felicidade Mora ao Lado, afirmo que precisamos mudar urgentemente
esta ideia e substituir pelo “A Felicidade mora dentro de nós”.
Excelente reflexão.
ResponderExcluirSer feliz é um estado de espírito e um posicionamento de vida.
Este texto nos faz pensar no conceito felicidade. Longe de pensar como um filósofo, apenas como um homem que já viveu 72 anos, posso afirmar que a felicidade se resume a momentos. Pode parecer até pessimista minha observação, mas vejam um exemplo de um funcionário que todo dia ele dedica parte da sua vida para uma empresa e isto o deixa feliz, pois está realizando seus sonhos e de sua família até que um dia, a empresa o demite e ele se vê amargurado, sem saber o que fazer. Sua felicidade que era plena, agora não mais existe. Exemplos de momentos felizes são reais, felicidade plena, creio ser impossível. A infelicidade é que nos move em direção de outros momentos felizes.
ResponderExcluirLuis Antonio
Oi Luis, obrigada por comentar. Para você ver como o conceito de felicidade é amplo. Faz pensar.
ExcluirSoraya