Não é sempre que um livro me surpreende, não mesmo.
Acostumada a ler, quase sempre é possível traçar uma linha que nos remete a
possíveis acontecimentos na trama. Esse não é o caso de A Casa das Orquídeas,
da escritora irlandesa Lucila Riley.
A trama deste bestseller europeu é tão intrincada, tão
repleta de surpresas que é absolutamente impossível se antecipar aos fatos.
Primeiramente pela forma que o livro foi escrito. Boa parte
dele está em terceira pessoa, com algumas pitadas em primeira pessoa, em momentos
que este narrador é absolutamente necessário. Além disso, A Casa das orquídeas
foi escrito em um vai e vem temporal, que confesso, só havia visto em filmes.
Você começa com o presente e de repente viaja aos primórdios da segunda guerra
mundial. Depois, há uma volta ao presente, necessária, reabastecedora. Então, a
escritora habilmente nos remete de volta ao final da guerra, com foco em um
personagem masculino, que em um crescente nos leva da admiração plena a grande
irritação. É quando Lucinda nos traz ao presente e nos faz vagar entre a
Inglaterra, a França e Bangkok.
É de tirar o fôlego. Quando você acredita que tudo está
resolvido, há uma reviravolta tão grande que te deixa sem ar, sem rumo, tal
qual os personagens que nos conduzem pela história.
Vou tentar fazer um resumo aqui, sem que os spoilers
prejudiquem a leitura de quem se aventurar pela história.
Tudo começa na pequena e maravilhosa Norfolk, Inglaterra, na
qual a personagem Julia, uma pianista talentosa, tenta se recuperar da grande
tragédia que se abateu em sua vida. Lá, amparada pela irmã Alice, Julia é
levada a reviver um passado alegre, na propriedade Wharton Park, dos Crawfords,
local onde seus avós trabalharam e onde Julia passou parte de suas férias
infantis. Lá, um diário é descoberto por Kit, hoje dono da propriedade e dentro
dele todo o segredo que acompanha a família há gerações.
Rebeca Riley nos leva ao passado, nos apresenta Olivia e
Harry com todo o seu drama e angústia; com todo o peso que a segunda guerra
mundial significou para as famílias e com seus estragos irreparáveis e
inevitáveis. Há uma conexão entre eles e Julia, entre eles e Kit, entre todos
eles e a frágil e bela tailandesa Lidia. Você não conseguirá saber tudo da
trama se não ler até o final.
Não dá para detalhar muito o resumo, e agora entendo a
precariedade do material produzido pela editora, por que o mais significaria
atrapalhar todo o suspense da história. As 560 páginas são devoradas sem susto,
rapidamente, por que é impossível parar de ler a história, ela nos prende, nos
fascina.
Agora há dois pontos a serem questionados. Um deles é o nome
do livro, que em inglês é “Flor de Estufa”, uma referência a um dos personagens
chaves da trama e as orquídeas que na Inglaterra, só podem ser cultivadas
dentro de estufas, bem diferente do que fazemos aqui no Brasil. Eu teria optado por Flor de Estufa, mais
adequado a trama, mas em uma breve pesquisa percebi que alguns países também
adotaram o nome A Casa das Orquídeas.
Outro problema, e desta vez considero grave, há um referência
no final da trama a uma doença que o personagem Harry adquire como preso de
guerra. Na história eles se referem a ela como Dengue. Estaria tudo muito bem
se, em uma recaída da doença o médico
não dissesse que o Harry tomaria Quinino. Todo mundo que vive em um país
tropical como o nosso, sabe que dengue não se trata com quinino, mas sim a
malária, que por sinal, pode provocar diversas recaídas ao longo da vida, pois
a doença não tem cura, controle. Não
sei o que aconteceu, mas percebendo que tudo o que está escrito tem uma lógica,
um trabalho de pesquisa, acredito que houve um erro de tradução devido ao fato
da doença ser transmitida pelo mesmo mosquito que transmite a dengue. Seria
muito bom se a Editora Novo Conceito revisasse este ponto.
Tirando estes detalhes, considero a Casa das Orquídeas
como o melhor livro que li este ano.
Recomendo sem medo.
Quando li o livro, imaginei estes lugares:
Wharton Park. A casa é um pouco menor, com certeza, mas é possivel imaginar estes jardins. A foto acima é Sandringham House, onde o rei George VI
nasceu e morreu.
Dá para imaginar a Julia, em Norfolk, desesperada nesta
praia. (O Crédito da foto está inserido na própria foto)
Ramatuelle, na França. Parte da história de Julia se passa aqui.
Vista do Oriental Hotel, em Bangkok. Uma parte fundamental da trama acontece aqui, nestes jardins e mesas.
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