Hoje apresentarei Augusto dos Anjos, o poeta pelo qual meu
pai era apaixonado e do qual tenho uma edição que pertenceu a ele da Editora
Nova Aguilar, de 1994.
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no dia 20 de
abril de 1884 e morreu em 12 de dezembro de 1914. Poeta simbolista, com traços
marcantes do expressionismo, sua poesia nos apresenta uma imagética deveras
assustadora e em determinado ponto cruel.
Suas referências quase sempre falam da desintegração, da
morte, da finitude do ser. Em sua obra, Augusto dos Anjos pareceu vaticinar seu
próprio destino: - Uma vida curta e ceifada pela pneumonia aos 30 anos de
idade.
Transcrevo uma das poesias mais conhecidas e representativas
da obra do autor.
"Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão
e rutilância,
Sofro, desde a
epigênesis da infância,
A influência má dos
signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre
das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!"
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