Pular para o conteúdo principal

As Violetas de Março


A Violeta-da-madeira (viola paradoxa) é uma flor que nasce sozinha, selvagem e que sobrevive as ervas daninhas, pois floresce entre elas. Assim é As Violetas de Março, de Sarah Jio, um livro que nos encanta exatamente por que nos aponta a beleza que há nas mais difíceis e penosas situações.
A trama deste livro pode ser observada de vários pontos de vista, mas a história de Emily Wilson, uma escritora de sucesso que renega sua escrita é a parte que mais me tocou. Ela nos mostra o como a trajetória solitária de um escritor é recheada de percalços, de dúvidas e que muitas vezes a escrita pode nos causar feridas ou saná-las.
Na verdade, as duas tramas se entrelaçam e você tem a sensação que ao final de tudo Emily fechará seu notebook tendo colocado um ponto final na história que acabou de contar. Às vezes você tem a impressão que Emily é Esther.
Então você percebe que As Violetas de Março é um mergulho psicológico onde a grande questão é o como lidamos com nossos sentimentos, com nossos medos e fantasmas. Além disso, Sarah Jio nos confronta com o peso que o passado pode exercer nos rumos de um presente em construção e nos leva a uma viagem interior, através do processo de cura das feridas que este mesmo passado causou.
Bainbridge Island
A ambientação da história é perfeita. Bainbridge Island é o local ideal para se encontrar um diário perdido, para se esconder segredos, para se começar um novo amor. Fica impossível imaginar tudo isso acontecendo em Nova York, por exemplo.
Fiquei com vontade de conhecer mais sobre a tia de Emily, Bee, uma das protagonistas do passado que tanto atormenta a escritora. Henry também é um personagem forte, mas Jack é alguém que eu gostaria que Sarah Jio tivesse escrito mais sobre ele. Ele aparenta ter segredos que não foram revelados no livro.
Viola Paradoxa
Em 14 de março Jack leva Emily para o local que seu avô costumava levar as garotas e acabam protagonizando uma das mais belas cenas que vi na literatura recente, por que carrega poesia, sentimento, delicadeza e ardor de um amor verdadeiro. Um alívio para quem já está saturado de cenas de sexo bizarro introduzidas pela publicação de Cinquenta Tons. Emily e Jack nos lembram os grandes romances do passado.
Outro detalhe importante a ser lembrado é a convivência que há entre os personagens mais velhos e os jovens, recheadas de respeito, amor e cumplicidade.
Enfim, As Violetas de Março é um livro para ler e reler; para quem gosta de romance e suspense; para quem ama coisas do passado mas adora viver o presente; e para os escritores, que na maioria das vezes se sentem sozinhos nesta jornada sem fim ao universo dos sonhos dos sonhos.
Balsa que os personagens atravessam para ir a Seattle.

Comentários

As mais vistas

Inferno

Autor:  Dan Brown Tradutor: Fabiano Morais e Fernanda Abreu Editora:  Arqueiro Número de páginas:  448 Ano de Lançamento:  2013 (EUA) Avaliação do Prosa Mágica:   9                               Gênio ou Louco? Você termina a leitura de Inferno e continua sem uma resposta para esta pergunta. Dan Brown nos engana, muito, de uma maneira descarada, sem dó de seu leitor, sem nenhuma piedade por sua alma. O autor passa praticamente metade do livro te enganando. Você se sente traído quando descobre tudo, se sente usado, irritado, revoltado. Que é esse Dan Brown que escreveu Inferno??? Nas primeiras duzentas páginas não parece ser o mesmo que escreveu brilhantemente Símbolo Perdido e Código D’Vince.  Mapa do Inferno. Botticelli. Então, quando você descobre que está sendo enganado, assim como o brilhante Robert Langdon, a sua opinião vai se transformando lentamente, e passa de pura revolta a admiração. É genial a manipulação que Dan Brown consegue fazer c

Setembro

Autor:   Rosamund Pilcher Tradução: Angela Nascimento Machado Editora:  Bertrand Brasil Número de páginas: 462 Ano de Lançamento: 1990 Avaliação do Prosa Mágica:   10                         É uma história extremamente envolvente e humana que traça a vida de uma dúzia de personagens. A trama se passa na Escócia, e acontece entre os meses de maio a setembro, tendo como pano de fundo uma festa de aniversário que acontecerá em grande estilo. Violet, que me parece ser a própria Rosamund, costura a relação entre as famílias que fazem parte deste romance. Com destreza e delicadeza, a autora   nos conta o cotidiano destas famílias, coisas comuns como comer, fazer compras, tricô, jardinagem. Problemas pessoais como a necessidade de um trabalho para complementar a   renda e outras preocupações do cotidiano que surpreendem pela beleza que são apresentadas. É um livro em camadas, que pode ser avaliado sobre vários aspectos que se complementam. Pandora, por exemplo, é o

O Símbolo Perdido

Autor: Dan Brown Tradutor:   Fernanda Abreu Editora: Sextante Ano de Lançamento:  2009 Número de páginas:  490 Avaliação do Prosa Mágica: 10 Uau!! Cheguei ao fim com a impressão de ter ficado sem respirar por todas as páginas. O ano mal começou e já tenho um livro para a lista dos mais queridos de 2014. Não é possível que ele seja superado por outro. Você não precisa ser exatamente um amante de simbologia antiga, ou maçom para gostar da história, mas se for com certeza a trama terá mais sabor. Dan Brown desfila através das palavras todo seu talento em “fazer textos” que envolvem, prendem  e deixam marcas. Alias, a palavra é a tônica da trama. Mais uma vez Robert Langdom se mete em uma enrascada. Quando é supostamente chamado por um amigo para dar uma palestra em Washington, acaba descobrindo que foi usado para decodificar um antigo segredo ligado a maçonaria. A Pirâmide Maçônica, material de incontáveis sites e blogs na internet toma vida e as peças que pare

Seguidores