A Violeta-da-madeira (viola paradoxa) é uma flor que nasce
sozinha, selvagem e que sobrevive as ervas daninhas, pois floresce entre elas.
Assim é As Violetas de Março, de Sarah Jio, um livro que nos encanta exatamente
por que nos aponta a beleza que há nas mais difíceis e penosas situações.
A trama deste livro pode ser observada de vários pontos de
vista, mas a história de Emily Wilson, uma escritora de sucesso que renega sua
escrita é a parte que mais me tocou. Ela nos mostra o como a trajetória
solitária de um escritor é recheada de percalços, de dúvidas e que muitas vezes
a escrita pode nos causar feridas ou saná-las.
Na verdade, as duas tramas se entrelaçam e você tem a
sensação que ao final de tudo Emily fechará seu notebook tendo colocado um
ponto final na história que acabou de contar. Às vezes você tem a impressão que
Emily é Esther.
Então você percebe que As Violetas de Março é um mergulho
psicológico onde a grande questão é o como lidamos com nossos sentimentos, com
nossos medos e fantasmas. Além disso, Sarah Jio nos confronta com o peso que o
passado pode exercer nos rumos de um presente em construção e nos leva a uma
viagem interior, através do processo de cura das feridas que este mesmo passado
causou.
Bainbridge Island |
A ambientação da história é perfeita. Bainbridge Island é o
local ideal para se encontrar um diário perdido, para se esconder segredos,
para se começar um novo amor. Fica impossível imaginar tudo isso acontecendo em
Nova York, por exemplo.
Fiquei com vontade de conhecer mais sobre a tia de Emily,
Bee, uma das protagonistas do passado que tanto atormenta a escritora. Henry
também é um personagem forte, mas Jack é alguém que eu gostaria que Sarah Jio
tivesse escrito mais sobre ele. Ele aparenta ter segredos que não foram
revelados no livro.
Viola Paradoxa |
Outro detalhe importante a ser lembrado é a convivência que
há entre os personagens mais velhos e os jovens, recheadas de respeito, amor e
cumplicidade.
Enfim, As Violetas de Março é um livro para ler e reler;
para quem gosta de romance e suspense; para quem ama coisas do passado mas
adora viver o presente; e para os escritores, que na maioria das vezes se
sentem sozinhos nesta jornada sem fim ao universo dos sonhos dos sonhos.
Balsa que os personagens atravessam para ir a Seattle. |
Comentários
Postar um comentário
Obrigada, seu comentário é muito importante.
Caso vá comentar no modo anonimo, por favor assine seu comentário.
Obrigada pela participação.