Em Morte Subita, novo
romance de JK Rowling, a autora definitivamente fechou as páginas de suas
histórias para a magia. Na verdade, não há magia e nem charme neste novo livro
e sim um desfile de pessoas egoistas, mesquinhas, esnobes e recheadas de
preconceito, cujas vidas não interessariam a ninguém se não fosse contada pela
autora de Harry Potter.
Infelizmente, o mundo real
não tem o mesmo charme do fantástico, e JK Rowling não conseguiu brilhar
neste livro que possui uma trama maçante, deprimente e exige um esforço
extraordinário para se chegar ao final.
A história ocorre na bela
cidade de Pagford e narra as consequencias da morte de Barry Fairbrother, um
conselheiro importante, com força política e invejado por um grupo opositor.
O livro tem de todos os
elementos que o tornam vulgar: estupro, suicidio, drogas, sexo, descrições
grotescas e cenas improvaveis de violência domestica. É um livro para adultos,
sem dúvida, um livro para quem sabe compreender este submundo, este lado sombrio
que deixaria até o Lord Voldemore assustado.
A fraqueza humana é tratada de forma tão esmiuçada que você, em
determinadas partes, têm a sensação de estar assistindo a um telejornal B feito
única e exclusivamente para se valer do sensacionalismo.
O ping pong entre as
histórias de seus diversos personagens irrita, confunde e deixa muito a dever
em maestria. Você fica com a impressão que a autora escreveu cada parte
separada e foi encaixando sem a preocupação de uma coerência e coesão entre os
pedaços.
Ao ler o livro tive a
sensação de estar diante de um Big Brother literário, de estar observando a
vida das pessoas através de cameras selecionadas. É como se a autora quisesse
destruir qualquer imagem que o ser humano possa ter de bondade, companheirismo.
Não há o bem e o mal, mas um “ninho” de pessoas cuja única vontade é fofocar.
A história só passa a ter
algum interesse quando as duas facções começam a mostrar suas garras. Quando a
ala preconceituoso, que quer varrer os desvalidos dos arredores, que deseja
acabar com a única clinica para viciados se debate com a ala do falecido, que
deseja de alguma forma promover o bem comum.
Não estou dizendo que
escrever sobre a vida real, sobre personagens do cotidiano é algo ruim ou
indigno. Victor Hugo fez isso, Franz Kafka e outros grandes autores desfilaram
sua galeria de personagens de forma brilhante. JK.Rowling não consegue fazer
isso. O livro precisa de esforço para ser percorrido, precisa de persistência.
O que mais incomoda no livro
é a falta de profundidade que os personagens foram delineados. Você termina o
livro sem os conhecer de verdade, sentindo a falta de “um algo mais”, um pouco
de verdade neles.
Enfim, Morte Súbita foi
decepcionante e está muito longe do talento que a autora nos apresentou ao
escrever os sete livros da saga Harry Potter.
Gostei muito da sua analise. Pena que a divulgação dos blogs sejam muito limitadas, mas sua analise deveria ser publicada na seção de literatura de qualquer grande jornal ou revista de circulação nacional.
ResponderExcluirParabéns,
Luis