Autor: Robin Hobb
Tradutor: Orlando Moreira
Editora: Leya Brasil
Ano de Lançamento: 2013
Número de páginas: 416
Avaliação Prosa Mágica: 8
Pode até parecer imaginação de escritora, mas é verdade. Boa
parte dos livros que leio tem uma história por trás para contar, e esse não
seria diferente. Inscrevi-me em um evento da Editora Leya Brasil há algum
tempo, e para minha surpresa fui escolhida como participante, e eles me
mandaram este livro para ler. Se eu pensar friamente, ele não teria sido uma
escolha que faria deliberadamente na livraria, mas como sempre, as surpresas
são sempre boas.
O Aprendiz de Assassino foi escrito pela conhecida autora de
livros de fantasia chamada Robin Hobb. Isso mesmo, algo muito parecido a Hobin
Hood, não só no nome, mas na legendária presença e ação deste herói da cultura
Britânica.
O Aprendiz de Assassino não é o que o nome prega, não em sua
essência, mas uma espécie de lenda que conta a história de um menino bastardo
que vive em um reino muito estranho cujas pessoas levam o nome de suas
virtudes, ou defeitos.
O que você pensaria se fosse uma criança que foi abandonada
na porta de um castelo, filho bastardo do príncipe herdeiro, criado nos
estábulos por um homem bom, mas severo, “descoberto” pelo rei aos 10 anos,
atirado de repente em uma vida de estudos, que incluem as técnicas das ervas e
dos assassinatos em nome do rei, e que de repente se vê as voltas com o
ensinamento de uma técnica chamada Talento, um dom que o faz se comunicar com
outras pessoas por pensamento, confundir a mente e mudar o rumo de tudo? E se o
professor desta técnica usasse seus poderes para destituí-lo da vontade de
aprender, por puro ódio e maldade? E se você descobrisse que o irmão do
príncipe herdeiro tramou para matá-lo, mas você se encontra no último instante
de sua própria vida?
É isso que o livro conta, através do diário deste
“assassino”, são essas as emoções, as tramas que FitzCavalaria irá narrar,
mesclando lendas e verdades sobre os Seis Ducados, o Rei Sagaz, Cavalaria,
Veracidade, Majestoso, Bronco, Bobo e Galeno.
Os nomes são estranhos e confesso que dificulta a leitura.
Apesar do aviso no final do livro, que explica o porquê de traduzir os nomes
próprios e os topônimos, eu preferia que eles tivessem sidos mantidos no
original. São nomes que na nossa língua parecem infantis.
A partir da metade do livro mais ou menos, a trama pega um
ritmo alucinante, e você quer chegar ao final para saber o que acontecerá.
A autora tem um poder de descrição de lugares que muitas
vezes nos faz enxergar como se estivéssemos dentro da cabeça dela, como se
fossemos portadores do talento que ela tanto fala.
Por incrível para parece, o livro fala do senso de moral.
Não estranhem. Mesmo falando de assassinos profissionais, treinados para matar
a mando do rei, tanto Breu, o professor de assassinos, como Bronco e
Veracidade, são pessoas que trabalham na cabeça do menino Fitz o sentido do que
é correto ou moralmente errado.
Mais estranho ainda é que nosso aprendiz não comete nenhum
assassinato condenável. O único que lhe foi designado ele rejeita, usando o
aprendizado que teve com Breu, que o orientou em como tomar decisões em
momentos difíceis e definir o que é certo ou errado.
Eu gostei muito de ler esta história. É o primeiro livro de
uma trilogia e agora fiquei curiosa para saber o que vai acontecer.
Alguns personagens assumem um papel importante e de destaque
quando o livro já passou da metade. Veracidade é um deles. No inicio você
imagina que ele não terá nenhum contato com Fitz, mas o tempo vai passando e
você percebe que ele é o único a gostar realmente do menino. O nome demonstra
seu caráter.
Outro fato interessante é que no inicio você imagina que O Aprendiz
de Assassino é um livro adulto, mas ao longo da trama você percebe que um
adolescente pode ler tranquilamente. Mas é claro que estou falando de
adolescente que gostam de livros mais elaborados.
Robin Hobb trouxe-me a lembrança dos livros de Charles
Dickens, especialmente no livro David Copperfield. O que os diferencia os dois
é a magia contida na trama, mas a carga emocional em apresentar um garoto
rejeitado, órfão de pelo menos um dos pais, é algo que emociona.
Se você não for um leitor habitual de fantasia é possível
que goste muito deste livro. Ele não nos remete a nada que tem sido publicado
ultimamente. É diferente, por isso encanta. Tem o charme e a profundidade dos
grandes autores clássicos de literatura inglesa, com a leveza que um livro pede
nos dias de hoje.
Só como curiosidade. Participei do debate sobre este livro
na semana passada, que ocorreu na editora Leya. Fiquei impressionada com a
repercussão do livro e as considerações dos participantes. Um dos temas mais
controversos foi a capa, que para a maioria é muito ruim, apesar de ter uma
forte ligação com a história. O encontro foi divertido, e nos proporcionou uma
oportunidade de conhecer a editora por dentro. É emocionante ver o que está por
traz de cada página que trazemos para a casa. Fomos presenteados com alguns
mimos, entre eles marcadores de página e um belíssimo big botton. Parabéns a
Leya pelo evento que possibilita aos leitores falarem sobre suas opiniões e
visões sobre o que leem e o que compram.
Foto tirada pela Tatiany Leite - Editora Leya |
Foto tirada pela Tatiany Leite - Editora Leya |
Literatura Relacionada
David Copperfield – Charles Dickens
A capa não eh "muito ruim" nada, é linda, cor muito bonita, que parece as vezes azul, as vezes prata, as vezes cinza chumbo.
ResponderExcluirNão sabem apreciar uma boa capa clara e leve.. limpa. Não aqueles muitos de ilustrações pesadas.
Incrível que a maioria tenha achado ruim.
Oi, Soraya.
ResponderExcluirA gente conversou sobre esse livro naquele dia em que nos encontramos e fiquei curiosa.
Ainda não sei se vou me animar a ler, mas a dica está anotada.
beijos
Camis - Leitora Compulsiva