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Antídoto para a falta de inspiração

Às vezes nos esquecemos que para compreender a genialidade literária de um povo é necessário muito mais que a leitura de suas obras, mas a compreensão de sua história. Com a Literatura Inglesa não seria muito diferente.
Estamos tão habituados a ler Shakespeare, Charles Dickens, J.K.Rowling, J.R.R.Tolkien, só para resumir a longa de lista de grandes escritores, que dificilmente nos perguntamos de onde vem tanta inspiração.
Estou em uma fase de pesquisas para o meu próximo livro, e isso inclui muita leitura da história. Pois bem, descobri recentemente uma belíssima publicação chamada “Uma história dos povos de língua inglesa”, de autoria do fabuloso Prêmio Nobel, Winston S. Churchill. Não vou me alongar sobre livro e autor por que o farei em um post após terminar a leitura deste livro.
O fato, no entanto, é que lendo toda a primeira parte da obra, não pude deixar de fazer isto revendo mentalmente cena a cena do épico O Senhor dos Anéis.
A invasão romana, insistente, que chegou a levar elefantes a bordo de precários navios; as invasões dos normandos, dos árabes, dos vikings com seus navios com “nariz” de dragão. Cada detalhe dessas invasões me lembrou um dos exércitos do senhor dos anéis.
Imaginem a surpresa dos britânicos ao ver desembarcar um elefante, um verdadeiro gigante com uma “cobra” na fronte. Quantas histórias, quantos mitos? Não se vê ai os temíveis Olifantes que atacaram Gondor?
E os povos vikings e normandos, com seus grandes navios capazes de embarcar uma tripulação gigantesca. Como será que as pessoas se sentiam naquela época, na qual a Terra Média era a própria ilha, que nestes tempos não era nem Reino Unido, nem Inglaterra e o mal sempre viria do mar?
Não tenho a pretensão de falar sobre literatura inglesa aqui, mesmo por que estou muito longe de compreendê-la da forma como se deve. No entanto, o aprofundamento nas bases históricas deste povo levou-me a uma compreensão do processo criativo muito maior que qualquer livro bestseller intitulado “como ser criativo”.
A escrita é uma amostra de nosso DNA, de nossa genética. Sabemos que em cada gene de nosso corpo está registrado toda a história da humanidade, e particularmente da cultura onde vivemos.
O texto vai além do treino, da persistência e da paciência. A criatividade literária tem muito a ver com quem somos, a parte do mundo a qual pertencemos e as experiências que são tão particulares e tão pessoais.
É por isso que nós escritores e pretendentes a tal precisamos transcender os bancos escolares com suas aulas de histórias insípidas, sem interesse, e partirmos em busca de nossas origens genéticas ou de nossos “corações”.
Nossos fantasmas, monstros, graal, momentos mágicos estão escondidos em algum lugar no passado, nas caravelas, nas peregrinações, na vida dos camponeses, dos escravos, no imaginário dos antigos índios, dos celtas, dos incas. Se você não conhecê-los de forma sistemática como poderá fazer o novo?
Faça um exercício. Imagine se uma sacerdotisa de Apolo viesse para o século XXI. Em quais elementos ela enxergaria seus medos, seus mitos e seus deuses? Pense, reflita e se possível, pesquise para encontrar a resposta. Depois disso, se tiver vontade escreva o que pensou. Pronto, talvez exista ai, neste simples refletir uma boa história.

Fotos e ilustrações tiradas da internet. Infelizmente estavam sem o devido crédito.

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