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Inglaterra tem dia nacional da poesia

Fotografia publicada no site do jornal The Guardian - Alamy

No dia 6 de outubro é comemorado o dia nacional da poesia na Grã Bretanha. Algo a ser comemorado duplamente. Em primeiro lugar por que poesia é alimento para a alma e em segundo, pelo fato do país dedicar um dia exclusivo a esta arte tão antiga e divina.
A poesia tem um papel tão importante na Inglaterra, que um de seus principais jornais The Guardian, possui um blog exclusivo, no qual publica poemas de autores em língua inglesa. A procura é tanta que eles acabaram de lançar uma coletânea intitulada “Everyone's Sense of the World Is Invaluable”.
No blog de Poemas, qualquer um pode postar o seu e comentar o dos outros. É uma perfeita troca de informações e cultura que vem crescendo desde o lançamento do Blog. E não há uma tendência nas publicações. Cada um posta o que faz, desde os poemas mais singelos até obras de vanguarda. A iniciativa deu certo e resultou na publicação desta coletânea no dia nacional da poesia.
É algo que gostaríamos de ver acontecer aqui no Brasil, nos sites dos melhores jornais como O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo. Infelizmente, no Brasil a poesia é arte relegada ao segundo plano. Fato que se comprova ao buscar as prateleiras das livrarias com obras nacionais. Quantos são os poetas atuais publicados? Qual é o papel que cada um deles representa no cenário atual da literatura? Qual é o papel da escola na falta de incentivo à leitura de poemas?
Cada vez mais eu avalio as diferenças entre países do chamado Primeiro Mundo e de países como o nosso, Terceiro Mundo, está na forma e no respeito que a educação e a cultura são tratadas. Na Grã Bretanha as tradições são preservadas, como as histórias celtas, dia das fogueiras, mas aliado a isto, a outra cultura, que alguns chamam de superior (não gosto deste termo) é incentivada.
Poesia, literatura, museus, arte é algo que ocupa um patamar de importância primordial. Bem diferente do que acontece aqui, onde este tipo de cultura é taxada e tachada de/como supérflua. Qual é o imposto que pagamos em um ingresso de cinema? No preço final de um livro? Qual é o valor que uma editora precisa pagar de impostos para publicar um título? Quem foi que incluiu bens culturais como “supérfluos”?
Então, um dia nacional da poesia é para ser comemorado. Como? Lendo, recitando, ressuscitando os antigos sarais poéticos. A poesia brasileira é extremamente bela e rica, como Olavo Bilac, Tomas António Gonzaga, Drummond, Vinicius de Morais, dentre outros.
Em uma pequena e singela homenagem a poesia, relembro o filme Sociedade dos Poetas Mortos e do autor John Keats, um dos poetas lidos pelos alunos da massacrante escola secundária.

“Como parece estranho que o homem deva vagar sobre a Terra
E ter uma vida de infortúnios, mas não abandonar
Seu áspero caminho; nem ousar ver sozinho
Sua futura perdição que é despertar.” John Keats



“Ode à Melancolia

I

Não, não, não irás ao Lete, nem misturarás
um acônito, bem enraizado, como poderoso vinho de Proserpina
Não farás teu rosário de bolotas,
nem deixarás o besouro, nem a esfinge da morte ser
Sua pesarosa psique, nem a felpuda coruja
Uma parceira nos mistérios de seus infortúnios
Pois sombra à sombra tornar-se-á demasiado indolente
E afogará a grande angústia da alma” John Keats



A poesia abaixo foi publicada no blog do jornal The Guardian

 
Union Street, Saturday Night and Sunday Morning

By Melton Mowbrav

In her room she takes a slug of Smirnoff
sucks in a Marlboro and blows out a cough,
her adolescent lungs unused so far
to the caustic bite of CO and tar.
So now is the moment to snap the strap,
sit down at the mirror and get on the slap.
Spotkiller, a shot, a dab of foundation,
some blusher, then, a tricky operation,
the complicated work around the eyes
which costs her half-an-hour to synthesise.
Another shot, another quarter-hour,
the straighteners working at fullpower,
she puts on shoes and silver Topshopblouse,
and Carla is ready to leave the house.

Carl stands under the shower's steady stream
his thoughts on types of moisturising cream.
He towels himself dry, then selects a tub
and gives his body an extensive rub.
He sinks a tube of Stella, then a shot
from the gallon of Absolut he got
in Faliraki on his holiday,
then another because it's Saturday.
Then it's the Calvin Kleins, the Firetrap shirt,
the Diesel jeans and a final giant squirt
of deodorant from the tin of Ice.
He checks himself and thinks he looks quite nice.

A minute with the tin of styling wax,
another drink, and then he's making tracks.
Though these two townies never met that night
they saw each other in the savage fight
at the night-club. As the paramedics massed,
she admired his hair: he admired her arse.
And though Carla passed out on someone's lawn,
woken by a snarling dog at dawn,
though Carl was banged up at the station
there was another point of intersection:
in Union Street their pools of vomit lie
venn-diagrammed beneath the morning sky.

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