o universo do filme A Origem
Um homem, Dom Cobb, com sua equipe trabalham para entrar no sonho dos outros e roubar informações. Então surge outro homem que os contrata para inserir uma ideia na cabeça de outra pessoa.
Uma história dessas não parece nem um pouco interessante, mas nas mãos de Christopher Nolan, A Origem se transformou em um dos melhores lançamentos dos últimos anos no cinema.
A primeira vista, só pelos trailers, não dá para imaginar o nó que o enredo provoca na mente do público. O que é realidade? Estamos vivendo a hora que acordamos ou na hora que dormimos? Estamos realmente acordados enquanto lemos este post, ou será que é agora que estamos dormindo? Paradoxos como este povoam os 148 minutos de um filme absolutamente genial.
Será que estamos preparados para este realidade?
Na trama muito bem elaborada, Dom Cobb (Leonardo di Caprio) é um especialista em roubar informações secretas na mente das pessoas, através da invasão de seus sonhos, que se vê com a vida destruída quando sua mulher comete suicídio. Exilado de seu país, longe dos filhos se vê diante da proposta tentadora feita por um empresário para entrar no sonho de seu concorrente e inserir um ideia. Se tudo correr bem ele terá novamente uma vida e poderá reencontrar os filhos.
E ai que começa o verdadeiro nó. Para fazer isso Cobb se cerca de uma equipe muito especial, com uma arquiteta capaz de construir verdadeiros labirintos dentro dos sonhos dos outros. É sensacional a cena onde ela distorce o sonho, e a cidade passa a ser como um universo circular.
Os personagens são levados a 4 níveis do sonho, que representam nada mais nada menos que nossos níveis de consciência, já tão estudados. Na verdade, o filme A Origem é um verdadeiro tratado sobre a Teoria dos Sonhos, de Freud.
Além disso, o filme está repleto de metáforas sobre o subconsciente, Cofres, escadas, águas, portas, labirintos. O tempo também é assunto nos filmes. Dez horas de sono equivalem a uma semana dentro do sonho. É incrível!
Outro fato extremamente interessante é a personagem Mal, projeção do pensamento de Cobb, sua mulher morta. Ela sempre aparece nos sonhos dele para destruí-lo. Uma metáfora fortíssima de quanto nós, seres humanos, somos capazes de sabotar nossos sonhos e realizações através de “maus elementos” que estão dentro de nosso cérebro.
Outro fator interessante é as conversa de Cobb com a arquiteta, principalmente quando ele fala a respeito do mecanismo de defesa de nosso cérebro, que ao perceber ideias estranhas, ataca. Outra metáfora importante, que demonstra o quanto lutamos contra ideias novas e por isso, o mundo ainda segue cheio de preconceitos.
Mas, a cidade desconstruída a beira mar que leva a casa e ao apartamento que Cobb e a esposa morta construíram ao longo de sua vida é fantástico. Principalmente se levarmos em conta o quanto somos capazes de construir fantasias e nos perder dentro delas. Elas sempre deixam rastros, que na verdade são as desconstruções de nosso ser representadas habilmente pela cidade da beira mar.
Há tempos o mundo do cinema não respirava algo tão criativo. Apesar da avalanche de bons filmes, a maioria deles se originou em livros. Criatividade única e exclusiva para o cinema estava em baixa com o excesso de violência e clichês. Christopher Nolan veio para nos presentear com a Origem, um filme que leva a reflexão do quanto nossa mente é fantástica, mas absolutamente frágil.
Confesso que passando defronte ao cinema de minha cidade, não me empolguei com o cartaz que anunciava este filme, mas após ler seu comentário, despertou o desejo de assiti-lo. Depois escrevo para dar minha opinião.
ResponderExcluirLuis Antonio