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As mulheres do Afeganistão e as nossas


Em uma pesquisa na internet fiquei consternada com o resultado sobre a situação das mulheres que vivem no Afeganistão. Era de se esperar que a vida delas melhorassem após a invasão dos Estados Unidos  que derrubou o desumano regime do Talibã, mas não foi o que aconteceu. Uma parte delas ainda é obrigada por seus maridos a usar a burca, ainda não saem sozinhas de casa, sofrem violência doméstica, não podem trabalhar fora e mais uma série de abusos contra a liberdade humana.
Como se fossem animais raivosos e perigosos, elas vivem trancadas e sem oportunidade de crescimento através do estudo e do trabalho. Tudo isso por que o fanatismo religioso, no caso do Talibã, a sede pelo poder, as reduziu a menos que nada na vida daquele país.
Então, todas nós mulheres podemos pensar o como é bom viver no ocidente, livre destas torturas e da falta de liberdade que nossas irmãs no Afeganistão e outros países da região vivem. Com certeza! Mas, a mulher brasileira também é vitima de discriminação, violência e mais uma série de atos que viola o livre-arbítrio do ser humano.
Parece absurdo, mas quantas de nós já não fomos discriminadas na hora de conseguir uma vaga de emprego por estar na “época da reprodução”? Quantas mulheres perderam seus empregos porque tiveram um filho doente e precisaram faltar? Quantas de nós somos taxadas de preguiçosas e o pior, mentirosas, por passar mal na época da TPM? Quem já não teve o desprazer de descobrir que o seu companheiro de trabalho, que ocupa o mesmo cargo ganha o dobro do seu salário?
E, se não bastasse isto, há mulheres no Brasil, que não podem usar a pílula, que são obrigadas a ter relações sexuais com seus maridos sem preservativos e acabam dando origem a 6, 8 filhos, que não poderão educar da forma correta. Quantas delas apanham de seus maridos bêbados, e não tem coragem de denunciar, por que foram criadas por mães que muitas vezes apanhavam ou que ensinaram para elas que, depois que casadas, tinham que aceitar tudo e obedecer a seu marido.
Quantos laboratórios farmacêuticos fazem testes de drogas para hipertensão, diabetes etc., levando em conta o metabolismo feminino que é completamente diferente do homem?
É triste, muito triste, que em pleno século XXI a mulher continue sendo tratada como um ser inferior, cujo valor atribuído é pequeno, e cuja força de trabalho é desprezada.
Há muito tempo atrás as mulheres queimaram seus soutiens em praça pública em protesto. O que nós deveríamos queimar hoje como protesto? As donas de casa, seus aventais; as crentes, suas saias feias e compridas; as solteiras, suas agendas de possíveis encontros, mas ao invés de poluir ainda mais a atmosfera com as queimadas, as jovens e adolescentes deveriam ser ensinadas que é possível existir com dignidade; que devemos construir nossos caminhos e que o futuro esta em nossas mãos.
A força da mulher no mundo é muito grande, mas os homens, os governos, os patrões, os pais, os irmãos ainda teimam em esconder isso.

Foto: jornal o Globo on line

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