Não, não é um novo livro que está sendo lançado no mercado nem um plágio da afamada "Crônicas de Gelo e Fogo, do autor George Martim". É apenas o título de uma reflexão que decidi que dividir com meus leitores.
Já é 2012 e nada mudou, não da forma que imaginamos quando nos preparamos arduamente para a passagem da meia noite. Digo isso por que faço parte das pessoas que primam por todos os rigores da data: - roupa branca, uvas na mesa, lentilhas, champanhe, muito barulho e a alegria que ver um marco se renovando. Mas depois dos fogos, o que fica? O que fazemos com aquilo que acreditamos ser novo?
Esta pergunta não quer calar e existe um milhão de respostas para ela, mas refletirei apenas sobre um único aspecto: - o mercado editorial brasileiro para novos autores.
Já começo a reflexão falando de ficção. Sim, por que na verdade o mercado editorial para novos autores não existe, não pelos meios formais e tradicionais que os levarão a novas paragens e quem sabe traduções para o inglês
O novo autor ficará a mercê de um mercado paralelo (positivo e criativo), mas que bate de frente com hábitos e costumes do brasileiro e reduz consideravelmente as possibilidades do autor se firmar e sonhar com vendagens altas. Fenômenos como André Vianco são raros, autores que podem bancar uma tiragem de seu livro com 300 ou 400 páginas e sair por ai vendendo sem pressa não é comum. Quantos anos André Vianco precisou percorrer até chegar a Editora Nova Século e ter o prazer de ver seus livros serem vendidos em lojas físicas, ou com entrega imediata nas lojas virtuais? – Muitos.
Por que será que as grandes editoras não lançam autores estreantes? – Uma resposta plausível é que o trabalho e os gastos serão quintuplicados, já que o texto internacional já vem respaldado pela vendagem em seu país de origem e pela comunicação que já se firmou através da internet e das redes sociais. O fato é que o sucesso é quase garantido.
Um autor nacional daria bem mais trabalho. Talvez não. Hoje, com as redes sociais, mesmo os autores desconhecidos já possuem uma gama de pessoas que possivelmente leriam seu primeiro livro, que estão dispostas a conhecê-lo e divulgá-lo se realmente for bom.
Por outro lado não adianta lançar um autor com uma tiragem de 2000 exemplares, não se você está pensando em galgar altos vôos e quem sabe uma posição humilde na lista dos mais vendidos.
Como diria o personagem de meu último livro (ainda inédito por motivos óbvios) “falta coragem para lançá-los....”. A literatura de ficção está em alta. Cresce cada vez mais com títulos inteligentes, bem escritos e histórias absolutamente envolventes. É impossível que não haja um ou dois escritores brasileiros com esta capacidade, com a trama de um Dan Brown, a magia e a destreza de transformar fatos históricos em fantasia de uma Deborah Harkness ou a capacidade de prender o adolescente como Stephanie Meyer. E vejam, estou falando aqui apenas de bestsellers.
Se não publicarem o nacional, a literatura brasileira irá morrer ou, no mínimo, ficará datada, focada apenas nos escritores do passado – maravilhosos, mas sem conexão com o presente.
Remetendo o leitor ao título do post, “Crônicas de Aço e forja: Depois dos fogos”:
É preciso lembrar que a vida de um escritor é como uma dessas Crônicas da ficção. No principio você está sozinho, enfrentando monstros, tempestades, bruxos malévolos que te paralisam até que chega ao meio da jornada, os originais estão prontos. Depois, é necessário cumprir o trajeto que nos levará a uma livraria. É ai que iremos encontrar o pântano, os fossos sem fundo e a “falsa fada do caminho” que nos conduzirá a outros lugares e nos prenderão para sempre nas catacumbas da obscuridade.
No Brasil de hoje é preciso ser de aço para persistir no sonho e forjar seu próprio caminho. Quem sabe um dia o mago terá a coragem de sair de sua cabana e percorrer o caminho ao lado do escritor brasileiro. Quando uma parceria de confiança e responsabilidade se estabelece, o final será sempre feliz, para ambos os lados.
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