Autor: Marcello
Simoni
Tradutor: Gilson Cesar C. de Sousa
Editora: Jangada
Ano
de Lançamento: 2013
Número
de páginas: 368
Avaliação
Prosa Mágica: 8
“Sabei todos
vós, pesquisadores da sabedoria, que o princípio desta Arte – em virtude da
qual muitos pereceram – é um só, e considerado pelos filósofos o mais poderoso
e sublime entre os elementos. Os tolos desdenham dele como se fosse a coisa
mais vil do mundo. Nós, ao contrário, o veneramos.” Trecho do livro Turba
Philosophorum, XV. Citado em A Biblioteca Perdida do Alquimista, pág.9.
Com
esta citação começa a primeira parte do grande tratado alquímico criado pelo
italiano Marcello Simoni. A Biblioteca Perdida do Alquimista, segundo livro da
trilogia criada pelo autor, é um tratado alquímico em forma de ficção.
Marcello
trouxe de volta o personagem Ignazio de Toledo e seu filho Uberto, e também o
francês Willalme, todos de O Mercador de Livro Malditos, já resenhado neste
blog.
Mais
uma vez Ignazio se vê as voltas com uma trama política que mescla alquimia e
adoração pelo conhecimento. Só que desta vez, ele terá que obrigatoriamente ir
em busca da rainha Branca sequestrada pelo conde de Nigredo e de um antigo e
poderoso livro de alquimia.
A
trama se desenvolve de forma crescente, muitas vezes obrigando o leitor a não
largar o livro até que descubra o que acontecerá com um ou outro personagem. Cada
capítulo, como uma boa novela, tem principio, meio e fim, deixando sempre “cenas
dos próximos capítulos” que nos leva a ler, ler e ler sem parar.
No
entanto, A Biblioteca Perdida do Alquimista não é um livro fácil. Precisa de
atenção, pois está recheado de referências alquímicas importantíssimas para a
trama. De certa forma, Marcello dividiu seu livro nos estágios da alquimia que
na trama está representada de duas formas: - A física e a psicológica.
A
física é o tema principal propriamente dito, e que não convém ser falado aqui
para que a surpresa da história não se revele antes.
A
psicológica, que em primeira linha está associada ao próprio Ignazio. Assim,
Nigredo, Albedo, Citrinitas e Rubedo se inserem na transformação interior do
personagem.
Nigredo
é a dissolução, a putrefação, e isso você percebe em Ignazio no principio da
trama.
Imagem do Turba Philosophorum |
Albedo
é a purificação, representa a lua. E você percebe que nosso personagem se
modifica, se sensibiliza com o desaparecimento do filho, com o drama das
mulheres, as béguines. Neste estágio Ignazio ainda sente dificuldade de mostrar
seus sentimentos.
Depois
você vê Citronitas, a transmutação dos metais. É o momento em que Ignazio está
sempre entre dois opostos e o exemplo maior é quando ele se vê diante da grande
biblioteca perdida e do fogo que a consomirá. Alias, este trecho do livro
pareceu-me um novo processo alquímico dentro do grande processo que é A
Biblioteca Perdida do Alquimista.
E
no final, o pensamento dele em relação à família e o abraço fraternal com Willalme,
que representam, sem dúvida, o Rubedo, a Pedra Filosofal.
Outro
encantamento que Marcello Simoni usa é a mistura de fatos reais com fantasia. A
maioria dos personagens existiu mesmo. Padres, rainhas, freis e todas as
situações como raptos e tramas políticas podem ser comprovadas em um livro de
história. O mesmo acontece com os livros de alquimia citados, inclusive o Turba
Philosophorum. Então, com esta carga de verdade, fica impossível não acreditar
na trama, não mergulhar no medievo.
Mélusine, de Jean D'arras 1393 |
A
Biblioteca Perdida do Alquimista me surpreendeu, pela maestria e criatividade
que a história foi conduzida, mesmo que o final possa ser desvendado muitos
capítulos antes. Eu só vi o tema
alquimia ser tratado com tanto conhecimento e força no livro da historiadora da
ciência Deborah Harkness.
A
Biblioteca Perdida do Alquimista é um livro independente e pode ser lido mesmo
que você não conheça O Mercador de Livros Malditos. Mas, se quiser aproveitar
melhor a história, lei o primeiro livro antes. Há mais sabor quando se conhece
o personagem principal.
Livros do
Autor
O
Mercador de Livros Malditos
Il
labirinto ai confini del mondo (Ainda não traduzido)
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