Pular para o conteúdo principal

A força de um filme antigo: Bagdad Café

Alguns filmes são eternos, não apenas pela construção de sua trama, mas pela delicadeza, intensidade que alguns temas são tratados. A década de oitenta produziu memoráveis filmes, e Bagda Café (Out of Resenheim), com direção de Percy Adlon é um deles.
Tirado do baú, como o popularmente se costuma dizer, por amiga que me emprestou o DVD, eu senti o prazer de rever não só o filme, mas relembrar um tempo em que frequentava o extinto Cine Belas Artes e saía de lá repleta de ideias para roteiros.
A cena abre e você ouve uma voz estonteante da cantora Jevetta Steele, interpretando a canção “Calling You”.

"A desert road from Vegas to nowhere
Someplace better than where you`ve been
A coffee machine that needs some fixin`
In a little cafe just around the bend."

A letra é um prólogo musical, uma introdução a história do filme.
Jasmin Munchgstettner é uma alemã, que briga com o marido em pleno deserto do Mojave e o abandona, proporcionando uma das cenas mais surrealistas que vi em um filme: - uma mulher, puxando uma mala, andando por uma estrada perdida no nada.
O ponto final desta cena é sua chegada ao posto de gasolina, motel e lanchonete, Bagdad Café, comandado por Brenda, uma mulher que acabou de expulsar o marido de casa, possui um gênio irritadiço e grosseiro.
Jasmim é hostilizada por Brenda. Duas mulheres completamente diferentes, racialmente e culturalmente – pessoas de dois mundos, mas que possuem em comum uma única dor: - o abandono.
Jasmim vai aos poucos conquistando os filhos de Brenda, o pintor Rudi Cox até chegar ao coração da proprietária do lugar.
É assustadora a sujeira, a bagunça e a desorganização. Bagdad Café é um lugar abandonado. Jasmim, no caso, funciona como uma espécie de fada madrinha. Traz a limpeza, a ordem e depois a alegria, através de seus shows de mágica.
É claro que há uma troca cultural. Percebe-se que Jasmim encontra no grupo do Bagdad Café uma família que nunca possuiu, mas que desejou.
A recuperação dos sentimentos das duas mulheres é representada pela reformulação do Café. Cada sentimento pode ser associado a um ato:
- Limpeza, Organização, Consertos, show de mágica, retorno ao caos inicial com a partida de Jasmim, o grande show final que demonstra a plena união entre duas culturas tão diferentes.
O filme vale pela constância da abordagem totalmente humana em um lugar inóspito e sem perspectiva de vida.

Informações Técnicas
Título Original: Out of Rosenheim / Bagdad Cafe
País de Origem: Alemanha Ocidental / EUA
Tempo de Duração: 91 minutos - na versão americana
Ano de Lançamento: 1987
Direção: Percy Adlon

Comentários

As mais vistas

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, assim como o brilhante Robert Langdon, a sua opinião vai se transformando lentamente, e passa de pura revolta a admiração. É genial a manipulação que Dan Brown consegue fazer c

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza que são apresentadas. É um livro em camadas, que pode ser avaliado sobre vários aspectos que se complementam. Pandora, por exemplo, é o

O Símbolo Perdido

Autor: Dan Brown Tradutor:   Fernanda Abreu Editora: Sextante Ano de Lançamento:  2009 Número de páginas:  490 Avaliação do Prosa Mágica: 10 Uau!! Cheguei ao fim com a impressão de ter ficado sem respirar por todas as páginas. O ano mal começou e já tenho um livro para a lista dos mais queridos de 2014. Não é possível que ele seja superado por outro. Você não precisa ser exatamente um amante de simbologia antiga, ou maçom para gostar da história, mas se for com certeza a trama terá mais sabor. Dan Brown desfila através das palavras todo seu talento em “fazer textos” que envolvem, prendem  e deixam marcas. Alias, a palavra é a tônica da trama. Mais uma vez Robert Langdom se mete em uma enrascada. Quando é supostamente chamado por um amigo para dar uma palestra em Washington, acaba descobrindo que foi usado para decodificar um antigo segredo ligado a maçonaria. A Pirâmide Maçônica, material de incontáveis sites e blogs na internet toma vida e as peças que pare

Seguidores