Fico um pouco chocada quando leio algumas críticas apocalípticas em relação ao livro, a literatura e agora as bibliotecas. O site Publishnews publicou um texto com a análise crítica de Mike Shatzkin (Fundador diretor-presidente da consultoria The Idea Logical Co.) intitulado “Será difícil encontrar uma biblioteca pública daqui a 15 anos”.
É obvio que o autor possui alguns argumentos sólidos para defender seu ponto de vistas a respeito do fim das bibliotecas como as conhecemos hoje, mas se nos remetermos a vinte anos atrás, também é possível nos lembrarmos de argumentos tão bem embasados sobre o fim do papel, com o advento do computador.
O fato é que nunca se gastou tanto papel como hoje e, assim como essa previsão não se concretizou, não creio que o fim das bibliotecas aconteça.
Os e-books são um fato incontestável. Dominarão cada vez mais o mercado editorial, mas não creio que se tornem a única opção de leitura para o ser humano. Fato é que as livrarias e bibliotecas estão mais lotadas que nunca, com filas de espera para livros, revistas. O suporte papel ainda é o preferido entre os leitores, e não acredito que isso mude em 15 anos, talvez nem em 50.
A virtualidade, a visão multifocada do jovem, que prioriza o computador, o videogame, não descarta o papel. Um exemplo disso é que as grandes editoras realizam cada vez mais eventos que ficam lotados, com filas gigantescas de adolescentes querendo participar e comprar livros impressos. A Intrínseca com seus mega sucessos Crepúsculo, Sussurros é um exemplo que trabalho bem sucedido.
O que isso significa? Que o livro não está morto e sim, mais vivo que nunca. Então, por que as bibliotecas desapareceriam? Será que teremos uma arremedo do famoso livro e filme Fahrenheit 451, no qual os livros são queimados para que as pessoas não leiam, no nosso caso para que elas comprem tabletes e passem a ler apenas na tela?
É muito difícil imaginar - mesmo para os apaixonados pela tecnologia como eu - que em 15 anos não teremos mais o prazer de ir a uma biblioteca, “degustar” algumas páginas do livro antes de decidir pelo empréstimo.
O que eu tenho certeza é que elas mudarão, assim como nós, como a sociedade e a tecnologia, o formato e o perfil das bibliotecas serão diferentes. Talvez menores em estrutura, especializadas em determinadas áreas, mas totalmente interligadas e disponíveis.
O futuro não é um jogo de exclusão. Pensar desta forma é dialético, algo totalmente ultrapassado na era digital. O futuro é eslético, inclusivo e transformador. Será a soma e não a divisão que comandará nossas vidas; será a tecnologia aliada a formas mais humanas de comunicação que farão parte de nosso cotidiano.
Leremos jornais e revistas semanais em nossos tabletes com certeza, mas ainda desfrutaremos do prazer de ler um bom livro no papel.
O futuro não pertence ao apocalipse.
Foto: Biblioteca Bodleian, Universidade de Oxford. Cenário do livro recem lançado no Brasil, A Descoberta das Bruxas, de Deborah Harkness
Acredito numa interação entre todas as mídias. Então haverá espaço para a convivência conjunta.
ResponderExcluirEu trabalho e gosto do computador, do iphone, do IPad, porém nada substitui o grande prazer de ter uma boa e elaborada edição de livro em papel nas mãos. A interação com o texto e figuras é outra, muito mais intensificada.