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Ritual do Espírito Maligno

Autor: Wândria Coelho

Editora: Multifoco

Ano de Lançamento: 2013

Número de Páginas:  122

Literatura Nacional

*Autora estreante


O que eu posso dizer para iniciar nosso bate papo? Bem, posso começar por uma história recente que aconteceu em minha vida. Eu havia acabado de ler um livro nacional horrível, mal escrito, que não passaria de uma crônica se não fosse a teimosia do autor, quando recebi um e-mail da autora Wândria Coelho pedindo autorização para enviar o dela.  Como a indicação do meu nome veio através de uma pessoa muito querida, aceitei, acreditando que mais uma vez leria algo ruim. Grande e delicioso engano.
Wândria, 22 anos, estudante de Ciências Biológicas,  não é uma estreante comum. É um achado. Texto de qualidade, coerente, fluido, sem repetições, erros e com uma boa história para contar, com começo, meio, fim e uma possibilidade de continuação.
A autora consegue colocar em seu livro de estreia todos os elementos que compõe a boa literatura universal, com um “quê” de criatividade, e imensas possibilidades futuras. Tanto é que li Ritual do Espírito Maligno em algumas horas, mesmo estando ele em formato PDF.
A trama foi escrita em primeira pessoa, no formato do diário de um adolescente. Ele conta as aventuras de Rogério Stuart, um garoto de 17 anos (Na trama ele parece um pouco mais novo que isso) e seus dois amigos Roger e Slace, ambos surpreendidos, em um sexta-feira 13, por uma estranho gato que corta a jugular de Slace, e depois se transforma em ser humano. Sem contar que o gato passa a persegui-los.
O grupo de amigos começa a ser vitima de uma série de acontecimentos sobrenaturais, até que procuram por Balthasar, uma espécie de bruxo teórico, que os ajuda a desvendar o mistério e a salvá-los de um ritual macabro que trará um espírito maligno de volta e tirará a vida deles.
Na trama, Rogério se apaixona pela doce Anny, que acaba se envolvendo com os acontecimentos e é a protagonista do epílogo, nos deixando com uma vontade tremenda de saber o que acontecerá com ela.
Contada assim, a estória parece comum, mas não é. Wândria tem a capacidade de prender o leitor na trama de uma forma tão contundente, que fica impossível parar de ler antes do final do livro. Eu chamo isso de “literatura chiclete”. J.K. Rowling consegue fazer isso em Harry Potter, Deborah Harkness em A Descoberta das Bruxas, BecaFitzpatrick em seus dois primeiros livros.
Seu texto é criativo, recheado de reviravoltas e com diálogos suficientes para que você possa mergulhar na trama. Wândria coloca emoção sem excesso de palavras.
Trata-se de Literatura Juvenil de qualidade. Como todos os elementos capazes de prender um garoto de 11 anos, mas com a liberalidade de cativar um adulto de 40.
Wândria me lembrou do autor brasileiro Homero Homem, autor de Menino de Asas, Cabra das Rocas (Traduzido para o italiano), livros que permearam a adolescência de quem viveu este período no final dos anos 70 e inicio dos anos 80. A meu ver, um dos melhores autores de literatura juvenil brasileiro.
A autora é uma grande surpresa neste mar de repetições que surgem todos os dias. Bruxas, vampiros, anjos decaídos acabaram se tornando a motivação para muita gente escrever, mas poucas trazem algo de novo. Wândria conseguiu isso sem uma misera mordiscada, varinhas ou anjos charmosos.
Faço aqui uma previsão de que a autora tem um futuro promissor. Seu texto ainda tem muito para amadurecer, mas quem começa neste nível elevado tem tudo para se tornar um grande nome da literatura. É só trabalhar muito.
Eu mais que recomendo a leitura deste livro. Ele pode ser encontrado no site da Editora Multifoco pelo valor de R$35,00.
Saiba um pouco mais da autora na mini-entrevista abaixo.


PM. Como foi a criação deste livro? Quanto tempo você levou para concluir o projeto?
Wândria. Comecei a escrever aos 15 anos, mas escrevi apenas umas 15 páginas e parei. Sempre que eu tinha uma ideia nova que poderia escrever, eu anotava, mas acabava não escrevendo. O livro (que era um caderno) ficou guardado por 4 anos, foi quando entrei na faculdade e comentei com alguns amigos que eu tinha essas páginas. Pediram-me pra ler e levei o caderno a eles e, para minha surpresa, disseram que era uma história legal e que eu deveria continuar. Sendo assim, acabei incentivada e continuei. Como tinha que estudar pra provas e o curso é integral, escrevia muito pouco e em alguns meses não escrevia nada.
No final de 2012, decidi terminar de vez a história e passei a escrever um capítulo por semana. Terminei o livro em dezembro e corri atrás de editoras pra conseguir publicação!

PM. De onde surgiu a ideia para escrever esta trama?
Wândria.Na época, eu estava de férias e não tinha muito que fazer, então surgiu a ideia de escrever um livro! Logo que pensei nisso, falei pra minha mãe e ela ficou toda empolgada, comprou um caderno pra eu começar e disse que quando eu terminasse, ela levaria numa gráfica pra imprimir alguns exemplares. No fim, acabei tendo a ideia de procurar por editora.
Quando comecei, eu pensava em fazer uma história de terror, porque eu assistia muitos filmes desse gênero e isso me influenciou muito.

PM. Quais são seus autores prediletos? Por quê?
Wândria. J.K. Rowling – com 11 anos, ganhei o primeiro volume de Harry Potter, antes disso eu lia livros que a escola pedia e pegava um ou outro na biblioteca da cidade, mas nenhum conseguiu me envolver tanto quanto Harry Potter, parecia mesmo que toda a magia de Hogwarts era real e me fazia querer mais.
Meg Cabot – li toda a série A Mediadora quando era adolescente e apesar de não ser terror, muitos elementos dessa série me influenciaram ao escrever meu próprio livro.
Sidney Sheldon – cada livro dele que leio, acabo mais surpreendida que o outro, os finais de seus livros são quase sempre impressionantes, é uma narrativa leve e que prende o leitor.
George R. R. Martin – para uma amante de jogos RPG, ler Martin é como entrar no cenário de um jogo, com dragões, seres sobrenaturais, reis, guerras com arco e flecha, espadas, onde até mesmo o seu personagem favorito não está a salvo da morte! Essa mistura de fantasia com realidade, onde a mesquinhez, a inveja, o ódio e toda podridão humana é retratada, torna seus livros surpreendentes!

PM. Você já está trabalhando em outro livro?
Wândria. Comecei a continuação desse meu primeiro livro.

PM. Você pretende seguir a carreira de escritora?
Wândria.Por enquanto não tenho certeza, ainda vou escrever a continuação desse livro publicado e tenho ideias para um próximo, que apesar de não ser continuação, envolverá os mesmos personagens. Até lá, ainda vou me decidir se paro por aí, ou continuo, mas acredito que vou seguir sim essa carreira.

Comentários

  1. Adorei a sua resenha e gostei também bastante da entrevista. Fiquei curiosa sobre o livro e vou procurar mais informações!!
    Beijos
    Camis - Leitora Compulsiva

    ResponderExcluir
  2. Agradeço muito por tudo!! ADOREI!!
    Não tenho nem palavras pra dizer o quanto saber de tudo que escreveu, é importante pra mim!
    Obrigada!

    ResponderExcluir

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