Você já reparou que muitas vezes o tempo do relógio parece não corresponder com a nossa percepção de tempo?
Caso tenha observado isso pode ter a certeza que se trata da mais pura verdade. É um paradoxo onde se confrontam duas realidades: a física e a psíquica.
Na realidade física, o tempo corre conforme o relógio, contado em horas, minutos e segundos. Impreterivelmente correndo sempre para frente, em um continuo que não volta e não possibilita mudanças.
Na realidade psíquica ou subjetiva, o tempo é diferente. Não tem marcadores, não tem direção e podemos pular do hoje para o ontem, sem perigo de enlouquecermos.
No tempo subjetivo fazemos a mágica de ressurgir os dias passados com a mesma facilidade que vivemos os que virão no futuro. Quem não vivenciou todos os detalhes de um encontro com alguém desejado, por exemplo, dias antes que ele acontecesse que jogue o primeiro relógio.
Se na realidade física um cronômetro for acionado durante o período em que estamos envolvidos em nossos pensamentos, este paradoxo poderá ser observado. Isso com certeza já aconteceu com você. A sensação de que “aconteceu” muita coisa e o tempo não andou, ou ao contrário, quando vivenciamos uma situação real com prazer, a sensação é que o tempo anda depressa.
Ai vem a pergunta: quem é mais real, o tempo objetivo ou o subjetivo? Você já se questionou sobre isso? Creio que esta questão surpreende tanto quanto a que se faz a alguém que está lendo um livro, sobre o narrador da estória (primeira pessoa? Terceira pessoa limitada? Onisciente?).
É por isso (voltando ao tempo) que muitas vezes, quando corremos no dia a dia para cumprirmos horários, agendas e compromissos devemos nos questionar qual é o valor da escravidão ao relógio.
Não estou dizendo que o relógio é ruim. Ele nos ajuda a organizarmos nossa vidas. Mas, qual é a qualidade que você está oferecendo ao seu tempo subjetivo? Quantas alegrias você deixou de vivenciar por que não tinha tempo para estas coisas?
Quantas vezes você deixou de observar seus filhos crescerem para cumprir agendas monstruosas? Quantos sorrisos, bons dias deixou de dar por estar cansado demais depois de empreender uma maratona contra o tempo.
É preciso dar valor ao seu tempo subjetivo. Cultivá-lo como uma planta. Bons livros, música, papo amigo, família, um álbum de fotografias antigo, jardinagem, ficar sem fazer nada olhando o por do sol, um casal de idosos de mãos dadas, as crianças no playground, sem se dar conta das horas. É bom, tira o estresse, dá vida nova.
Use o tempo real com parcimônia e o subjetivo com sabedoria. Na vida não existe um objeto chamado vira-tempo que nos faz voltar e corrigir tudo o que não fizemos ou o que erramos.
Tempo. Sabendo usar, se multiplica.
Como eu queria ter um vira-tempo viu!
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