Confesso que nunca li o livro Nosso Lar, na verdade, conhecendo a história pela narrativa de outras pessoas nunca me senti inclinada a uma leitura que, a meu ver, como espírita, não traria nada de interessante exceto um excesso de metáforas. No entanto estou ciente das grandes massas de espíritas que se iniciaram na doutrina após a leitura do livro, o que resulta em pontos extremamente positivos para esta obra.
O tão alardeado filme Nosso Lar do diretor Wagner de Assis, não cumpre o que prometeu em suas inenarráveis entrevistas, trailers e propaganda. O filme possui uma narrativa lenta, arrastada que deixa muitas pontas soltas, entre elas a história do espírito da mulher revoltada que tenta retornar a terra e não consegue.
Falta ação, falta ritmo, falta à fórmula que nos prende como espectador. E, por favor, não digam que um filme com temática espírita não pode ser feito desta forma, pois é claro que pode, e muito.
Nosso Lar é uma narrativa em primeira pessoa, cujo personagem André Luis conta suas aventuras no mundo espiritual após uma morte prematura e não bem aceita por ele. Médico, orgulhoso, sem tempo para a família, para a bondade, André se vê vivo em um Umbral, lugar horrível, onde apesar de morto para o corpo, continua a sentir dor, fome, frio e ser atacado por outros espíritos. Em um momento de desespero suplica pela clemência divina e é ajudado pelos espíritos da cidade Nosso Lar, que o leva para um tratamento em um hospital moderno, onde André é introduzido nas lições de perdão, humildade, amor e dedicação ao próximo.
O cenário futurista é muito bonito. No entanto, quando André é levado a conhecer Nosso Lar através de um ônibus voador, a visão panorâmica da cidade mais parece um desenho que um cenário, propriamente dito. Poderia ter sido melhor.
O filme custou 20 milhões de reais, um orçamento altíssimo para uma produção nacional e merece ser visto, não só pela produção bem acabada, mas pela mensagem e pela proposta de mudança de vida, tão necessárias em um Brasil, que nos últimos oito anos aumentou vertiginosamente a violência, o egoísmo, o medo e a intolerância.
Além disso, há cenas emocionantes como a chegada dos milhares de espíritos que desencarnaram durante a segunda guerra mundial que nos levam a reflexões a respeito da injustiça e da intolerância praticadas nas guerras e conflitos armados.
O diretor apostou acertadamente no desconhecido ator Renato Prieto para fazer o personagem André Luis. Além dele, o elenco conta com Fernandes Alves pinto, Rosane Mulholland, Inez Viana, Rodrigo dos Santos, Werner Schunemann, Clemente Viscaino, Helena Varvaki, Aracy Cardoso, Selma Egrei, Othon Bastos, Ana Rosa, Paulo Goulart, Lu Grimaldi.
Além disso, Nosso Lar contou com a primorosa direção de fotografia de Ueli Steiger, música de Philip Glass e a impecável Intelligente Creatures, empresa canadense, como responsável pelos efeitos especiais.
O filme com todos esses nomes de peso tem uma responsabilidade muito grande que será o retorno de público e financeiro. Mas, eu creio em uma responsabilidade maior, a missão de passar uma mensagem positiva, onde valores há muito esquecidos, possam novamente ser questionados pelos adultos como amor, ajuda ao próximo, perdão, assuntos que já estão sendo fartamente debatidos entre os adolescentes que lotam as salas de cinema para assistir filmes como Crepúsculo e Harry Potter. Realmente, já estava na hora de fazer algo para os adultos. Nosso Lar cumpre a missão.
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