“Bilbo Bolseiro era um hobbit que vivia em sua toca de hobbit e nunca saía para aventuras. Finalmente Gandalf, o mago, e seus anões o persuadiram a ir, Foi muito emocionante combater contra gobelins e wargs. Finalmente chegaram à montanha solitária; Smaug, o dragão que a guarda, é morto e após uma espetacular batalha contra os gobelins ele voltou para casa – rico! Esse livro, com a ajuda de mapas, não precisa de nenhuma ilustração é bom e deve agradar a todas as crianças entre 5 e 9 anos.”(1)
Quem diria que este relatório, produzido
por uma criança de 10 anos, decidiu a sorte do manuscrito de Tolkien, e nos
presenteou com uma história incrível que povoa nosso imaginário até os dias de
hoje.
Bem vindo às resenhas de releitura.
Li O Hobbit já tem alguns anos e confesso
que a leitura se perdeu no tempo devido ao fato de ver e rever os três filmes
produzidos e dirigidos por Peter Jackson. De certa forma a imagem havia me
seduzido em detrimento das palavras.
No entanto, este ano surgiu a oportunidade
de reler. Com o livro escolhido para o Clube de Leitura de agosto, eu precisava
ler e fazer anotações sobre a história, para ter perguntas que estimulassem o
bate papo sobre a história.
Que prazer inenarrável! Como o texto do
Tolkien é fluido, a temática leve, uma delícia verdadeira, e bem diferente da
experiência fílmica.
A leitura amadurece ao passar dos anos, ao
passar das centenas de livros que lemos e isso é muito bom.
Eu enxerguei outro Bilbo Bolseiro. Uma pessoa
simples, pequena em tamanho, mas extremamente forte em potenciais. O próprio
Tolkien disse em uma entrevista:
“Os Hobbits são apenas gente rústica
inglesa que criei pequenos em tamanho porque isso reflete o alcance geralmente
pequeno da sua imaginação – não o alcance pequeno da sua coragem ou dos seus
poderes latentes.” (2)
Na trama de O Hobbit você percebe que uma
mensagem de entrelinha nos alerta o tempo todo para dizer que “ninguém é tão
pequeno que não possa fazer algo grandioso”. No filme O Senhor dos Anéis (Não me lembro se frase está no livro),
Gandalf fala com Galadriel e diz que ele acredita que são os pequenos atos do
cotidiano que mantém o mal afastado.
Também acredito nisso. Não são os grandes
feitos que mantêm o mundo em seu eixo, mas os pequenos atos que cada um de nós
fazemos no nosso dia a dia que transformam o planeta. Somos responsáveis pelo
que acontece no mundo todo.
Diz a lenda que Tolkien um dia, em seu
escritório, olhou para o carpete e viu um furo, então ele rabiscou no papel
“Numa toca no chão vivia um hobbit.” Isso ficou guardado durante muitos anos,
porque ele precisava responder a muitas questões como: Quem eram os hobbits?
Porque ele vivia em uma toca? Qual aventura ele faria para valer a pena
escrever uma história?
E o momento surgiu, e Tolkien colocou no
papel toda a experiência de sua infância, não só da imaginação, mas do campo
onde viveu, e criou algo que se anexaria ao mundo de O Silmarillion, que o
autor já trabalhava durante anos.
Confesso que não acredito que O Hobbit seja
um livro infantil em sua essência, mas que traz o imaginário infantil para o
universo adulto, que se utiliza de sua faceta de contador de histórias para nos
trazer mensagens de que “Cada ser humano vale muito se souber usar seu
potencial”.
O Bilbo Bolseiro que de repente se vê em
meio a uma festa inesperada, com sua casa recheada de anões barulhentos e
grosseiros, cresce e larga sua poltrona confortável para ajudar Thorin Escudo
de Carvalho e sua trupe, a conquistar seu lar. No filme tem uma frase que eu
gosto muito e que resume bem como Tolkien construiu seu personagem.
Questionado por Thorin o porque de ele
(Bilbo) ter voltado, o hobbit responde:
“Eu sei que você duvida de mim e tem razão.
Penso muito no bolsão. Sinto falta dos meus livros, da minha poltrona, do meu
jardim. Lá é meu lugar. É o meu lar. Foi por isso que eu voltei. Vocês não têm
um lar, foi tirado de vocês, mas ajudarei a recuperá-lo se eu puder.” (3)
É isso que eu gosto na obra de Tolkien, o
uso da sensibilidade ao expressar personagens que, embora pertencentes ao mundo
da ficção, são tão verdadeiros como você e eu.
Não preciso nem dizer que recomendo, porque
é muito obvio.
Fiz a leitura em uma edição antiga.
Pretendo ler a nova edição, que foi retraduzido de forma a atender ainda mais
as recomendações de Tolkien sobre como traduzir os livros dele. E também está
ricamente ilustrada.
Agora, não importa qual das traduções, leia
O Hobbit, porque este livro faz parte da
categoria de “biblioterapia”.
Você já leu O Hobbit? O que achou? Gostaria
de saber sua opinião sobre o livro.
Leia a primeira resenha de O Hobbit aqui.
Referências:
(1) – Carpenter,
Humphrey. J.R.R. Tolkien uma biografia. Editora Harper Collins. Págs 246 e 247
(2) – Carpenter,
Humphrey. J.R.R. Tolkien uma biografia. Editora Harper Collins. Págs 240 e 241
(3) – Trecho de diálogo do filme O Hobbit,
uma jornada inesperada.
Autor: J.R.R.Tolkien
Tradutor: Almiro Pisetta e
Lenita Maria Rímoli Esteves
Ano
de lançamento:
3º edição 2009 (Brasil)
Editora: Martins Fontes
Gênero: Ficção inglesa
Páginas: 304
Tag: Releitura
Avaliação Prosa Mágica: Clássico
Creio ser esta uma falha no meu currículo de leitor. Nunca li nenhum livro de J.R.R.Tolkien. Até chegue a comprar alguns exemplares para a biblioteca que montei para meu neto e agora, parte dela estão aqui na minha casa, mas nunca me prestei a ler nenhuma das suas obras, mas, em contrapartida, assisti a todos os filmes feitos baseados na obra deste grande escritor, que a exemplo da saga de Harry Potter, também cria um mundo mágico, que na visão dos diretores dos filmes, ficaram fantásticos. Creio que os livros devem superar, como sempre acontece, a magia do cinema. Seu texto está maravilhoso e prometo em breve entrar no mundo mágico desse grande escritor. Abraços. Luis Antonio
ResponderExcluirLuis creio que ainda não tinha chegado seu momento de ler. Tolkien pe muito mais que um mundo mágico, ele é alguém que conseguiu transformar o livro em algo tão vivo, tão real que ao terminar a leitura fica difícil não acreditar que aquilo tudo não aconteceu. Leia, começando por esse da postagem. Você vai gostar. abs
ExcluirMuito interessante. Não li, mas o coloquei na minha lista de futuras leituras. Obrigada pela dica. Chamou-me atenção a reflexão sobre a responsabilidade de cada um de nós, nesta grande roda gigante que é o mundo. Bem reflexiva a prosa de hoje.
ResponderExcluirMagda, obrigada pelo seu comentário. Precisamos mesmo refletir sobre nosso papel neste imenso mundo em que vivemos. bjs
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