Pular para o conteúdo principal

A última carta de amor

Meus queridos e amados leitores,
Foi muito difícil decidir o tom desta resenha. Em primeiro lugar por que me apaixonei pelo livro, em segundo, por que tudo o que li resenhado sobre a história (depois que fiz a leitura) não chega nem aos pés do que ela realmente trata.
A Última Carta de Amor, de Jojo Moyes (Intrínseca) não é um livro romântico água com açúcar feito única e exclusivamente para nos deleitarmos com as histórias de amor. A trama nos fala sobre os dramas, as incertezas, os desencontros e reencontros que todos nós estamos sujeitos nesta vida.
Quando vi este livro sendo lançado, nada me chamou a atenção. Nem a foto da capa, nem a sinopse e por isso mesmo não tinha lido as resenhas. Mas, como tudo tem sua magia na hora certa, semana passada, na minha livraria predileta, vi o livro exposto e fiquei deslumbrada com a capa e decidi ver do que realmente se tratava. Resultado: Chorei lendo as orelhas do livro.
E, como o livro fala sobre cartas, vamos começar por elas. - Quem de vocês já se colocou plantado ao lado da caixa de carta esperando por uma correspondência muito desejada? Em tempos de e-mail é muito difícil encontrar alguém que tenha a coragem de dizer que já fez isso. Bem, eu fiz, muitas vezes. Quando era uma adolescente ou tinha meus 18 e 19 anos, me correspondia avidamente com amigos, desconhecidos e é claro, amores.
As cartas, muito mais que os e-mails, nos traziam a sensação de segredo, confidencialidade. Eram objetos de desejo, que muitas vezes acabavam trazendo as marcas de nossos sentimentos. Amassados de irritação, manchas de lágrimas e marcas de batom quando elas eram beijadas avidamente. Infelizmente não dá para fazer a mesma coisa com os e-mails.
O grande fio condutor da trama de Jojo Moyes é a correspondência trocada entre dois amantes, Jennifer e Anthony, ao longo de parte de suas vidas. Muito mais que as histórias contadas, as cartas nos remetem as entrelinhas de seus sentimentos, a falsa moral de uma época e ao poder do amor verdadeiro.
Há um vai e vem temporal na história da autora. Um vai e vem que nos causa estranheza no inicio, que nos confunde, mas que constrói um enredo impossível de ser deixado de lado. Você não consegue largar até que chegue ao fim. Fiz um esforço e parei. Quando se respira, quando se vai dormir pensando no que vai acontecer com os personagens, os sentimentos são mais intensos que uma leitura relâmpago do livro. Faça esta experiência.
Jojo Moyes é uma jornalista, e como tal, nos apresenta o essencial, sem excesso, sem brincadeiras verborrágicas para descrever lugares, pessoas, etc. A economia de palavras aumenta o valor de cada uma delas.
A última carta de amor conta a história em dois tempos distintos e integrados. O presente, no qual a jornalista Ellie Haworth amante de um homem casado, com a vida profissional despencando, encontra nos arquivos do jornal onde trabalha uma pasta com cartas de amor endereçadas a J. e assinada por B. É claro que junto as cartas ela encontra o desengonçado e alegre arquivista Rory.
Como uma “tábua de salvação”, Ellie vê nestas cartas a possibilidade de um artigo que a ajude melhorar sua imagem no jornal, mas a cada nova descoberta ela percebe que  a jornada não é de mão única, não é só “descobrir” quem são os protagonistas daquela trama, mas é a própria Ellie se descobrir como ser humano aos 32 anos de idade. Uau! Se fosse só isso já seria um grande livro. Mas não é só.
Nele nós descobrimos as aventuras e desventuras de Jennifer e Anthony, duas pessoas apaixonadas que se desencontram de diversas formas, em um mundo machista, opressor da mulher e cheio de regras para um viver social.
Quando você termina de ler dá uma sensação de quero mais, quero saber o que vai acontecer coma Ellie, como ela irá lidar com seu frágil emocional. Procurei avidamente por um sinal de que a autora escreverá um segundo livro... não achei.
É uma pena que a tradução deste livro, que foi publicado em 2010, tenha chegado só agora ao Brasil.
Leia e depois responda: - O que você faria por um grande amor? Você acredita que sentimentos profundos atravessam anos de nossa vida e nunca morrem? Você escreveria uma carta de amor?

Outros Livros da Autora:
(em português)
Em busca de abrigo (Bertrand Brasil)
A Casa das Mares (Bertrand Brasil)
Baia da Esperança (Bertrand Brasil)

(em inglês)
The Horse Dancer (2009)
Night Music (2008)
Silver Bay (2007)
The Ship of Brides (2006)
The Peacock Emporium (2004)
Foreign Fruit (2003)
Sheltering Rain (2002)
Me Before You (2012)

Comentários

As mais vistas

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, assim como o brilhante Robert Langdon, a sua opinião vai se transformando lentamente, e passa de pura revolta a admiração. É genial a manipulação que Dan Brown consegue fazer c

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza que são apresentadas. É um livro em camadas, que pode ser avaliado sobre vários aspectos que se complementam. Pandora, por exemplo, é o

O Símbolo Perdido

Autor: Dan Brown Tradutor:   Fernanda Abreu Editora: Sextante Ano de Lançamento:  2009 Número de páginas:  490 Avaliação do Prosa Mágica: 10 Uau!! Cheguei ao fim com a impressão de ter ficado sem respirar por todas as páginas. O ano mal começou e já tenho um livro para a lista dos mais queridos de 2014. Não é possível que ele seja superado por outro. Você não precisa ser exatamente um amante de simbologia antiga, ou maçom para gostar da história, mas se for com certeza a trama terá mais sabor. Dan Brown desfila através das palavras todo seu talento em “fazer textos” que envolvem, prendem  e deixam marcas. Alias, a palavra é a tônica da trama. Mais uma vez Robert Langdom se mete em uma enrascada. Quando é supostamente chamado por um amigo para dar uma palestra em Washington, acaba descobrindo que foi usado para decodificar um antigo segredo ligado a maçonaria. A Pirâmide Maçônica, material de incontáveis sites e blogs na internet toma vida e as peças que pare

Seguidores