O anúncio feito pela Nasa, em 2 de dezembro, traz um novo conceito sobre o que é a vida.
Até então, o conceito de vida limitava-se a uma composição restrita de seis elementos químicos – oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, enxofre, fósforo e carbono – uma quantidade muito pequena se levar em consideração uma Tabela Periódica que contem, se não me engano, 118 elementos divididos em dez categorias.
A bactéria encontrada no lago Mono, Califórnia, é o primeiro “ser” com estrutura de vida diferente encontrada pelo ser humano. Mas, o que ele tem de diferente?
Ainda não se sabe por que, mas esta bactéria consegue processar o arsênio (número 33 ma Tabela Periódica – um semi metal), uma substância letal para todas as formas de vida conhecida até hoje.
Uma parte da estrutura de seu DNA possui o arsênio, ao invés do fósforo. Até hoje não se tinha notícia de algo parecido com isso.
Além da descoberta feita pela comunicativa cientista Felisa Wolfe-Simon da Nasa, ser um marco científico para a astrobiologia, suas implicações filosóficas nos faz transpor muito mais barreiras talvez que séculos de questionamento.
Hoje a questão “o que é vida”, já não pode mais ser encarada como antes. Não dá para ser datado nestas questões, pois por mais delirante que seja a pergunta, a base até ontem sempre foi a mesma: organismos que possuíam uma estrutura química semelhante. Agora a pergunta terá que expandir suas bases para outras composições, outras formas de vida nem imaginadas.
Então, esta “quebra de paradigmas” nos transforma. Einstein e Heisenberg, por exemplo, mandaram também seus recados com suas descobertas, o mundo mudou. A criação da Bomba Atômica criou o precedente do homem dominando a natureza. Saímos da história para viver um período de pós-história. Isso se refletiu nas novas pesquisas, no pensamento, nas revoluções, na arte, nos costumes.
Ontem, a cientista Wolfe-Simon afirmou que "Se algo aqui na Terra pode fazer uma coisa tão inesperada, o que mais a vida pode fazer que ainda não vimos? Agora é a hora de descobrir." Então, hoje não somos mais os mesmos.
Quebrou-se mais uma vez um paradigma, e nós seres humanos percebemos o quanto nossa visão de mundo é egoísta; o quanto ainda somos cegos para o mundo que nos cerca.
Quantos seres existem que ainda não enxergamos? Quantas formas de vida? Será esse o motivo por que ainda não encontramos vida fora da Terra? Se ainda não havíamos enxergado o que estava debaixo de nossos narizes, como podemos pensar em outros planetas?
São tantas as perguntas. Mas o correto a dizer é que, uma simples bactéria, com um mícron elemento modificado nos mostra mais uma vez que, a diversidade precisa ser preservada. Se no Planeta Terra descobrimos formas diferentes de vida, por que ainda vamos continuar a ignorar e menosprezar seres humanos que achamos “diferentes”. Os parâmetros mudaram já faz tempo, mas foi preciso que uma bactéria viesse e mostrasse isso para o mundo. Espero que o recado tenha chegado com clareza a cada um.
Veja o vídeo publicado pelo Jornal The Guardian
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